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Prato feito mais caro: cenoura, batata, arroz e feijão viram vilões da inflação em janeiro
Nesta quinta-feira (8), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a inflação de janeiro. Em média, os preços subiram 0,42%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou em 4,51%. Em dezembro, a inflação foi de 0,56%.
Dois pontos chamaram a atenção: o primeiro é que quem acompanha a economia (os chamados agentes financeiros) não esperavam um aumento tão grande. O segundo ponto foi o motivo desse aumento. Segundo informações do IBGE, a alta no primeiro mês do ano foi puxada pelo grupo de comida e bebida, sobretudo com o valor do arroz e do feijão. Por isso, você pode tomar um susto quando come fora de casa toma e vai pagar a conta.
Maior aumento nos preços de alimentos em 8 anos
Comida e bebida subiram 1,38%. Pode parecer pouco, mas eles são responsáveis por 21,12% do levantamento do IPCA.
“O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, informou o gerente da pesquisa, André Almeida.
E atenção a este dado: esta é a maior alta no setor de alimentos e bebidas para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).
Alimentos com as maiores altas de preços
- Cenoura (43,85%)
- Batata-inglesa (29,45%)
- Feijão carioca (9,70%)
- Arroz (6,39%)
- Frutas (5,07%)
Por que a comida subiu tanto?
A alta nos preços dos alimentos e, principalmente, o aumento do valor do arroz e feijão tem algumas explicações.
Segundo André Almeida, do IBGE, o mês de janeiro sofre com fatores climáticos que mexem com a produção. “Principalmente de tubérculos, raízes, hortaliças e frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, afirmou André.
Aumento no arroz
Porém, o arroz chamou mais a atenção, até porque está presente na maior parte dos pratos dos brasileiros.
“No caso do aumento do valor do arroz, houve a influência do clima adverso e da preocupação com a nova safra. Além disso, a Índia, maior produtor mundial, enfrentou questões climáticas que atingiram a produção e cessou as exportações no segundo semestre do ano passado, o que provocou o aumento do preço desse produto no mercado internacional”, explicou André.
Comer fora de casa ficou menos caro
Por outro lado, comer fora de casa, principalmente alimentos além do arroz com feijão, ficou menos caro. Em dezembro, a inflação registrada foi de 0,53%.
No mês passado, o IPCA ficou em 0,25%. Esta alta foi observada principalmente na categoria “lanches”, com uma alta de 0,32%. Portanto, quando você for pedir comida pelo aplicativo, refaça suas contas e pense se, de fato, vale a pena.
Como pagar menos no supermercado?
Ainda que a inflação oficial não te assuste, certamente você tem sua inflação pessoal, principalmente no supermercado. Isso porque provavelmente muitos produtos que você compra lá e nas feiras livres podem não fazer da medição oficial do governo. Mas isso não significa que a sua inflação não exista.
Então, o que fazer para pagar menos no supermercado? Algumas atitudes talvez você já conheça. Outras nem tanto. Mas veja o que dizem os planejadores financeiros para você não perca o controle dos seus gastos com comida:
1. Quando ir ao mercado?
Para os especialistas, idas mensais ao supermercado podem te ajudar a gastar menos, principalmente depois desse aumento do valor do arroz e feijão.
Hugo Alex, que planejador financeiro pela Planejar, é categórico: “os supermercados são preparados para induzir a gente a comprar. Então, quanto maior a frequência, mais compramos algo que não precisamos”.
Também é importante ficar atento à data de validade.
2. Para que fazer lista de compras?
É uma dica simples e já conhecida: fazer uma listinha e ser fiel a ela. Já que os supermercados foram feitos para incentivar o consumo, quem quer controlar os gastos precisa ter foco para fugir das tentações armadas pelos varejistas. E é aí onde a lista ganha importância.
“Dá uma olhada nos armários e veja o que você precisa comprar para não cair em tentações”, aconselha a planejadora financeira Angela Nunes.
3. Comparar preços é sempre uma boa?
Alguns consumidores costumam ir a vários supermercados para fazer uma pesquisa de preços antes de comprar o que necessitam. Sempre de olho no aumento do arroz e feijão…
Com experiência dá para saber quais produtos cada supermercado oferece a um preço vantajoso. Alguns mercados têm um forte setor de hortifrúti, enquanto outros vendem produtos de limpeza mais baratos, e por aí vai.
Porém, o consumidor precisa avaliar se vale a pena se deslocar entre as lojas, considerando o tempo gasto, distância e combustível ou transporte público.
“Acredito que a diferença de preço não compense. É importante que o consumidor saiba qual supermercado tem a melhor média de preços”, diz Hugo Alex.
4. Há hora certa para ir ao supermercado
Tem sim. E é uma decisão bem estratégica. A recomendação de Alex é ir ao supermercado quando há outro compromisso nas proximidades.
“Assim, o cérebro ativa a área de tomada de decisões rápidas e você vai direto nos produtos que realmente precisa”.
Para ele, tornar a ida ao supermercado um passeio de família pode ser prejudicial para o bolso, já que com muito tempo e pouco foco, tendemos a fazer compras desnecessárias. E o aumento do arroz e feijão pode passar batido…
5. No fim do mês é mais barato?
Há uma crença entre consumidores de que os supermercados abaixam os preços antes dos dias de pagamento de salário, já que poucos clientes têm condições de fazer compras no fim do mês.
Então, a partir do primeiro dia útil as lojas aumentariam os preços já que os consumidores acabaram de receber.
Sem fontes oficiais que comprovem esta prática, não é possível afirmar que os supermercados façam isto. Porém, para Hugo Alex, mesmo que a prática aconteça, é importante comprar os alimentos quanto antes por causa da inflação.
“Se deixo para comprar no fim do mês o que posso comprar hoje, com certeza o preço estará mais alto”, diz o planejador financeiro.
6. Toda promoção é bacana?
Todo mundo gosta de promoção, certo? Mas é preciso ficar atento, pois, segundo Hugo Alex, elas são feitas para atrair consumidores e fazer os clientes gastarem mais.
“Com certeza ao lado do produto em promoção tem um outro com preço maior que o normal”, diz Alex.
O especialista recomenda que os consumidores comprem os produtos em promoção se aquilo faz parte da lista de compras.
Mas tome cuidado: não extrapole o orçamento destinado ao supermercado.
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