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Condições políticas que permitiram apoio ao Plano Real estão mais difíceis hoje, diz Bacha
As condições políticas hoje são mais difíceis do que as que permitiram a aprovação do Plano Real, afirmou o economista Edmar Bacha. Parte da equipe que implementou o Plano Real, Bacha identificou condições favoráveis à aprovação do plano de estabilização macroeconômica que hoje não existem.
“A primeira é que Fernando Henrique [Cardoso] estava muito à frente das pesquisas eleitorais daquele tempo. A segunda era a consciência por parte dos políticos que nos apoiavam. Desde o Plano Cruzado, quem apoiasse um plano que parasse a subida da inflação, se elegeria. O PMDB elegeu 26 dos 27 governadores antes do plano dar com os burros na água. E não somente se reelegeriam, se estivessem nos apoiando, como participariam do governo. Ou seja, não era somente o medo de Lula [candidato à época], mas também de expectativa de poder”, afirmou, no seminário sobre os 30 anos do Plano Real, na Fundação Fernando Henrique Cardoso.
“A terceira condição foi a capacidade do FHC e depois de Rubens Ricupero de neutralizar sucessivas ameaças de renúncia às tentativas da entourage de Itamar Franco [então presidente da República] de estragar o plano. Na introdução da URV, de querer indexar tudo pelo pico, e depois na transição para o real, e fazer congelamento. Isso foi neutralizado pelos nossos ministros da Fazenda.”
Bacha afirmou que hoje seria diferente, diante de um Congresso muito mais forte frente ao Executivo.
“Seria possível realizá-lo hoje com o Congresso bem mais forte? Em 1994 nos precisávamos dos votos integrados apenas do PSDB, do PFL e do PMDB. Juntos, os três davam mais de 50%. A negociação foi com o PMDB, com o Nelson Jobim, que apoiou desde o plano nascer”, lembrou.
“Hoje seria com o Centrão. Certamente muito mais desagradável. Mas menos eficaz? Vou ficar em cima do muro. Por um lado, seria mais fácil ao que se refere à URL, o Centrão é bem mais à direita.”
Bacha afirmou ainda que o Plano Real não trouxe crescimento acelerado ao Brasil porque poucos países de renda média conseguiram alcançar isso.
“Por que o crescimento acelerado não veio? Porque é difícil mesmo. É a armadilha da renda média. Poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem. Países com distribuição renda melhor, Estados eficientes e abertos com o mundo”, afirmou.
Com informações do Valor Econômico
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