Mercado se divide sobre tom de comunicado do Copom e magnitude da alta dos juros em maio

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou em comunicado, nesta quarta-feira (19), que continua comprometido com o ciclo de alta da Selic para debelar a inflação. A autoridade monetária antevê nova alta dos juros no próximo encontro do comitê em maio. Porém, em menor magnitude do que a elevação das duas últimas reuniões, de 1 ponto percentual.
Alguns analistas do mercado financeiro avaliam o comunicado como mais suave em relação aos anteriores. Esse grupo projeta que os juros podem chegar a 15% ao ano até o fim de 2025.
Outros veem o comitê com uma postura mais firme contra a inflação e estimam que a taxa de juros pode subir a 15,25%.
A Selic pode subir quanto em maio?
O Copom deixou em aberto o novo aumento da Selic para maio. É quando o comitê volta a se reunir na sede do Banco Central, em Brasília.
Para Leonardo Costa, economista do Grupo ASA, o tom mais suave sinaliza uma alta de 0,5 ponto percentual na Selic em maio. Ele acredita, assim, que o pico da Selic deve se encerrar em 14,75%. Antes, o ASA projetava um teto de 15,25% para os juros.
“Começa a aparecer um temor com a atividade doméstica, ainda que incipiente”, disse Costa.
A atual composição do Copom, presidido por Gabriel Galípolo, “é mais sensível à piora da atividade” da economia, disse Luis Cezario, economista da Asset 1.
A Asset 1 tem expectativa de alta de 0,5 ponto percentual da Selic em maio. E, na reunião seguinte, mais uma alta de 0,25 p.p. em julho. “Encerrando o ciclo de taxa terminal da Selic em 15% ao ano.”
Para Rodolfo Margato, economista da XP, o Copom “foi consistente com o cenário marcado por inflação corrente pressionada e desancoragem das expectativas de inflação.”
A XP espera uma alta de 0,75 pontos para a Selic em maio e mais uma de 0,50 p.p. em junho. Assim, corretora espera uma Selic terminal de 15,50%.
Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, diz que o mercado deve receber a nova mensagem como hawkish. “Telegrafou próxima reunião falando em ajuste de menor magnitude”, diz Natalie.
“A gente achava que o Banco Central não daria sinalização para o futuro. E ele fez”, disse Rafael Cardoso, economista-chefa do Daycoval. “Então, a gente já sabe que terá pelo menos mais uma alta de juros”, acrescentou.