Lucro do Itaú deve ser bastante robusto no 4T22, impulsionado por juros altos, dizem analistas
Banco tem boa qualidade de carteira de crédito e menor exposição a Americanas
O lucro do Itaú Unibanco (ITUB4), maior instituição financeira do país e da América Latina, deverá vir bem robusto em relação ao quarto trimestre (4T22). Afinal, os resultados podem ser impulsionados pelas taxas de juros em níveis elevados.
Os dados foram compilados pela Inteligência Financeira (IF) junto a relatórios e prévias de bancos e casas de análise.
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Aliás, o banco irá divulgar seu balanço nesta1 terça-feira (7), após o encerramento das negociações na B3.
Para esse material, a IF consultou relatórios da XP Investimentos, Genial Investimentos, BTG Pactual, Bradesco BBI e UBS-BB. Santander e Itaú BBA não citaram o Itaú especificamente, mas o setor como um todo.
O que esperar dos resultados do 4T22 do Itaú
De acordo com a mediana das projeções coletadas pela IF, o Itaú Unibanco deverá reportar um lucro líquido recorrente na casa dos R$ 8,2 bilhões.
Isto é, um aumento de 15% na comparação com o 4º trimestre de 2021. Já o ROE (retorno sobre o patrimônio) projetado é de 20% a 21%.
O que dizem os relatórios sobre o Itaú (ITUB4)?
A XP Investimentos projeta um forte crescimento de carteira, com aumento marginal da inadimplência.
As ações favoritas da XP para setor financeiro são Itaú (ITUB4) e Banco de Brasil (BBAS3). De acordo com a casa, ambas as instituições devem ser os destaques positivos desta temporada.
“Esperamos que o Itaú Unibanco apresente um crescimento robusto da carteira de crédito. Próximo à faixa inferior de seu guidance, impulsionado mais uma vez por linhas de crédito relacionadas ao consumo”, apontou o relatório assinado por Renan Manda e Matheus Guimarães.
Rombo da Americanas não é considerado
A Genial Investimentos afirmou, também em relatório, esperar que os resultados venham em linha com o limite superior das projeções do próprio Itaú, “sem surpresas”.
No entanto, a corretora projeta crescimento na Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) em R$ 8,4 bilhões (sem incluir Americanas). E um aumento da inadimplência devido à piora natural do ciclo de crédito.
Essa piora, no entanto, será mais tênue que a de seus pares. Isso devido à menor exposição em pessoa física e um mix maior em alta renda, menos afetada pela piora macroeconômica.
O Bradesco BBI também preferiu não incluir o impacto da exposição às Americanas em suas estimativas para o 4º trimestre.
A instituição acredita que, no geral, os resultados dos bancos devam apresentar tendências semelhantes às vistas no terceiro trimestre, com bom crescimento da receita com juros. Enquanto isso, as provisões devem continuar aumentando diante da deterioração do portfólio de empréstimos pessoais.
Empréstimos vs. inadimplência
Já o relatório assinado Gustavo Schroden e equipe aponta para uma desaceleração em empréstimos pessoais e cartões de crédito, além de um mix mais conservador ofuscando receitas esperadas com juros ainda em patamares elevados.
Por fim, o BBI acredita em um achatamento das margens com os aumentos nos custos operacionais e na inadimplência. “Investimentos em tecnologia e salários mais altos devem aumentar os custos neste ano”, completou.
Para o UBS BB, o Itaú será o principal destaque entre os grandes bancos na temporada. A expectativa é de crescimento de 15,5% na receita financeira, somando R$ 24,487 bilhões.
“Ainda que a qualidade de ativos se deteriore, deve ocorrer em ritmo mais lento do que com seus principais concorrentes”, diz o relatório.
Para o UBS BB, o Itaú continuará diminuindo seu apetite por empréstimos à baixa renda e seguir focando em clientes frequentes.
E, ao contrário de seus pares, o banco deve registrar ganho de receita financeira com juros da ordem de R$ 500 milhões com clientes não correntistas.
Perspectivas para 2023
O Bradesco BBI espera que os bancos apresentem guidances mais conservadores para 2023, sobretudo em aumento dos lucros. Afinal, há um cenário de desaceleração econômica e maior risco de crédito que pesa na qualidade dos ativos.
Os analistas da Genial são otimistas com Itaú para este ano. Principalmente pelo fato das receitas com tesouraria estarem com hedge para compressão no funding em um cenário de juros mais altos, menor exposição aos créditos tóxicos de Americanas e uma carteira de crédito com menor exposição a pessoa física, que devem pressionar menos a linha de provisão.
“No médio e longo prazos, nossa avaliação é que o Itaú está mais preparado e adiantado na jornada de transformação digital entre os bancos incumbentes para fazer frente as novas tecnologias, fintechs e plataformas de investimentos”, completou, reiterando a recomendação de compra para a ação.
Exposição em Americanas
Ainda segundo a corretora, o Itaú teria uma exposição de aproximadamente R$ 2,8 bilhões à Americanas. Isso corresponde a 1% do patrimônio líquido após impostos, bem abaixo de seus concorrentes privados.
“Apesar dos desafios esperados para 2023 devido ao cenário de juros altos, inflação ainda elevada e piora do ciclo de crédito, o Itaú deve continuar a entregar um bom desempenho”, diz.
Concentração em pessoa física
Outro ponto importante é a concentração de clientes de alta renda e pessoa física.
Esta estratégia deve manter uma margem robusta ao banco, somado ao mix mais concentrado nesse segmento. Já a margem com mercado (tesouraria) não deverá ter muitas alterações, seguindo um padrão de 2022 e sendo ainda beneficiada pelo hedge (proteção) contra os juros elevados.
Por fim, a Genial projeta que a carteira de crédito comece a desacelerar. Isso devido a uma maior seletividade de empréstimos para pessoa física e PMEs, visando o melhor controle da inadimplência no cenário macro mais desafiador.
“Ainda esperamos que as grandes empresas tenham baixos estímulos para tomarem crédito devido à Selic ainda estar alta e ao cenário econômico pior, o que deverá auxiliar para um crescimento mais ameno para a carteira de crédito”, finalizou.