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Caso Binance: como a saída do chefão da corretora pode mexer com o mercado cripto?
10 anos: esse é o tempo que Changpeng Zhao (ou CZ), ex-CEO da Binance, maior corretora de criptos (exchange) do mundo, pode pegar de prisão pelo crime de violação da Lei de Sigilo Bancário do qual se declarou culpado na semana passada. No dia 21 de novembro o executivo renunciou ao cargo e a empresa concordou em pagar uma multa de mais de US$ 4 bilhões.
O que aconteceu com a Binance?
Em junho deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission ou SEC, na sigla em inglês) já havia denunciado a Binance por manipular indevidamente os fundos dos clientes, além de mentir para reguladores e investidores.
No processo, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos alega que a corretora permitiu que clientes de países sancionados pelos EUA movimentassem fundos de cripto ilegalmente. “A Binance fez vista grossa às suas obrigações legais na busca pelo lucro. As suas falhas intencionais permitiram que o dinheiro fluísse para terroristas, cibercriminosos e abusadores de crianças através da sua plataforma”, disse o órgão.
Zhao se declarou culpado das acusações e concordou em pagar uma multa de US$ 50 milhões. “Como acionista e ex-CEO com conhecimento histórico de nossa empresa, ficarei disponível para consultas conforme necessário, de forma consistente com a estrutura estabelecida em nossas resoluções de agências dos EUA”, disse em sua conta do Twitter. Richard Teng, ex-chefe global de mercados regionais da Binance, assumiu o cargo de CEO.
Caso da Binance mostra uma fragilidade do mercado?
Em nota, a Binance afirmou que “reconhece a responsabilidade da empresa por violações históricas de conformidade criminal”. Além disso, disse estar de acordo com o Departamento de Justiça. “Isso permite que a Binance vire a página num capítulo desafiante, mas transformador, de aprendizagem e crescimento”.
Na visão de Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, o caso não demonstra uma fragilidade do mercado, pelo contrário. “A recente saída de CZ do cargo de CEO da Binance e a admissão de culpa são claros indicativos de que a arbitragem regulatória e a mera simulação de conformidade não serão mais toleradas, especialmente nos Estados Unidos”, reforça.
De acordo com ele, este movimento sugere uma tendência que pode ser adotada globalmente, incluindo no Brasil, onde a regulação cripto pelo Banco Central está em evolução.
“Importante destacar também que a Binance enfrenta um processo administrativo sancionador na CVM, e o relatório final da CPI das Pirâmides Financeiras sugeriu o indiciamento do próprio CZ e outros três executivos por envolvimento em diversos crimes financeiros”, ressalta.
Bitcoin no patamar mais alto
Em um primeiro momento, o caso da Binance parece ter causado um efeito positivo no mercado. Isso porque o bitcoin atingiu seu patamar mais alto do ano na última sexta (24), valendo US$ 38.349. Em entrevista ao Valor Econômico, André Franco, chefe do Research do Mercado Bitcoin (MB), afirmou que a visão do investidor é de otimismo.
“A gente visualiza que os preços, se não estão oscilando muito, mas pelo menos estão buscando novos patamares. É bem provável que até o final do ano vejamos preços mais altos do que estão agora. Quem sabe em US$ 40 mil ou até mais que esse patamar”, disse. Porém, nesta segunda-feira, tanto o bitcoin como o ethereum recuaram, sendo negociados a cerca de US$ 36 e US$ 1.993 respectivamente.
Enquanto o mercado acompanha o desenrolar da história, Fabricio também mantém uma visão otimista – principalmente na questão regulatória. “A tendência é um afastamento cada vez mais rápido e definitivo de criminosos como CZ do universo cripto, à medida que a indústria se esforça para promover práticas mais éticas e transparentes”.
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