Boa Safra (SOJA3): conheça a gigante da soja que busca dobrar participação no mercado

Saiba como a Boa Safra, líder em soja, pretende saltar de 7% para 15% do mercado de sementes, incluindo milho e outras culturas

Dois anos depois de abrir capital na bolsa de valores, a Boa Safra (SOJA3) realizará, nesta segunda-feira (22), follow-on para levantar entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.

Assim, a ideia é financiar sua escalada no mercado brasileiro de sementes. 

Antes da venda desse lote de ações, a base de investidores pessoa física estava em cerca de 40 mil, aumentando mais de 135% desde sua entrada no mercado de capitais. 

Nesse período de bolsa, o lucro líquido da empresa saltou 155% e a receita líquida cresceu acima de 60% anuais.

Boa Safra (SOJA3): projeções ambiciosas

As projeções da empresa prometem ainda mais. A Boa Safra (SOJA3) espera saltar de 7% para 15% do mercado brasileiro de grãos, contando não só com o aumento da participação em soja, seu carro-chefe, mas também de outras culturas, especialmente o milho.

A ascensão da empresa conta com pesquisa e tecnologia, que levou a companhia ao desenvolvimento de sementes mais eficientes e apropriadas para o clima e outras condições do território brasileiro.

O desenvolvimento das sementes da Boa Safra é um dos feitos do polo de P&D da empresa em Formosa, Goiás, onde está a sede da companhia.

Além disso, a empresa tem uma unidade de beneficiamento de sementes em Cabeceiras, no mesmo estado.  

Expansão

Em fevereiro de 2024, a empresa anunciou expansão de seu portfólio para atender a região Sul do país como parte do plano de crescimento da companhia, que inclui atender produtores em uma das regiões do agro mais ativas do território nacional.

Para isso, a empresa desenvolveu seu novo portfólio de sementes de soja, mais adaptadas às condições climáticas e de solo da região Sul.

Hoje, a Boa Safra está em mais de 700 pontos de venda pelo Brasil e, em 2024, quer aumentar sua participação ao abrir mercado, como dito, na região Sul. Isso via parceria com distribuidores em revendas alocadas nos estados.  

“Visamos o aumento de market share”, diz Andréia Cocka, diretora de marketing e negócios da Boa Safra, em comunicado. “Nossa meta firmada é alcançar nove milhões de sacas produzidas em todo o Brasil até 2027”, acrescenta a executiva.

Nem só de soja vive a SOJA3

A Boa Safra surgiu em 2009 pelas mãos dos irmãos Marino e Camila Colpo, buscando ser uma empresa da nova economia no agro, com aposta em tecnologia voltada para a produtividade no campo, especialmente na produção de soja.

Para tanto, os irmãos Colpo apostaram na biotecnologia para levar ao produtor rural sementes com melhoramento genético, que fossem mais limpas e seguras.

“Fomos inovadores em fazer o acompanhamento laboratorial, monitorando a qualidade das sementes desde o começo do processo, quando a matéria-prima ainda está nos campos dos nossos produtores integrados”, diz o CEO, também em comunicado.

Mas a Boa Safra quer ir além da soja. Para tanto, desenvolveu quatro variedades da semente de milho pensando em resistência às doenças típicas das regiões brasileiras e adaptada às condições climáticas. Além disso, as variedades de sementes criadas pela Boa Safra (SOJA3) possuem ciclos diferentes entre si, o que permite expandir a produção ao longo do ano.

Além disso, a Boa Safra (SOJA3) entrou também nos mercados de feijão, forrageiras e sorgo.  

Resultados da Boa Safra (SOJA3)

A Boa Safra (SOJA3) reportou “resultados positivos” no 4T23, segundo o Itaú BBA, “apesar de cenário desafiador para o agro e varejistas de insumos vistos nos últimos meses”. O relatório do banco é assinado por Daniel Sasson,

Em 2023, a receita líquida atingiu R$ 2,1 bilhões, alta de 17% na comparação anual, com acréscimo de 21% em volumes. “Isso implica um ligeiro declínio nos preços, mas muito menor do que a queda de 30% (ano contra ano) nos preços domésticos de grãos que estamos vendo atualmente”, diz o BBA.

Com isso, a empresa registrou Ebitda ajustado de R$ 123 milhões no período, 15% acima da previsão do banco. Além disso, o número subiu 17% na comparação com o quarto trimestre do ano anterior (2022).

Já o fluxo de caixa operacional cresceu 36% ano contra ano, apesar do aumento significativo de necessidade de capital de giro em linha com a expansão da receita.  

Desempenho das ações da Boa Safra (SOJA3)

Na tarde da última sexta-feira, a Boa Safra avançava perto de 1% para o valor de R$ 16,72.

A empresa superou sua máxima histórica em março, quando os papéis chegaram perto de R$ 19.

Apesar dos ganhos, a empresa registra avanços nos últimos 12 meses ainda com média menor que a do Ibovespa: 1,7% abaixo do principal índice da bolsa de valores.

Como o mercado vê a Boa Safra (SOJA3)?

O Itaú BBA vê cenário positivo para a Boa Safra em 2024 depois de um 2023 de dificuldades.

“Houve um aumento substancial nas provisões para perdas esperadas, mas o número permanece menor como percentagem das receitas”, diz o banco.

O BBA destaca também que o lucro líquido por big bag cresceu 23% em 2023. Big Bag é uma medida para grãos.

Com isso, o fluxo de caixa operacional aumentou 36%, “apesar do aumento significativo na necessidade de capital de giro”, avalia o BBA.

Já a Toro Investimentos prevê a Boa Safra em “excelente posição para entregar um bom crescimento nos próximos anos”.

“A principal fonte de vendas é obtida a partir de redes de loja no campo, que vende produtos aos fazendeiros e agricultores locais. Isso possibilita uma forte expansão comercial, sem incorrer no risco de crédito dos produtores”.

Além disso, segundo a Toro, a empresa acertou ao diversificar portfólio e receita. “A partir de culturas como milho e feijão, foi possível reduzir o fator sazonalidade de suas receitas”. Isso porque os ciclos de plantio e colheita dessas culturas são distintos da soja”.

Riscos e pontos de atenção

Por outro lado, a Toro alerta que um aumento expressivo no preço da soja pode impactar negativamente as margens da companhia.

Isso porque a soja é também uma parte importante da despesa da empresa, levando em conta que é o principal insumo a ser adquirido no seu processo de produção de sementes.

Além disso, pesa contra a Boa Safra (SOJA3) o fato de que cerca de 20% das sementes utilizadas no Brasil são resultantes da própria colheita do agricultor.

Nesses casos, “não é necessária a compra das sementes de empresas processadoras de sementes, como a Boa Safra (SOJA3)”.

Há ainda os riscos climáticos.

E, por fim, a Toro destaca que a empresa está alavancada e tem alto percentual de dívida de curto prazo.