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Infraestrutura e energia podem abrir próxima janela de IPOs, diz diretor do Itaú BBA
Empresas citadas na reportagem:
Empresas brasileiras de infraestrutura e de energia estão entre as favoritas para abrir a janela de estreias na B3, disse o diretor do banco de investimento do Itaú BBA (ITUB4), Roderick Geenlees.
“Vamos começar a próxima janela com empresas em setores mais tradicionais”, disse Greenlees, em entrevista à Inteligência Financeira.
Esse tipo de oferta, conhecido no jargão do mercado como IPO (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês), não acontece no Brasil há quase dois anos.
A última safra de IPOs, entre 2020 e 2021, levou ao mercado empresas médias, várias delas de tecnologia, casos de Clearsale, Mosaico e Multilaser.
Com a rápida deterioração do mercado, as ações de novatas da bolsa sofreram perdas acentuadas, com algumas chegando a cair até 90%.
Ações de empresas menores costumam perder mais em períodos de baixa do mercado, penalizadas por terem menos liquidez.
“Todo mundo aprendeu algumas coisas com a última janela de IPOs”, sintetizou Greenlees.
Por isso, ele acredita que haverá maior apetite dos investidores por ofertas na faixa de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões cada, mais do que o dobro da média da última janela.
Para Greenlees, companhias hoje com condições de fazer operações desse montante estão principalmente em segmentos como energia, óleo e gás, saneamento e agronegócio.
A expectativa do profissional é de que essas ofertas comecem a acontecer entre o final deste ano e o começo de 2024.
Follow ons
A volta dos IPOs deve ser uma consequência das ofertas de ações de empresas listadas, conhecidas no mercado como follow ons.
Essas operações ganharam tração nos últimos dois meses, na esteira da melhora do ambiente macroeconômico no Brasil.
Em 2023 até agora já houve 13 follow ons, inclundo Assaí (ASAI3), Hapvida (HAPV3), Smartfit (SMFT3), Localiza (RENT3), Vamos (VAMO3), Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3) e BRF (BRFS3).
No total, essas operações captaram um total de R$ 22,9 bilhões, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com o anúncio na última sexta-feira de que a fabricante de medicamentos Viveo (VVEO3) pretende fazer o mesmo, as ofertas subsequentes chegam a 14.
Trata-se do mesmo número dessas operações realizadas no Brasil em todo o ano passado.
Entretanto, Greenlees avalia que o bom momento recente vai continuar, para um total de 25 a 35 transações neste ano, e um volume financeiro de até R$ 50 bilhões.
Isso porque, na visão do investidor internacional, o Brasil tem uma situação comparativamente melhor do que outros mercados emergentes, pontuou o especialista.
Os fatores que catalisaram esse otimismo foram a queda na inflação, a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária e a melhora da perspectiva do rating brasileiro pela S&P, segundo o executivo.
“Além disso, é quase certeza que os juros começam a cair no Brasil em agosto”, disse Roderick.
A consolidação desse cenário tende a levar investidores a começar nos próximos meses a procurar uma diversificação maior de ativos, favorecendo a renda variável, acrescentou.
Riscos
As ameaças para essa evolução, segundo o diretor do Itaú BBA, é a possibilidade dos juros nos EUA ficarem em um patamar elevado por mais tempo.
No plano doméstico, os riscos são um eventual repique da inflação e a chance de a relação dívida/PIB voltar a crescer.
“Isso pode levar o mercado a ficar menos construtivo, concluiu Roderick.
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