Ministério da Fazenda prevê inflação abaixo da esperada pelo mercado em 2023

Ministro da Fazenda quer quórum na Câmara dos Deputados maior para aprovar Arcabouço fiscal do que PEC da Transição

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou que as projeções econômicas que a Secretaria de Política Econômica (SPE) devem trazer um crescimento de 1,9% para a economia brasileira e de 5,6% para a inflação de 2023. As estimativas serão divulgadas na semana que vem, junto com o Boletim MacroFiscal, na próxima segunda-feira.

As estimativa do mercado para a inflação de 2023 é que a antecipada pela Fazenda. De acordo com o último Boletim Focus, que coleta estimativas de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central, a expectativa para a inflação (IPCA) no fim de 2023 é 6,03%.

Inflação abaixo de projeção do mercado

“A Secretaria está reprojetando o crescimento deste ano para 1,9%”, disse Haddad a jornalistas que o aguardavam na sede da Fazenda na capital paulista.

Segundo ele, o primeiro trimestre foi “relativamente bom, surpreendeu economistas, temos condição de fechar o ano na casa de 1,8% a 2,0%”.

Haddad também afirmou que a SPE trabalha agora com uma projeção de inflação de 5,6% para este ano. “Nossa projeção de inflação é menor que a do mercado, estamos com taxa de inflação em torno de 5,5%”, disse o ministro, que depois foi corrigido pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, para uma projeção 5,6%.

No último boletim MacroFiscal, divulgado em março, a SPE havia reduzido a projeção de PIB em 2023 de 2,1% para 5,6%. Já a projeção para o IPCA havia sido ajustada de 4,60% para 5,31%.

De acordo com o último Boletim Focus, que coleta estimativas de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central,  a expectativa para a inflação (IPCA) no fim de 2023 é 6,03%. A previsão do mercado manteve-se estável ante a semana passada, com aumento de apenas 0,01 p.p.

Para Haddad há espaço para queda, mas Petrobras não confirma

Haddad disse que não está garantido um novo corte nos preços dos combustíveis em julho, apesar da sinalização feita na quarta-feira de que a Petrobras ainda não diminuiu os combustíveis no piso máximo.

O ministro petista voltou a afirmar a jornalistas que o aguardavam na sede da Fazenda na capital paulista, que, levando em consideração a antiga política de preços da Petrobras, a paridade do preço de importação (PPI), existia espaço para redução maior na gasolina do que a de R$ 0,40 por litro nas refinarias anunciada ontem.

Haddad havia declarado ontem que a Petrobras ainda não diminuiu os preços dos combustíveis na medida que tinha para diminuir e que há um corte já previsto para julho como forma de compensar a reoneração tributária.

Os comentários levaram a estatal a emitir um comunicado afirmando que não antecipa decisões de reajuste sobre seus produtos e reforçando que nenhuma decisão foi tomada ainda sobre eventuais novos reajustes.

Na coletiva de hoje, Haddad reafirmou que a reoneração dos combustíveis foi postergada no início do ano por causa dos rumores de que “haveria tentativa de conturbar vida nacional”, apesar de não deixar claro quem estaria por trás da tentativa.

“Calculadamente, imaginamos que deveria dar mais tempo para verificar e que de fato aqueles rumores eram verdadeiros. Hoje, está elucidado”, acrescentou.

Haddad quer que Arcabouço supere quórum da PEC da Transição

O ministro da Fazenda também disse que o governo está trabalhando para manter um patamar de votos que supere os 308 necessários para mudar a Constituição na votação do Arcabouço fiscal, na semana que vem.

“Desde o final do ano passado, estávamos trabalhando com uma votação com quórum de proposta de emenda constitucional (PEC). Vamos lutar para superar os 308 votos na Câmara e alguma coisa em torno de 50 no Senado”, pontuou Haddad.

Para o ministro, “houve um compromisso com o presidente [da Câmara dos Deputados] Arthur Lira [PP-AL] e o presidente [do Congresso Nacional, Rodrigo] Pacheco [PSD-MG]” de superar o quórum da PEC da Transição para que “não pairasse dúvida” da aprovação do Congresso para rever o teto de gastos e implementar o Arcabouço.

Quanto à aprovação do regime de urgência da Câmara para votar o Arcabouço fiscal na semana que vem, Haddad agradeceu aos parlamentares e pelo empenho do relator do projeto de lei na Câmara, o deputado Claudio Cajado (PP-BA). Ele também disse que irá trabalhar para tirar as dúvidas dos congressistas ao longo desta semana, até a próxima votação.

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