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Carrefour (CRFB3) faz anúncio nos jornais para tentar mitigar ‘crise da carne’
Empresas citadas na reportagem:
O Carrefour Brasil (CRFB3) publicou um anúncio de página inteira nos principais jornais do país desta quarta-feira (27) em que afirma que é graças à parceria com diversos setores nacionais, incluindo o segmento agropecuário, que consegue oferecer acesso à alimentação saudável no país. A ação de marketing ocorre após a escalada das tensões entre a varejista e frigoríficos brasileiros, que haviam suspendido a entrega de carne às lojas do grupo — o fornecimento foi retomado ontem (26).
“Todos os meses, os nosso mais de 130 ml colaboradores recebem 60 milhões de clientes nos 26 estados e no Distrito Federal, em mais de 1.000 lojas”, diz o anúncio, que não faz referência às falas do CEO global do grupo, Alexandre Bompard, que deram início à crise, na semana passada, e nem ao pedido de desculpas do executivo feito ontem (26).
O impasse internacional, que chegou a suscitar conversas entre representantes dos governos brasileiro e francês, culminou em uma carta de retratação de Bompard, na manhã de ontem (26), ao governo brasileiro.
O imbróglio começou depois de Bompard declarar, há uma semana, que não compraria mais carnes do Mercosul (bloco que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) em “apoio ao setor agrícola francês”, em meio às negociações de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. O executivo também estimulou outros setores na França, como o de refeições fora do lar, a boicotarem carnes do bloco sul-americano.
As palavras de Bompard geraram críticas nas redes sociais e acenderam um alerta na operação brasileira, que poderia ficar desabastecida, justamente, na temporada de Black Friday e quando o consumidor começa a planejar as festas de fim de ano. O Brasil é o segundo maior mercado do Carrefour, depois da França.
Ainda que a retratação tenha diminuído as tensões do lado de cá do Atlântico, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) pretende fazer uma queixa na Comissão Europeia contra o Carrefour e outras empresas europeias, envolvendo críticas à carne brasileira.
O colunista Assis Moreira, do Valor, apurou que a queixa não terá resposta positiva, pela indicação já dada por Bruxelas. ‘Não temos um comentário específico sobre isso e observamos que a ação relatada é a escolha de um operador individual (varejista). Como tal, essa ação não sugere a existência de uma violação de concorrência’, disse a porta-voz da área de concorrência, Lea Zuber.
O fato é que acusações contra a carne brasileira e riscos sanitários continuam se propagando, como ocorreu ontem na Assembleia Nacional francesa, quando o governo de Emmanuel Macron submeteu uma declaração de rejeição ao acordo UE-Mercosul. Nota do Itamaraty e do Ministério da Agricultura, ontem à noite, sinalizou posicionamento mais incisivo nesse cenário. ‘A respeito de publicação recente do CEO Global do Carrefour, Alexandre Bompard, na rede social X, que contém desinformação e ataca a qualidade de produtos brasileiros, e também de sua retificação em carta ao Ministro da Agricultura e Pecuária, veiculada hoje (26), o governo brasileiro se manterá vigilante na defesa da imagem do País e da sua produção, em coordenação com o setor privado”, diz a nota.
Enquanto isso, está em discussão na Câmara dos Deputados um projeto de lei que discute a “reciprocidade ambiental” nos acordos que o Brasil firmar com outros países, de autoria de Tião Medeiros (PP-PR). O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deixou o requerimento de urgência da tramitação do projeto para esta quarta-feira (27). A intenção de Lira é dar prosseguimento ao rito, a fim de dar uma resposta para o caso da “crise da carne” criada pelo CEO global do Carrefour.
O Carrefour foi questionado pelo Valor sobre os próximos passos a serem dados em seu plano de marketing em relação a este assunto. A varejista respondeu que não há mais nenhuma ação programada.
Com informações do Valor Econômico
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