É possível investir R$ 1 milhão e viver de renda?
Especialista faz as contas e diz que essa grana garante, sim, uma boa renda mensal; mas atenção: a inflação pode comer parte dos seus ganhos
Viver de renda é um grande sonho para muitos brasileiros. Poder deixar o dinheiro trabalhar para você e curtir o merecido descanso. A primeira dificuldade é juntar essa grana, e depois saber o que fazer com ela. Por exemplo, como investir R$ 1 milhão e viver de renda? Esse montante é suficiente para realizar esse sonho? Para responder a essas perguntas, a Inteligência Financeira conversou com Victor Marques, planejador financeiro CFP, certificado pela Planejar.
Com R$ 1 milhão dá para viver de renda?
Antes de responder se dá para viver de renda com R$ 1 milhão, a primeira pergunta é saber qual renda se almeja. Enquanto você decide um valor que satisfaça suas necessidades, Victor Marques calculou quanto, aproximadamente, você pode esperar de retorno.
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Ao longo do período em que você vai viver de renda, os indicadores econômicos e de mercado vão oscilar, mas podemos estimar quanto, aproximadamente, deve se receber de um investimento do tipo.
Victor trabalhou com a ideia de perpetuidade real, o que vai durar para sempre descontada a inflação. Portanto, o que apenas o R$ 1 milhão investidos, sem novos aportes e descontando a alta dos preços, pode te proporcionar por mês.
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“Esses dados alteram com frequência, mas um bom número para se considerar é 10% de juros ao ano menos 4% de inflação, o que daria cerca de 6% ao ano. Podemos aproximar que isso representa cerca de 0,5% ao mês”.
Ou seja: uma renda extra mensal de 0,5% de R$ 1 milhão, o que é igual a R$ 5.000 mensais. Aqui estamos falando em ganho real, já descontada a oscilação pela inflação.
Como investir R$ 1 milhão e viver de renda?
O especialista explica que a carteira ideal para perseguir os 10% ao ano de rentabilidade vai depender do perfil de cada pessoa. “É importante compreender o perfil do investidor para que cada classe de ativos, bem como o nível de risco assumido, não traga desconforto”, diz Victor Marques.
De forma geral, é importante que uma parte considerável da carteira esteja em ativos de renda fixa, como CDB; LCI e LCA; e títulos de crédito privado. Caso o investidor possua um pouco mais de apetite a riscos, pondera o planejador financeiro, ele pode optar por alternativas na renda variável, como ações, FIIs e ativos no exterior.
No entanto, se o seu objetivo for mesmo de ficar com os pés para cima e não se dedicar a manejar esses investimentos, a melhor alternativa pode ser a de terceirizar esse trabalho. “Caso o investidor seja inexperiente ou não tenha tempo de cuidar do patrimônio, os valores podem ser aplicados em fundos de investimentos, nos quais um gestor profissional cuidará dessa alocação”, explica o especialista.
Abaixo, uma alocação padrão elaborada por Victor Marques. Assim, você pode visualizar uma possível divisão do valor que tem para investir. No entanto, importante reforçar que a melhor alocação é sempre aquela que se adequa ao seu perfil de investidor e objetivos.
Classe | Ativo | Percentual | Valor |
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic, CDB, LCI/LCA, crédito privado | 30% | R$ 300;000 |
Renda fixa prefixada | Tesouro prefixado, CDB, LCI/LCA, crédito privado | 10% | R$ 100.000 |
Renda fixa inflação | Tesouro IPCA+, CDB, LCI/LCA, crédito privado | 20% | R$ 200.000 |
Multimercado | Fundos multimercados | 15% | R$ 150.000 |
Renda variável FII | Fundos imobiliários | 10% | R$ 100.000 |
Renda variável ação | Ações | 10% | R$ 100.000 |
Internacional | RF e RV através de ETFs e fundos de investimento | 5% | R$ 50.000 |
Quanto rende R$ 1 milhão no Tesouro Direto
Se o objetivo for viver de renda, o Tesouro Direto oferece o Tesouro RendA+, criado para ser fonte de renda extra na aposentadoria. No entanto, para que o dinheiro se multiplique e você receba a renda mensal é necessário aguardar algum tempo para ver a grana cair na conta.
Uma alternativa é investir no Tesouro Renda+ 2030. Daqui 7 sete anos, com um aporte inicial de R$ 1 milhão, você terá uma renda mensal de cerca de R$ 9.500, de acordo com simulação feita na plataforma oficial do Tesouro.
No entanto, é importante frisar que a renda extra paga pelo Tesouro Nacional não é eterna. No Tesouro Renda+ você recebe os pagamentos por 20 anos depois da data de conversão do título.
Uma alternativa para passar a ver o dinheiro já render é o Tesouro Selic, que tem uma rentabilidade igual à da taxa básica de juros, hoje em 12,75% ao ano. No entanto, as retiradas implicam em desconto de imposto de renda, que parte de 22,5% nos primeiros 180 dias e chega 15% após 720 dias.
Para que você visualizar o que isso representa, se você deixar esse dinheiro investido por um ano a essa taxa e resgatá-lo após os 12 meses, terá um rentabilidade líquida de cerca de 10,20%, o que equivale a R$ 102 mil.
Quanto rende R$ 1 milhão no CDB
O CDB tem rentabilidade que pode acompanhar o CDI, a inflação ou uma taxa pré-fixada. O CDI acompanha a Selic, geralmente ficando cerca de 0,10 p.p. abaixo da taxa básica.
Portanto, um CDB de liquidez diária, que renda 100% do CDI, tem um rendimento hoje de aproximadamente 12,65% ao ano. O CDB está sujeito às mesmas regras de tributação do Tesouro Direto.
Se o mesmo R$ 1 milhão for investido nesse produto, com um prazo de um ano e de acordo com a taxa atual, terá rendimento líquido de cerca de 10,12%. Isto equivale a R$ 101.200 no prazo de 12 meses.