Javier Milei é eleito o novo presidente da Argentina

Segundo turno da eleição argentina aconteceu neste domingo (19). Antes mesmo do fim da apuração, Sergio Massa reconheceu a derrota

O candidato libertário Javier Milei venceu o segundo turno das eleições da Argentina neste domingo (19) e se torna o novo presidente do país. O rival Sergio Massa, candidato governista e ministro da economia, reconheceu a derrota antes mesmo do fim da apuração e da divulgação dos votos.

“Quero dizer que obviamente os resultados não são os que esperávamos e tenho me comunicado com Javier Milei para felicitá-lo, porque é o presidente e é quem vai liderar a Argentina nos próximos quatro anos”, disse o candidato.

Nos primeiros resultados oficiais divulgados, com 90% das urnas apuradas, Javier Milei teve 55,95% dos votos, e Sergio Massa teve 44,04%, o que representa a a maior vantagem de um candidato a presidente nas eleições recentes na Argentina.

Eleições presidenciais

As pesquisas para o segundo turno deram leve vantagem para Milei, às vezes no limite da margem de erro, e indicaram que a disputa seria acirrada, decidida voto a voto. A expectativa é que os resultados oficiais sejam consolidados a partir das 21h, quando a Argentina deve ter o novo presidente eleito para substituir Alberto Fernández na Casa Rosada. A posse está marcada para o dia 10 de dezembro.

A eleição ocorreu em um contexto de crise fiscal na Argentina, onde a inflação ultrapassa os 138% este ano, o peso se desvaloriza e a pobreza atinge 40% da população. O tema dominou a campanha eleitoral, com os dois candidatos do segundo turno sendo economistas, mas com ideias opostas.

No primeiro turno, Massa obteve 36,68%, contrariando quase todas as pesquisas de opinião, e o candidato libertário Javier Milei da coalizão Liberdade Avança conseguiu 29,98% dos votos. O resultado destoou das primárias eleitorais, vencidas por Milei. O resultado deixou o país dividido entre o peronismo, desgastado pelo governo de Alberto Fernández, e as propostas libertárias de Milei, que incluíram a dolarização do país e o fim do Banco Central.

A candidata de centro-direita Patricia Bullrich, que parecia ter forças para ir ao segundo turno, mas ficou em terceiro lugar, declarou apoio ao libertário no segundo turno. O apoio contribuiu para que Milei conseguisse a vitória no segundo turno. Os dois candidatos acenaram ao centro nas últimas semanas.

Quem é Javier Milei?

O novo presidente da Argentina era um desconhecido na política do país até 2021, quando conquistou uma cadeira como deputado. No entanto, o libertário ganhou impulso na corrida presidencial ao ser o grande vencedor das PASO, as Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, que são um termômetro para a disputa presidencial da Argentina.

Javier Milei capturou uma atenção considerável do eleitorado argentino quando se colocou como “diferente de tudo que está aí”. Com seu lema de ser “contra a casta política”, enfatiza que não faz parte nem da política peronista nem da oposição macrista.

Assim, o discurso agradou quem está cansado da enorme crise econômica que passa o país e não foi resolvida nos últimos governos de Alberto Fernández e seu antecessor Mauricio Macri.

Vida de Javier Milei

Milei foi goleiro do clube de futebol argentino Chacarita Juniors, mas encerrou a carreira no começo dos anos 1990. Nascido no bairro portenho de Palermo, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por polêmicas em família. Logo, ele mesmo reconhece que não se dava bem com a família, apenas com sua irmã, Karina Milei.

Porém, hoje Milei vive com cinco Mastiffs ingleses, cada um pesando cerca de 100 quilos, e ele reconhece nesses cachorros como sua verdadeira família.

Propostas radicais

O economista de 51 anos, autodenominado anarcocapitalista, disse que iria acabar com a classe dominante, cortar o governo e fechar o banco central, cuja política monetária ruim, segundo ele, “rouba” dinheiro dos argentinos por meio da inflação.

Milei tem propostas radicais. Além da dolarização da economia do país, ele propõe o fim da educação gratuita e obrigatória, que substituiria por um sistema de vouchers; uma gradual privatização do sistema de saúde; desregulamentação do mercado de armas; e o fim da educação sexual obrigatória.

Porém, uma promessa parece ter causado impacto: se eleito, disse Milei, ele sortearia seu salário mensal. “Para mim, isso é dinheiro sujo”, disse ele. “Do meu ponto de vista filosófico, o Estado é uma organização criminosa que se financia com impostos retirados das pessoas à força. Estamos devolvendo o dinheiro que a casta política roubou”.

Desde que Milei assumiu o cargo em dezembro, 2,4 milhões de argentinos se inscreveram para ter a chance de ganhar seu contracheque de US$ 3.200 em sorteios transmitidos ao vivo nas redes sociais.

Com informações do Estadão Conteúdo.