Pode ser uma excelente hora para comprar Bitcoin

Um colapso dos bancos nos EUA, aliado à impressão de dólares, pode colocar a maior economia do mundo em situação complicada. Aí é que entra o Bitcoin

No início de março, vimos o Silicon Valley Bank (SVB) enfrentando sérios problemas. Uma ‘corrida ao banco’ aconteceu após o SVB pedir US$ 2,2 bilhões na praça, movimento que foi entendido como uma tentativa de cobrir um rombo. O banco não teve capital para arcar com todos os saques, e um pânico geral se instaurou entre os clientes do SVB.

Pouco tempo depois, no entanto, a autoridade responsável por assegurar depósitos bancários nos Estados Unidos, a FDIC, emitiu um comunicado para acalmar os clientes do SVB. Apesar da calmaria momentânea, investidores seguem preocupados com a possibilidade de risco sistêmico na estrutura bancária dos Estados Unidos. A notícia ruim é que os temores são justificáveis. A notícia boa é que existe Bitcoin (BTC).

Crise bancária

Os problemas de liquidez do SVB estão ligados ao aumento da taxa básica de juros dos Estados Unidos ao longo de 2022. Durante a pandemia, o Silicon Valley Bank recebeu um forte fluxo de depósitos de clientes buscando um local para guardar seu dinheiro com segurança. 

A forma mais segura para o banco lucrar com o dinheiro desses clientes enquanto estava parado na conta era investir em títulos do Tesouro dos EUA, de preferência os com vencimento mais longo. Afinal, as chances da maior economia do mundo dar calote nos investidores são baixíssimas, e o guidance do Fed indicava que não teríamos aumento na taxa básica de juros por algum tempo. No entanto, o Fed começou com os sucessivos aumentos da taxa básica de juros e isso ocasionou a desvalorização de títulos longos do governo americano.

O SVB, assim como diversos outros bancos possuíam grandes quantidades desses títulos e viram eles se desvalorizar continuamente, à medida que os juros subiam.

Esse problema gera duas novas complicações: queda no patrimônio líquido do banco e a posteriori saída de capital. Digamos que os títulos comprados pelo SVB renderiam 80% ao fim de dez anos. Caso haja um fluxo de saques considerável antes disso, será necessário vender esses títulos no mercado secundário a um preço inferior ao valor pago inicialmente, para obter liquidez e arcar com as obrigações de pagamento surgidas.

É aqui que a queda no patrimônio líquido do banco surgem. Como os rendimentos dos títulos do Tesouro estadunidense cresceram muito após o aumento na taxa básica de juros, o SVB deveria vender seus títulos prefixados por um valor ainda mais baixo. Só assim os compradores do mercado secundário teriam interesse em adquirir os ativos. Em outras palavras, se era possível conseguir US$ 5 bilhões, agora esse valor era de US$ 4 bilhões.

Essas mudanças em rentabilidade também foram percebidas pelos clientes do banco. Se antes eles tinham rendimentos de 2% ao ano sobre os valores depositados, por exemplo, agora era possível conseguir o dobro comprando diretamente os títulos do Tesouro. O resultado é a saída de capital do SVB. Indo além, os clientes interessados nessa rentabilidade com poucos riscos são aqueles de grande porte, o que agrava a situação.

Repararam no cenário que se forma? O banco precisa de dinheiro para honrar saques volumosos, precisa vender títulos com um grande desconto e isso gera um rombo nas contas. 

Agora, vem a parte mais preocupante: essa é a realidade de outros bancos nos Estados Unidos. E isso pode criar um efeito cascata que, de fato, coloca o sistema bancário estadunidense em risco.

A impressora faz “brrr”

Ao longe, já conseguimos ouvir a impressora do Fed criando dólares. Para ser mais exato, são US$ 4,4 trilhões de dólares. Esse é o custo para manter a estabilidade do sistema bancário da maior economia do mundo, caso haja uma corrida aos bancos por liquidez.

Apesar dos números envolvendo inflação e taxa de juros nos Estados Unidos estarem melhorando, ainda é muito cedo para comemorar. Uma impressão massiva de dólares pode agravar um cenário que ainda carece de firmeza, e pode causar uma forte desvalorização da moeda estadunidense. Em outras palavras, uma hiperinflação.

Foi considerando esse cenário que Balaji Srinivasan, famoso empresário e ex-diretor de tecnologia da Coinbase, fez sua famosa aposta de uma unidade de Bitcoin contra US$ 1 milhão. Balaji acredita que os Estados Unidos entrarão em hiperinflação em meados de junho deste ano, enquanto o economista James Medlock duvida. 

Embora as chances desse cenário se concretizar sejam baixas, elas não são nulas ou ignoráveis. Um colapso do sistema bancário nos Estados Unidos, aliado à impressão de dólares, pode colocar a maior economia do mundo em uma situação muito complicada. E é aí que entra o Bitcoin.

Proteção e valorização

Dados apontam que investidores estão buscando o Bitcoin como forma de proteção em um possível colapso da economia estadunidense. A correlação do BTC com o ouro é, atualmente, uma das maiores de sua história. 

E isso nos leva a outro dado: apenas 27% do suprimento de BTC está disponível no mercado. Caso uma hiperinflação realmente ocorra nos Estados Unidos, a porta para investir em Bitcoin é estreita, potencialmente impulsionando o preço da maior criptomoeda em valor de mercado. É importante ressaltar que, nesse cenário, acredito que só o Bitcoin seria favorecido. Ou seja: nada de comprar altcoin apostando em uma explosão no preço.

O caminho a seguir é incerto, os riscos são reais, mas o Bitcoin segue como certeza. Com hiperinflação ou não, a importância do BTC já foi comprovada nesse episódio.