Temporada de balanços 4T2022: acompanhe na IF os resultados e previsões

Confira as análises sobre os balanços do quarto trimestre de 2022

Ilustração: Marcelo Andreguetti
Ilustração: Marcelo Andreguetti

As empresas que operam na bolsa de valores de São Paulo começaram na quinta, 26 de janeiro, a divulgar seus balanços. Dessa forma, serão divulgados os números referentes ao quarto trimestre (4T2022) com publicações e conferências que se estendem até o mês abril.

A primeira da lista foi a Cielo. Em seguida, o destaque vai para o setor bancário, com algumas empresas publicando seus números na segunda semana de fevereiro.

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O segmento financeiro, um dos mais aguardados, deve chamar ainda mais a atenção dos investidores por conta da sua participação na crise da Americanas, com os gigantes do setor sendo credores da varejista em recuperação judicial.

Na esteira deste caso, destaque também para o varejo, que terá atenção redobradas dos investidores, interessados em entender melhor o balanço das companhias do setor para se protegerem de imprevistos como o registrado no caso da Americanas.

Ainda que as empresas do setor tenham tentado se antecipar e explicar como atuam com relação a risco sacado e relacionamento com os fornecedores, o investidor ainda tem muitas perguntas sobre o atual momento.

Calendário de balanços 4T2022 e links para os resultados

EmpresaTickerDataResultadoSetor
CieloCIEL326 de janeiroVeja no conteúdoFinanceiro
Santander BrasilSANB112 de fevereiroVeja no conteúdoFinanceiro
Itaú UnibancoITUB47 de fevereiroVeja no conteúdoFinanceiro
KlabinKLBN118 de fevereiroVeja no conteúdoPapel e Celulose
BradescoBBDC49 de fevereiroVeja no conteúdoFinanceiro
MultiplanMULT39 de fevereiroVeja no conteúdoShopping center
BTG PactualBPAC1113 de fevereiroVeja no conteúdoFinanceiro
Banco do BrasilBBAS313 de fevereiroApós fechamentoFinanceiro
WEGWEGE315 de fevereiroAntes da aberturaEquipamentos Industriais
AssaíASAI315 de fevereiroApós fechamentoVarejo
CCRCCRO315 de fevereiroApós fechamentoEstradas/Aeroportos
RumoRAIL315 de fevereiroApós fechamentoFerrovias
VivoVIVT315 de fevereiroApós fechamentoTelecom
UltraparUGPA315 de fevereiroApós fechamentoÓleo e gás
AzulAZUL416 de fevereiroAntes da aberturaAviação
Lojas RennerLREN316 de fevereiroApós fechamentoVarejo Moda
ValeVALE316 de fevereiroApós fechamentoMineração
MinervaBEEF323 de fevereiroApós fechamentoProteína animal
IraniRANI324 de fevereiroAntes da aberturaPapel e Celulose
GPAPCAR327 de fevereiroApós fechamentoVarejo
BRFBRFS328 de fevereiroApós fechamentoProteína animal
CosanCSAN328 de fevereiroApós fechamentoCombustíveis/Agro
SuzanoSUZB328 de fevereiroApós fechamentoPapel e Celulose
GerdauGGBR41 de marçoAntes da aberturaSiderurgia
MarfrigMRFG31 de marçoApós fechamentoProteína animal
PetrobrasPETR41 de marçoApós fechamentoÓleo e gás
AmbevABEV32 de marçoAntes da aberturaBebidas
GolGOLL42 de marçoAntes da aberturaAviação
BraskemBRKM58 de marçoApós fechamentoPetroquímico
CSNCSNA38 de marçoApós fechamentoSiderurgia
Magazine LuizaMGLU39 de marçoApós fechamentoVarejo
MRV EngenhariaMRVE38 de marçoApós fechamentoConstrução civil
ViaVIIA39 de marçoApós fechamentoVarejo
EmbraerEMBR310 de marçoAntes da aberturaaeroespacial
NaturaNTCO313 de marçoApós fechamentocosméticos
EletrobrasELET313 de marçoApós fechamentoEnergia
YDUQSYDUQ315 de marçoApós fechamentoEducação
CemigCMIG416 de marçoApós fechamentoEnergia
CyrelaCYRE316 de marçoApós fechamentoConstrução civil
JBSJBSS321 de marçoApós fechamentoProteína animal
CognaCOGN323 de marçoApós fechamentoEducação
AmericanasAMER329 de marçoApós fechamentoVarejo

Os resultados foram atualizados em 10 de fevereiro de 2023

Bancos: Itaú é destaque e concorrentes sofrem com Americanas

O Itaú (ITUB4) reportou lucro líquido recorrente de R$ 7,66 bilhões no quarto trimestre do ano passado. O resultado veio mesmo com um reforço na Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PDD) por causa da Americanas, o que gerou impacto de R$ 719 milhões no resultado recorrente da companhia.

Com o resultado, as ações disparam na bolsa em pregão com movimentação na casa dos bilhões e máxima de quase 10% no valor dos ativos.  

Por outro lado, o Bradesco (BBDC4; BBDC3) apresentou queda de 21,1% nos lucros na comparação com o ano anterior. O resultado ficou abaixo da média das projeções dos analistas consultados pelo Valor Econômico, parceiro da Inteligência Financeira, que apontava ganho de R$ 4,105 bilhões.

O principal motivo – mas não o único – para esse tombo foi o provisionamento de 100% das potenciais perdas com um calote da Americanas. O mercado avalia que a varejista deve R$ 4,8 bilhões ao banco.

Já o Santander (SANB11) comunicou que teve lucro gerencial de R$ 1,689 bilhão no 4º trimestre de 2022, queda anual de 56,5%. O resultado ficou abaixo das projeções coletadas pelo Valor, que previam ganho de R$ 2,605 bilhões no período.

O banco informou que as despesas foram impactadas por um evento subsequente no segmento de atacado – sem citar nominalmente a Americanas.

Usiminas tem prejuízo ‘esperado’

A Usiminas (USIM5; USIM3) reportou prejuízo de R$ 839 milhões no 4T22, ante lucro de R$ 609 milhões no mesmo intervalo do ano anterior.

Apesar dos resultados fracos no quarto trimestre, o desempenho veio dentro do esperado, em linha com a deterioração nos fundamentos do setor de siderurgia, diz o Citi em relatório.

“O resultado de US$ 50 por tonelada de aço é o menor desde 2020, mas já era esperado, com pressão de custos que devem se aliviar ao longo do ano”, comenta o banco.

Multiplan

A Multiplan (MULT3) registrou lucro líquido de R$ 239 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), um crescimento de 11,9% em relação ao mesmo período de 2021, informou a operadora de shoppings nesta quinta-feira (9).

Administradora de shoppings de elite explica que desempenho foi impulsionado pelo aumento nas receitas líquidas, queda na linha de depreciações e amortizações

“Enquanto a companhia quebra seus próprios recordes, também conquistou market share na própria indústria — aumentando a participação de suas vendas no mercado de 8,5% em 2019 para 10,4% em 2022, provando a importância da qualidade”, diz a empresa no relatório de resultados.

Cielo

A Cielo (CIEL3) obteve lucro líquido recorrente de R$ 490,1 milhões no quarto trimestre de 2022, uma alta de 63,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado superou as projeções dos analistas ouvidos pela Inteligência Financeira.

O lucro contábil, por sua vez, ficou em R$ 328 milhões, queda de 2,6% na mesma comparação.

No ano, o resultado ficou positivo em R$ 1,480 bilhão, avanço de 78,6% sobre 2021.

Tim

Os resultados do quarto trimestre da TIM Brasil (TIMS3) vieram em linha com as estimativas, com lucro líquido surpreendendo do lado positivo e a receita de serviço dentro do previsto, ajudada pela consolidação da Oi Móvel, diz o BTG pactual, em relatório. 

No acumulado do ano de 2022, o lucro da companhia foi de R$ 1,67 bilhão, um recuo de 43,5% em base anual, enquanto a receita líquida no entre janeiro e dezembro cresceu 19,2%, totalizando R$ 21,53 bilhões.

Citi e BTG viram os resultados como positivos, embora haja alertas sobre a sustentabilidade dos resultados em 2023, depois que os ganhos com a compra da Oi já estiverem zerados. Altos investimentos feitos pela empresa também preocupam.

Previsões de especialistas dos balanços do 4T2022

Estas análises foram publicadas em 26 de janeiro de 2023

Bancos: BTG e BB no radar

O setor bancário ainda deve sofrer novos impactos do caso Americanas . Neste caso, BTG (BPAC11) pode apresentar problemas, já que está entre os maiores credores da Americanas, com dívidas de R$ 4,5 bilhões e R$ 3,5 bilhões, respectivamente.

De forma geral, o setor bancário pode sofrer com o aprofundamento do endividamento das famílias e as limitações relacionadas ao crédito.

Nesse cenário, o único destaque, deve ser o Banco do Brasil (BBAS3), que pode ter balanço impulsionado pelos bons resultados do agronegócio brasileiro, do qual o banco é grande credor.

O BB também é credor das Americanas, mas o débito é menor que o registrado com concorrentes, de R$ 1,3 bilhão.

Varejo: inadimplência e baixas vendas

Do lado negativo, o varejo deve apresentar resultados menos alvissareiros por conta, principalmente, da alta da inadimplência no Brasil, e da crise da Americanas (AMER3), que traz desconfiança para todo o setor, diz Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP.

Inflação muito alta comprometeu o orçamento disponível das famílias para gastos relacionados a consumo supérfluo, que afeta principalmente as varejistas de bens de consumo duráveis, como eletroeletrônicos e moda.

“Já antes do escândalo da Americanas, o varejo tinha apresentado resultados não tão bons. Existia uma expectativa pós-pandemia, com Black Friday e festas de final de ano que não se concretizou. Por isso, os números talvez não sejam tão bons quanto se esperava”, avalia Claudia.

Além disso, o caso Americanas deve jogar mais holofotes sobre os números do setor, e levantar questionamentos que antes não era tão comuns com relação aos balanços das varejistas. “Vai estar todo mundo em cima para ver como as empresas vão reportar os números sobre contas de fornecedores e risco sacado”, diz.

Para analistas do Citi, o Magazine Luiza (MGLU3) deve ser o principal beneficiado pela crise da concorrente, com a empresa tendo um aumento no seu volume de mercadorias negociadas (GMV) de 18% em 2023. O número se baseia apenas em vendas na internet.

Os analistas dizem que ainda é difícil mensurar a distribuição do mercado no varejo físico com a crise da Americanas.

Shoppings com resultados robustos

Os shoppings brasileiros devem apresentar resultados robustos no quarto trimestre, avalia o Santander.

Os analistas Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni escrevem, em relatório, que a Iguatemi é o nome preferido do setor, seguido de perto pela Multiplan, devido ao forte portfólio de ativos e ampla exposição a indivíduos de alto patrimônio líquido, que são tipicamente anticíclicos durante períodos de fraca atividade econômica, além de fluxo de caixa forte.

Eles preveem para Iguatemi receita líquida de R$ 315,7 milhões no quarto trimestre, alta de 21,8% em base anual, e queda de 3,25 pontos percentuais na margem Ebitda, para 64,6%. A Multiplan deve reportar receita de R$ 563,8 milhões no trimestre, alta de 10,15 em base anual, com avanço na margem Ebitda para 72,6%, com diluição de despesas.

Já a Aliansce Sonae (ALSO3) deve reportar lucro pro forma após a fusão com a BR Malls e crescimento de Ebitda superior a 17% em base anual, impulsionado principalmente por remoção adicional de descontos de aluguel, expansão robusta das receitas de mídia e uma base mais fraca de comparação, com o quarto trimestre de 2021 afetado por despesas da descontinuação da operação do Delivery Center.

Com relação a outras operadoras de propriedades comerciais, a Log CP deve reportar um trimestre misto, com os resultados ainda pressionados pela alta alavancagem financeira e consequentemente maiores despesas financeiras líquidas, dizem os analistas.

A BR Properties (BRPR3), por sua vez, deve reportar fluxo de caixa de operações ajustado de R$ 52,5 milhões, alta de 509% no ano, com receitas financeiras mais fortes sobre sua posição de caixa líquido e correções monetárias sobre recebíveis que estão relacionados à transação com a Brookfield.

Por fim, os analistas afirmam que os resultados da HBR Realty (HBRE3) podem ser impactado positivamente por entregas contínuas de área bruta locável no segmento ComVem, reajustes de contratos pela inflação e menores despesas financeiras líquidas.

O Santander tem recomendação de compra para as ações da Iguatemi, com preço-alvo de R$ 30, potencial de alta de 55% ante o valor negociado no momento na B3. Para Multiplan, a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 32, potencial de alta de 37%. Para Aliansce Sonae a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 27, potencial de alta de 51,4%.

O banco tem recomendação de compra para Log CP, com preço-alvo de R$ 22, potencial de alta de 29,9%; recomendação neutra para BR Properties, com preço-alvo de R$ 7,50, potencial de alta de 24,2%, e recomendação neutra para HBR Realty, com preço-alvo de R$ 4,6, potencial de alta de 4,5%.

Fast Food: Zamp pode retomar pagamento de dividendos

O setor de restaurantes “fast food” deve continuar a ter crescimento robusto no Brasil, com sua proposta de valor em meio às incertezas macroeconômicas impulsionando ganhos de mercado, diz o Santander.

Os analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata escrevem que iniciativas de gestão de receitas e racionalização de custos devem manter preços de Zamp (ZAMP3), controladora do Burger King e Popeyes no Brasil, e Arcos Dorados (ARCO), dona da operação brasileira do McDonald’s.

“Reiteramos Zamp como nossa principal escolha no setor, com a empresa chegando a um momento de virada nas suas operações, com expansão de margens e geração de fluxo de caixa livre, reduzindo alavancagem”, comentam.

O banco pondera que a Zamp pode retomar pagamento de dividendos neste ano, mesmo com processo de expansão de lojas, por conta da boa geração de fluxo de caixa e expansão de margens.

A Arcos Dorados deve manter resultados positivos no Brasil, com manutenção de crescimento nas vendas e nas margens, mas sem gatilhos importantes. O acordo de franquia com o McDonald’s termina em 2024 e as negociações devem tomar atenção dos investidores, pontuam.

O Santander tem recomendação de compra para Zamp, com preço-alvo em R$ 13. Há pouco, as ações tinham alta de 1,61%, cotadas em R$ 5,04.

Commodities, agro e combustíveis

Outro destaque positivo é o setor de commodities, que experimentaram um cenário internacional mais promissor, “com destaque para mineração, que entregou resultados mais fortes, e as empresas que exportam para a China devem trazer ainda uma boa perspectiva para este ano”, afirma Fernando Bresciani, analista desinvestimento do AndBank.

Para Felipe Cima, operador renda variável da Manchester Investimentos, as petroleiras devem seguir apresentando bons resultados, com destaque para 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRenconcavo (RECV3).

Ele destaca que o setor sucroalcooleiro ainda é um mistério, mas diz que a Eneva (ENEV3) deve ser acompanhada de perto.

O setor ainda deve sofrer com a desoneração dos combustíveis e que, para o investidor pessoa física, “a dica é não se aventurar no segmento, por enquanto”.

Cima diz ainda que pode haver alguma surpresa positiva com empresas como Brasil Agro (AGRO3), SLC Agrícola (SLCE3) e outras do agronegócio, que podem já ter registrado algum resultado mais interessante diante da abertura da China.

“Essas são empresas pouco consideradas pelos fundos por conta do seu tamanho, mas podem ser boas opções para os investidores pessoa física, mas é aconselhável entender bem a dinâmica do setor”, explica.

Heitor Martins, especialista em renda variável da Nexgen Capital, também conta com os bons resultados da China para impulsionar o balanço das empresas relacionadas a commodities, em especial, petróleo e minério.

“Vejo um bom resultado para Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) com reabertura econômica da China, que fez minério e petróleo subirem bem. Essas empresas devem vir com bons números de receita, margem e lucro”, explica Martins.

Mineradoras e siderúrgicas

As empresas que atuam no segmento de materiais básicos devem apresentar resultados diferenciados no quarto trimestre, com números positivos para mineração e papeleiras, mas fracos para siderúrgicas, diz a XP.

Os analistas André Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm escrevem que mineradoras devem ter resultados mais fortes, impulsionados pela recuperação nos preços do minério de ferro e maior produção.

Já as siderúrgicas devem ser impactadas por menores volumes e preços de venda, além de custos ainda elevados. A demanda por aço, tanto doméstica quanto da China, deve ser alvo de questionamentos durante as teleconferências.

Nos últimos 12 meses, a Vale (VALE3) valorizou mais de 38% na bolsa com o cenário favorável para o minério de ferro. A CSN Mineração (CMIN3) também teve resultado positivo, mas abaixo da inflação: 5,09%.

No ano de 2022 até o final de janeiro de 2023, a CSN (CSNA3) tinha caído quase 2%. As ordinárias da Gerdau (GGBR3) subiram muito discretamente, 0,6%, e as preferenciais (GGBR4) caíram 0,64%. A Usiminas (USIM5) subiu de R$ 7,93 para R$ 8,36 no período.

As empresas de papel e celulose, por sua vez, devem ter resultados positivos, puxados pela resiliência nos preços da celulose. Os preços realizados devem se manter elevados, mas volumes devem cair e custo por tonelada aumentarem.

“Para papel e embalagens, esperamos preços e volumes resilientes e custos-caixa estáveis”, comentam. Olhando para frente, as atenções estarão voltaras para os preços da commodity.

Papel

As ações da Suzano (SUZB3) caíram ao longo de 2022 e no começo de 2023, do patamar de R$ 49,98 para R$ 46,77 no fechamento da quarta-feira, 25 de janeiro. Os papéis da Klabin (KLBN4) também caíram, de R$ R$ 4,01 para R$ 3,87.

Alumínio

Em empresas de alumínio, os preços do metal continuaram caindo ao longo do trimestre, mesmo altos preços de energia e baixos estoques, o que deve enfraquecer os resultados. A CBA (CBAV3) valorizou ao nos últimos 12 meses, passando de R$ 10,90 no começo do ano passado para R$ 12,64 no fechamento do dia 25 de janeiro de 2023.

Meios de pagamento: foco deixa de ser o lucro líquido

De volta ao setor financeiro, a Cielo (CIEL3) é a primeira empresa a apresentar resultados. Segundo, Felipe Cima, analista da Manchester Investimentos, a empresa pode animar o mercado.

“A Cielo pode ser um caso interessante, já que a empresa parou de perder margem, recuperou um pouco de mercado e conseguiu estabilizar a sua atividade depois de o mercado ter precificando que a empresa iria falir, mas ela ainda consegue dar bons lucros”, afirma.

Ele destaca que Stone e PagSeguro, concorrentes da Cielo, erram ao tentar partir para o crédito, e que pode servir de lição para a Cielo, que pode seguir dando bons resultados se seguir focada em meios de pagamento.

“A tônica do balanço dessa rodada de resultados vai ser muito mais voltado a alavancagem, custo de dívida, e ganho de mercado do que em lucro líquido. Se a empresa sobrevive num mercado com ciclo ruim, como é o caso da Cielo, é provável que num ciclo bom ela consiga lucrar mais”, avalia.

Indústria e construção: mercados agitados

A expectativa de aumento dos gastos públicos coloca a indústria e a construção em estado de agitação, pois os setores costumam ser beneficiados pelo aumento dos investimentos do estado brasileiro.

Porém, o balanço do final de 2022 ainda deve contemplar um cenário menos favorável para ambos, segundo os analistas.

“Existe a perspectiva de melhora dos resultados nesses segmentos, mas não necessariamente no balanço de 2022. Deve ter uma recuperação melhor daqui em diante, de fato, se tivermos retomada de crescimento, emprego melhor e crescimento de renda do brasileiro, o que deve se refletir em aumento da demanda”, explica Claudia Yoshinaga, da FGV.

Felipe Cima, da Manchester, concorda. Ele se refere especialmente a construtoras e incorporadoras e diz que essas empresas ainda não estão no seu momento.

“Elas devem demorar um pouco mais para engatar. Para o caso de MRV (MRVE3), talvez demore ainda um pouco mais. A pessoa física deveria ficar longe desse setor agora porque vai ser bem complicado entender cada balanço para fazer a melhor escolha de onde investir nesse setor”, alerta.

Companhias aéreas devem crescer

O mercado brasileiro de aviação pode apresentar resultados positivos por conta do aumento das vendas ao longo de todo o ano de 2022, quando o número de passagens aéreas emitidas saltou 31,4% na comparação com 2021, segundo Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O salto com relação ao primeiro ano da pandemia é ainda maior, crescimento de 81,8%, mas ainda abaixo do registrado em 2019, antes dos impactos da covid-19.

Já nos voos internacionais, foram registrados 15,6 milhões de passageiros pagos — um salto de 226% em relação aos números de 2021 e de 131% em relação a 2020.

O número representa queda de 64,7% do registrado em 2019.

A movimentação total do ano de 2022, tanto em passageiros de voos domésticos quanto internacionais, é a maior registrada desde 2020, ano de início da pandemia de covid-19.

Considerando a operação doméstica, a Latam, que opera na bolsa de Santiago, no Chile, foi a aérea que mais transportou passageiros em 2022, com 36,5% da demanda (medida em RPK).

A Gol (GOLL4) ficou com 33,7% e a Azul (AZUL4), 29,3%.

Apenas no mês de dezembro foram registrados 7,69 milhões de passageiros no mercado doméstico, redução de 0,9% em comparação a 7,76 milhões em dezembro de 2021. Já nos voos internacionais, foram registrados 1,62 milhões de passageiros pagos, aumento de 62% na comparação com o mesmo mês de 2021, com 1 milhão.

Telecomunicações: gigantes devem ir bem, regionais, nem tanto

TIM Brasil (TIMS3) e Telefônica Brasil (VIVT3) devem apresentar resultados do quarto trimestre mais robustos, refletindo um cenário competitivo mais racional em meio à consolidação do mercado com a aquisição da Oi Móvel, diz a XP.

Os analistas Bernardo Guttmann e Marco Nardini escrevem que as duas empresas estão conseguindo fazer aumentos de preços e mantendo a saída de clientes sob controle. Destacam também que as empresas se beneficiarão de efeitos tributários positivos.

Sobre a TIM Brasil, a corretora afirma que a dinâmica do trimestre deve ser similar ao período encerrado em setembro, com as receitas de serviço móvel mantendo um ritmo robusto de crescimento.

A dona da Vivo também deve ter bons resultados financeiros no quarto trimestre, refletindo bons resultados operacionais contínuos, mantendo saldo positivo de adições líquidas no pós-pago.

Já as operadoras regionais de internet Brisanet (BRIT3), Unifique (FIQE3) e Desktop (DESK3) enfrentam um cenário macroeconômico mais desafiador, além de uma competição mais acirrada com grandes empresas, o que impactou negativamente as adições líquidas.

Dentre as três, a Brisanet deve ser o destaque positivo, com expansão de margens e mantendo adição líquida de novos assinantes por conta de sua posição de destaque no mercado do Nordeste.

Desktop deve ter continuidade na adição de assinantes, impulsionada pelas aquisições recentes e estratégia de expansão orgânica.

Já a Unifique deve ter resultados mais desafiadores, com ritmo de expansão mais lento na sua base.

Bens de capital

Marcopolo, WEG (WEG3) e Embraer (EMBR3) devem apresentar resultados positivos de quarto trimestre no setor de bens de capital, diz a XP.

No lado contrário, Iochpe-Maxion (MYPK3) e Aeris (AERI3) devem ter números pressionados.

Os analistas Lucas Laghi e Pedro Bruno escrevem que a fabricante de ônibus será beneficiada por um desempenho robusto de produção e um patamar de preços mais forte, com implicações positivas para a melhoria da receita e da lucratividade.

A Embraer deve ter margens mais fortes no quarto trimestre, mesmo com entregas e receitas perto do piso das metas para 2022, melhorando suas perspectivas de rentabilidade para o ano atual.

A WEG (WEG3) vai manter as boas tendências de resultados observadas nos trimestres anteriores, aponta a corretora, com mercados externos contribuindo para o aumento sequencial de receita e bom desempenho dos negócios de energia.

Do lado contrário, a Iochpe-Maxion deve ter melhoria sequencial na margem nos resultados de quarto trimestre, mas volumes e preços mais baixos, prejudicado por sazonalidade negativa, devem pressionar seu lucro.

A Aeris deve ter continuidade nos problemas de produção que vinham prejudicando a companhia nos últimos períodos, reduzindo volumes, levando a um desempenho negativo no quarto trimestre e deixando o resultado consolidado de 2022 abaixo das metas.

Transporte e logística: crescimento da atividade comercial

Vamos (VAMO3), Localiza (RENT3) e JSL devem ter os melhores resultados no setor de transportes durante o quarto trimestre, com continuidade do bom momento operacional apresentado durante o terceiro trimestre, diz a XP.

Os analistas Pedro Bruno, Lucas Laghi e Matheus Sant’anna escrevem que, do lado negativo, Santos Brasil, Movida e Rumo devem ter resultados abaixo do esperado no período encerrado em dezembro.

A Vamos (VAMO3) e a JSL (JSLG3) devem ter bom resultado operacional, impulsionada pela forte atividade comercial, mesmo com baixa temporada de assinatura de contratos, o que deve sustentar margens mesmo com alto desembolso de capital.

No caso da Localiza (, a empresa também deve ter um quarto trimestre positivo, com forte atividade na compra de carros, consolidando seu posicionamento de mercado vantajoso, comentam.

Do lado contrário, a dinâmica de mercado do setor de aluguel de veículos devem continuar a pressionar Movida, com depreciação crescendo além do patamar já elevado no terceiro trimestre.

A Rumo, impactada por desempenho tarifário sazonalmente fraco e redução nos volumes transportados no último trimestre de 2022, também deve ter resultados abaixo do esperado, mas ainda assim, substancialmente melhores do que os de 2021.

A Santos Brasil, também será pressionada por volumes mais fracos na movimentação de contêineres, uma vez que a demanda por bens duráveis desacelerou e os navios da China chegaram com taxas de utilização mais baixas.

Colaboração de Allan Ravagnani


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