Para Bolsonaro, Petrobras poderia abrir mão de parte do lucro em momentos de crises

Apesar da declaração, presidente indica que não pretende interferir na política de preços da companhia

O presidente Jair Bolsonaro defendeu ontem que a Petrobras deveria abrir mão de parte de seu lucro para reduzir o preço dos combustíveis aos consumidores. Em resultado divulgado recentemente, a estatal registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021, avanço anual de 1.400,7%.

“Não tenho como interferir, nem vou interferir, na Petrobras. Agora, a Petrobras, por sua vez, sabe da sua responsabilidade e sabe o que tem que fazer para colaborar para que o preço do combustível aqui dentro não dispare. A Petrobras tem gente competente para isso, tem seu quadro de diretores, tem seu presidente, e sabe o que fazer. Estamos vendo aqui na mídia, e é verdade, o lucro que a Petrobras está tendo. Em um momento de crise como esse, eu acho que esse lucro, dependendo da decisão dos diretores, do conselho, do presidente, poderia nesse momento de crise ser rebaixado um pouquinho para a gente não sofrer muito aqui”, afirmou durante sua “live” semanal nas redes sociais.

Preocupado com o aumento na cotação do petróleo em função da invasão da Rússia à Ucrânia, o presidente disse esperar que a cotação do dólar “caia abaixo de R$ 5 amanhã”, como forma de compensação.

Outro fator que gera apreensão no Planalto é o efeito da alta nas tarifas de energia na inflação. Para Bolsonaro, a Aneel já poderia ter revisto a cobrança da taxa de escassez hídrica.

“Acredito que em abril no máximo agora esta bandeira vai deixar de existir, porque é a lógica. Alguns acham, e eu também acho. Mas não basta a gente achar, a gente tem que ver os dados, se já poderia ter zerado o valor desta bandeira, para o bem de todo mundo”, disse. “Passamos por crise hidrológica enorme, pelo que estou sabendo, não é bola de cristal ou informação privilegiada, mas alguns acham que a Aneel deveria baixar esta tarifa, a bandeira vermelha ou roxa que está em vigor e mete a mão no bolso do consumidor.”

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico