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Quem é Fernando Haddad, escolhido por Lula para a Fazenda
O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad é o mais novo escolhido para o Ministério da Fazenda, pasta responsável pela gestão econômica do novo governo Lula. O anúncio foi feito pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na manhã desta sexta-feira (9), durante uma coletiva de imprensa no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), de onde a transição vem despachando.
O ministério da Economia deve, para tanto, ser fatiado em três pastas. Enquanto Haddad assumirá a Fazenda, os ministros do Planejamento, e da Indústria, Comércio e Serviços, ainda não foram definidos.
Haddad disputou as eleições deste ano para o governo de São Paulo, mas perdeu para o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foi a terceira derrota seguida do petista em eleições. Fernando Haddad é mestre em economia pela USP (Universidade de São Paulo) e, apesar de nunca ter ocupado um cargo do executivo federal na área, sua nomeação casa com as intenções de Lula de indicar um ministro “com traquejo político”.
Qual a experiência de Haddad na economia?
Além do mestrado em economia pela USP, Haddad foi subsecretário de Finanças da cidade de São Paulo entre 2001 e 2003, durante a gestão de Marta Suplicy na Prefeitura. Antes de assumir seu primeiro cargo público, Haddad foi consultor de investimentos pelo Unibanco e consultor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Haddad é formado em direito pela USP e doutor em filosofia também pela faculdade estadual. Em sua defesa no mestrado, Haddad criticou o regime econômico da União Soviética. O título de sua dissertação de tese é “O caráter socioeconômico do sistema soviético”.
Enquanto traçava sua carreira acadêmica, Fernando Haddad filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2003, após dois anos de trabalho no gabinete de João Sayad, o ex-prefeito deixou a secretaria de Finanças e foi convidado para assumir uma vaga na equipe do ministro do Planejamento do governo Lula, Guido Mantega. Haddad foi assessor especial da pasta, e ajudou a elaborar a lei das Parcerias Público Privadas (PPPs).
Haddad foi ministro da Educação; veja seu legado
Em 2004, Fernando Haddad foi convidado por Tarcio Genro para assumir a secretaria-executiva do Ministério da Educação. Haddad tomou o posto e, em 2005, tornou-se ministro da Educação.
Em sua gestão, o petista deu prioridade para criar bolsas e ampliar o acesso às universidades públicas e privadas. Para isso, Haddad criou o SiSU (Sistema de Seleção Unificada), o ProUni (Programa Universidade para Todos), além de reformular o FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino) e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Pelo FIES, Haddad segurou os juros de empréstimos a estudantes e estimulou a ingressão de beneficiários de baixa renda — se Lula utiliza hoje bordões que ressaltam o quanto “os pobres estudaram” em seu governo, muito se deve a Haddad.
Pela gestão na Educação, Haddad ganhou destaque no núcleo político petista, entre os governos de Lula e Dilma Rousseff.
Haddad foi ‘prefeito das ciclovias’
Em 2012, o professor deixou a pasta que comandava até então para se candidatar à prefeitura de São Paulo. Naquele ano, Haddad concorreu com José Serra, e venceu a disputa, virando a derrota no primeiro turno para o tucano. O petista ganhou com 55,57% dos votos válidos.
Uma das grandes marcas da polêmica gestão de Haddad à frente da Prefeitura de São Paulo foi a expansão da mobilidade urbana em conjunto com a redução no limite velocidade de vias arteriais de São Paulo. As ciclovias foram aumentadas por toda a cidade — até o fim da gestão de Haddad, foram 400 quilômetros de malha cicloviária instalados. A redução na velocidade das marginais Pinheiros e Tietê sofreu com rejeição de parte dos paulistas.
Haddad tem saldo negativo em eleições
Entretanto, o novo ministro da Fazenda a tomar posse em 2023 não ganhou nenhuma eleição que disputou desde 2012. Ao tentar se reeleger em 2014, foi derrotado pelo empresário João Dória, que na época era filiado ao PSDB. Na ocasião, Haddad recebeu apenas 16,7% dos votos e foi derrotado no primeiro turno — foi a primeira vez em que um candidato do PT não foi à segunda etapa de uma eleição municipal desde 1992.
Quatro anos depois, Haddad disputou a Presidência da República contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). O candidato petista a ser batido pelo incumbente seria Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado em primeira instância por Sérgio Moro, na época juiz da Vara Federal de Curitiba, no âmbito da Operação Lava-Jato. Lula foi preso em abril de 2018 e, em agosto, o TSE formou maioria para impugnar sua candidatura, tornando-o inelegível. Haddad, que era o candidato à vice-presidente da chapa, assumiu a responsabilidade de disputar a presidência pelo PT.
O ex-prefeito foi derrotado por Bolsonaro no primeiro e, posteriormente, no segundo turno. Ele obteve 47 milhões de votos na segunda etapa da disputa, ou 44,87%, contra 57 milhões, o equivalente a 55,13%.
Já neste ano, em junho, Haddad foi oficializado como candidato do PT ao governo de São Paulo, na mesma convenção do partido em que Lula tornou pública sua candidatura à presidência. Um acordo entre PT e PSB costurou desistência do ex-governador Márcio França em buscar a eleição ao governo por seu partido com a candidatura de sua esposa e ex-primeira dama, Lúcia França, como vice-governadora na chapa petista.
O principal rival de Fernando Haddad na disputa foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Em campanha de ataques diretos, Haddad e Tarcísio protagonizaram os debates ao discutirem temas como: privatização da Sabesp, apoio a micro, pequenos e médios empreendedores, e uso de câmera portátil pela Polícia Militar.
De derrotado à ministro da Fazenda
Haddad perdeu a disputa para Tarcísio, protagonizando uma das maiores derrotas no PT nas eleições gerais de 2022.
Ele mantém saldo negativo em disputas eleitorais, mas pela proximidade com o núcleo duro do PT, manteve-se favorito a um cargo na Esplanada no novo governo Lula. Ganhou o cargo porque, além de ser um dos principais nomes para suceder Lula em 2026 — o presidente eleito já declarou que não irá se reeleger —, ele tem capital político para queimar na pasta.
O novo governo já demonstrou que pode precisar de um ministro com maior articulação política para liberar emendas no Congresso, como foi no caso da votação da PEC da Transição, aprovada em dois turnos no Senado Federal. O projeto, considerado o primeiro teste do novo governo Lula em Brasília, ainda aguarda aprovação na Câmara dos Deputados.
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