Crise do SVB consolida bitcoin como alternativa de investimento global

Criptomoeda opera em alta e reacende proposta de refúgio nas tempestades do mercado financeiro

lustração: Marcelo Andreguetti
lustração: Marcelo Andreguetti

Em outubro de 2007, David Einhorn, CEO da Greenhorn Capital, subiu ao palco do Graham & Dodd Investing Breakfast para fazer um discurso sobre a crise do mercado de crédito que havia abalado o mundo financeiro.

Durante o evento, ele disse: “O que mais me choca na recente crise do mercado de crédito é como o mundo está tentando voltar aos negócios como de costume. Na minha opinião, a crise não foi um acidente. Não tivemos azar. A crise ocorreu porque houve muitas práticas e ideias ruins”.

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Comparativamente, quando analisamos o evento do SVB, podemos puxar erros que datam dos tempos da pandemia, com a impressão de dinheiro desenfreada – jogando a conta para o futuro.

O detalhe, no entanto, é que ela já chegou. Os juros no mundo inteiro aumentaram, seguindo o movimento do FED.

O impacto no aumento da taxa de juros afeta, sobretudo, o investidor da renda fixa norte-americana, cujos títulos foram depreciados no curto prazo.

Nesse sentido, o colapso do banco pode ser atribuído, em termos práticos, às altas taxas de juros implementadas pelo governo dos EUA.

Durante o período de 2020 a fevereiro deste ano, a taxa de juros nos EUA subiu de 0,25% para 4,75% – medida adotada pelo Banco Central americano com o objetivo de conter a inflação.

No entanto, o aumento tornou o crédito mais caro, o que resultou na escassez de investidores dispostos a aportar capital em empresas e soluções de tecnologia por meio de venture capital.

Bancos em dívida

Em resumo, pode-se afirmar que o banco ficou sem liquidez, ou seja, não havia mais entradas de dinheiro suficientes para justificar a continuidade de suas operações, nem saídas disponíveis para manter suas operações.

Considere uma situação em que um banco está devendo aos seus clientes uma quantia exorbitante de US$ 20 bilhões, porém, possuindo somente US$ 10 bilhões em seu caixa. Nesse cenário, surge um grande problema de dívida que pode impactar negativamente a confiança dos investidores no banco.

No entanto, o mesmo não ocorre com o bitcoin (BTC). Quando você detém uma unidade de BTC, você a possui integralmente, sem a criação de dívidas ou outras obrigações financeiras. Isso ocorre devido à natureza descentralizada do criptoativo, que não está vinculada a nenhuma entidade centralizada que possa gerar dívidas ou passivos financeiros.

BTC na contramão do mercado

Essa característica única do bitcoin proporciona uma sensação de segurança e transparência para os usuários, uma vez que suas posses são completamente suas e não estão sujeitas a fatores externos, como a saúde financeira de instituições como o SVB.

Dessa forma, o mercado de criptomoedas tem experimentado uma onda de valorização nas últimas 24 horas da data de redação deste artigo na terça-feira (14), com o bitcoin liderando o movimento em alta.

De acordo com dados do CoinGecko, a maior criptomoeda do mercado apresentou seu melhor desempenho em nove meses, registrando uma valorização de 14,4% e sendo cotada a US$ 25.969.

Esse aumento de preço é significativo, já que o ativo ultrapassou uma importante marca de resistência que não era superada desde junho de 2022.

A alta tem sido impulsionada pela divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos Estados Unidos, que mostrou uma desaceleração da inflação no país em fevereiro, caindo de 6,4% para 6%.

Embora o resultado esteja dentro das expectativas do mercado, o fato de ter havido uma leve desaceleração em relação ao mês anterior trouxe um certo alívio aos investidores.

Capitalização do mercado cripto

Como consequência, o mercado cripto como um todo registrou um aumento de 13,3% em sua capitalização total, superando a marca de US$ 1 trilhão.

Nesse cenário, a segunda maior criptomoeda do mercado, o Ether, também apresentou um aumento significativo, subindo 9% e sendo cotado a US$ 1.741.

Os números indicam que o ecossistema de criptoativos continua atraindo a atenção dos investidores, especialmente em um contexto de incertezas econômicas e inflacionárias.

O bitcoin, em particular, cada vez mais se consolida como uma alternativa viável de investimento em um cenário de crescente desconfiança em relação aos sistemas financeiros tradicionais.

Embora seja impossível prever se o valor do bitcoin e outras criptomoedas seguirá uma tendência de valorização ainda mais forte do que a vista no início deste ano, é inegável que os ativos digitais se apresentem como um porto seguro em meio às turbulências do mercado financeiro tradicional.

Obrigado, Satoshi!

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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