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Como o investidor pode avaliar as primeiras pesquisas eleitorais de 2022
- Além dos institutos tradicionais, bancos e corretoras têm investido nas sondagens
- Especialistas contam o que colocar no radar e como lidar com os ruídos
Saber quem será o próximo presidente do Brasil, o projeto econômico e os integrantes da equipe com a missão de colocar o plano em prática devem ser algumas das perguntas que irão influenciar o mercado financeiro e trazer muita volatilidade nos próximos meses – principalmente nas ações negociadas na Bolsa de Valores. Parte das indagações anteriores podem ser parcialmente respondidas com a divulgação das pesquisas da corrida pelo Palácio do Planalto.
Isso ajuda a explicar o interesse das instituições financeiras em realizar as sondagens. Um levantamento do site Poder360 mostrou que bancos e corretoras pagaram pelo menos 22 pesquisas de intenção de voto para presidente desde outubro de 2020 até o final de 2021. E olha que ainda tivemos as consultas realizadas pelos institutos tradicionais.
As primeiras semanas de 2022 já trouxeram duas dessas enquetes encomendadas pelo mercado financeiro – o que sinaliza um potencial aumento no volume de informações coletadas relacionadas ao pleito marcado para outubro. A Inteligência Financeira ouviu dois especialistas para saber como o investidor pode fazer uma leitura adequada dos levantamentos.
Além dos números da intenção de voto, o economista Sérgio Vale, da consultoria MB Associais, destaca a evolução da rejeição e o potencial de voto dos candidatos. No caso do atual cenário brasileiro, Vale comenta de duas situações para ter no radar.
A primeira é se haverá o crescimento de um candidato da chamada terceira via e esquentar a briga com o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela ida ao segundo turno. Hoje, o economista vê o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) como o postulante de maior potencial. “O mercado vai estar atento se haverá o descolamento de um nome da terceira via, que parece ser o Moro, e se ele terá capacidade de bater de frente com os outros dois candidatos que lideram as pesquisas.”
Outro quadro é a chance de o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) ganhar no primeiro turno. “Isso mostra respaldo por parte do eleitorado e dá muita força política. Mas para fazer o quê? Esse será o dilema que o investidor vai ter que lidar”, analisa.
Apesar disso, Sérgio Vale considera que “não dá para tomar decisão no que está sendo divulgado agora”. “Tem que ter muita cautela. Essas primeiras sondagens do ano são mais para tatear, ver os rumos do cenário, que será de uma muita volatilidade pela frente. Então tem que saber filtrar para não se equivocar e tomar decisões bem pensadas.”
As eleições anteriores também podem fornecer um direcionamento de como avaliar as sondagens eleitorais – e projetar as aplicações. Evandro Buccini, sócio e diretor de renda fixa e multimercado da Rio Bravo, cita o exemplo de Bolsonaro, que não era o favorito no início de 2018 para assumir o cargo de presidente brasileiro. “Mesmo os gestores profissionais são muito cuidadosos em montar posições com base em notícias de eleição. O ideal é ter uma alocação de longo prazo que leve em conta os riscos e volatilidade desse período. Descontando o ruído, sobra pouquíssima informação útil”, afirma.
“O mercado será afetado no curto prazo, pois quem movimenta os preços no dia a dia são aqueles que negociam mais, mais suscetíveis aos ruídos. Se o investidor não tiver muito apetite para essa volatilidade, melhor diminuir a exposição em ativos de risco e eventualmente aproveitar fortes quedas para voltar”, completa Buccini.
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