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Natalia Cotarelli, do Itaú Unibanco: Mercado de trabalho resiliente explica aceleração do consumo das famílias no Brasil
Empresas citadas na reportagem:
A variação de 0,1% do PIB do Brasil no terceiro trimestre de 2023 superou a expectativa do Itaú Unibanco, que esperava uma retração de 0,2% na comparação com o segundo trimestre do ano. Para Natalia Cotarelli, economista do banco, a atividade no país mostrou sinais de desaceleração, mesmo com o desempenho positivo no período.
Na avaliação dela, as maiores surpresas vieram dos serviços (0,6%), impulsionados por serviços financeiros, habitação e varejo, e da expansão do consumo das famílias (1,1%).
“Além da transferência de renda, temos um mercado de trabalho resiliente, com uma taxa de desemprego baixa e aumento de salário, o que favorece o crescimento da renda das famílias”, explica Natalia.
A agricultura recuou 3,3% entre o segundo e o terceiro trimestre, mas a perda de fôlego do setor já estava na conta. Isso, aponta ela, se dá pela forma como o agro é contabilizado no PIB geral.
“A soja veio de um crescimento muito forte no primeiro semestre. E o peso dela está todo concentrado nesse período”, destaca a economista.
No lado negativo dos dados, a profissional avalia que a formação bruta de capital fixo (FBCF) veio mais fraca do que o esperado, caindo 2,5% na margem. Essa foi a quarta queda consecutiva do investimento do setor privado.
“A taxa de juros alta ainda tem afetado. Vemos a indústria andando de lado, a construção fraca, além de quedas nas importações e na produção de máquinas”, comenta Natalia.
PIB do 4º tri
O desempenho da economia entre julho e setembro não mudou a estimativa do Itaú Unibanco para o encerramento de 2023, de crescimento de 2,9%.
Pela expectativa do banco, o PIB deve ficar entre a estabilidade (0%) e uma leve contração (-0,1%) no quarto trimestre.
Vale destacar que, com base nos dados do IBGE, a atividade acumula uma expansão de 3,1% considerando os últimos 12 meses.
O Itaú também manteve a previsão do PIB em 2024, em um avanço de 1,8%. Segundo Natalia Cotarelli, o agronegócio deve seguir perdendo tração.
“O PIB do agro não vai contribuir como em 2023, e o efeito nos outros setores não será tão forte”, comenta.
Por outro lado, o ciclo de queda dos juros tende a ser um fator positivo para a economia em geral.
“Ainda teremos uma política monetária contracionista, mas a redução da Selic ajuda o PIB de 2024. Favorece em termos de consumo e também de investimentos”, completa.
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