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Para Stuhlberger, Xavier e Jakurski, Selic vai subir em setembro, mesmo que Campos Neto diga o contrário
No mesmo dia e local em que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que a Selic não vai subir na próxima reunião do Copom, em meados de setembro, três dos mais tradicionais gestores do mercado financeiro afirmaram que esperam, justamente, pelo contrário.
André Jakurski, fundador da JGP, Luis Stuhlberger, da Verde, e Rogério Xavier, que lidera a SPX, disseram nesta terça-feira (20) que todos os movimentos da economia indicam – e pedem – para uma subida na taxa de juros.
Dessa maneira, eles participaram de evento realizado pelo banco BTG, em São Paulo, e foram entrevistados por André Esteves, um dos fundadores e atual chairman do banco.
Copom vai aumentar a Selic
Segundo os gestores, o Copom vai aumentar a Selic, basicamente, por dois motivos. Primeiro, porque os fundamentos da economia pedem por uma esticada da Selic. E, segundo, porque Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC e principal cotado para assumir o cargo, tem de enviar um sinal de credibilidade para os investidores.
“Eu acho que é uma oportunidade imperdível de puxar (para cima) os juros”, afirmou Rogério Xavier.
Para o gestor, a inflação está acima da meta estipulada pelo Banco Central. E a economia vem operando acima do projetado. “As projeções (para a inflação) dos analistas, embora tenham se revertido um pouco, ainda estão longe do centro da meta”, aponta o sócio-fundador da SPX.
“Não fazer (o aumento dos juros) parece loucura. Até porque é benefício dele, na relação da credibilidade”, destaca. “(Se o BC subir a Selic), nunca mais a gente vai precisar discutir se o Banco Central, comandado pelo Galípolo, vai subir o juro ou não. Isso vai ficar no passado”, conta.
Jogo de cena
Para André Jakurski, da JGP, é natural que Campos Neto esteja menos preocupado com uma alta de juros neste momento. “Para mim, quem é o hawkish, agora, é o Galípolo. E quem é o Dovish, é o Roberto. Faz parte do jogo de cena dos dois”, afirmou.
Hawkish e Dovish são dois jargões do mercado para definir o humor da política monetária. O Hawkish aposta na elevação dos juros para segurar a inflação. Já o, Dovish, que vem de dove (pomba), está relacionado à baixa dos juros para estimular a economia.
“Eu acho que se vai aumentar ou não vai aumentar, eu não sei. Agora, eu sei que tem uma regra do Banco Central que diz o seguinte: se (a inflação) estiver fora da meta, tem de aumentar o juro. Hoje está fora da meta. Só isso que eu, mecanicamente, analiso”, destaca.
Bom para a economia?
Em comum, os gestores apontaram que uma alta de juros, apesar de impopular, é uma boa notícia para o país. Para Luis Stuhlberger, da Verde, uma subida nos juros aqui no Brasil, em um momento em que se conta com uma queda nos juros dos Estados Unidos, facilitará o fluxo de dinheiro para o mercado local.
“A diferença de juros vai ser maior e isso é interessante para o investidor internacional. Vai trazer dinheiro pra o Brasil”, aponta. “E tem mais: o Galípolo vai em baile de debutante, fala que vai subir a Selic. Ninguém pediu, ninguém pediu para ele falar isso. Ele vai lá e, espontaneamente, diz que a inflação está desancorada”, aponta Stuhlberger,
“Eu diria que o Banco Central, depois de tudo que o Galipolo falou, ficou num corner. O Banco Central não pode ser aquele cão que ladra, mas não morde”, afirma.
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