Mercado hoje: Ibovespa encerra semana com queda de 3,05%, dólar acumula alta de 0,73%
Possibilidade de o Banco Central vir a subir os juros diante das incertezas fiscais acende alerta no mercado
A Bolsa hoje começou a sessão no campo positivo, após pressão nos dois pregões anteriores causados pelas preocupações com a política fiscal do governo eleito. Porém, o sentimento dos agentes financeiros voltou a ser afetado no fim da manhã, ainda com as incertezas fiscais no centro das atenções.
Relatos de que o ex-ministro Fernando Haddad seria o favorito para comandar a economia no futuro governo voltaram a afetar os ativos domésticos, ao mesmo tempo em que declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também pesaram e provocaram uma disparada nos juros futuros, que antes se ajustavam em queda.
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O Ibovespa, que chegou a operar acima dos 111 mil pontos, inverteu o sinal.
O principal índice de ações da B3 fechou em queda nesta sexta-feira. O Ibovespa foi pressionado pela queda de papéis de commodities, as mais representativas do índice. Com isso, caiu 0,76% aos 108.770 pontos. No acumulado da semana, o Ibovespa teve queda de -3,05%.
A Tronox, produtora de pigmento de titânio, foi destaque entre as ações na Bolsa hoje. A empresa foi a que registrou a maior valorização da B3 , ocupando os três primeiros lugares entre as melhores ações da Bolsa, mas apenas uma delas tem volume de negociação na casa dos milhões. Veja os destaques da B3 nesta sexta-feira: Tronox (CRPG5) salta 38% na B3; Inepar (INEP4) despenca; confira as melhores e as piores do pregão.
O gráfico abaixo mostra o desempenho do Ibovespa e do dólar no mês de novembro.
Dólar sobe 0,73% na semana
O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira. Após pregões com fortes desvalorizações da moeda local, o câmbio apresentou movimento de ajuste.
Sinalizações positivas de membros do governo eleito, como as do vice-presidente, Geraldo Alckmin, na véspera, reafirmando o compromisso com a responsabilidade fiscal, ajudaram a aliviar os ânimos dos investidores.
Ainda assim, os agentes seguiram monitorando as negociações sobre a PEC de Transição, além das incertezas a respeito da formação da equipe econômica.
O dólar caiu 0,50%, negociado a R$ 5,3737, após atingir a mínima de R$ 5,3285. Na semana, a divisa subiu 0,73%.
Os analistas acreditam que já a partir da próxima semana, a moeda americana deve voltar a subir à medida que a expectativa de que o Federal Reserve iria realizar um pivô – ou mudança de direção na sua política monetária – começa a desaparecer.
Juros futuros
No mercado de juros futuros, no horário de encerramento da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 subia de 14,15% do ajuste anterior para 14,355%; o DI para janeiro de 2025 passava de 13,575% para 13,735%; a do DI para janeiro de 2026 avançava de 13,37% para 13,50%; e a do DI para janeiro de 2027 oscilava de 13,30% para 13,40%.
Mais cedo, a taxa do DI para janeiro de 2024 subia de 14,15% para 14,27%.
A palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta manhã, no evento Bloomberg Leader’s Circle, em São Paulo, também impacta o mercado hoje. A preocupação com o cenário fiscal do próximo governo pode fazer com que a taxa Selic volte a subir. Veja o que disse o presidente do Banco Central sobre o que o mercado espera como política fiscal e monetária para o próximo ano.
Preocupações do Banco Central
Em evento nesta manhã, Campos Neto voltou a mostrar preocupação com a situação fiscal e afirmou que há uma incerteza elevada neste momento. Além disso, o dirigente apontou que a questão fiscal é uma variável para o Banco Central e que se a convergência esperada pela autoridade monetária não acontecer, “vamos reagir”. Na avaliação de um profissional do mercado, o dirigente “pode ter aberto a porta pra ajustar a política se a situação fiscal não for devidamente tratada”.
Na quinta, a Bolsa já sinalizou que os investidores resistiam à proposta da PEC da Transição e o índice fechou em queda de 0,49%, aos 109.702 pontos. O mercado local não compactuou com o texto da PEC da Transição, apresentado na noite de quarta-feira (16) no Senado.
Entre as ações que mais se destacaram no pregão de ontem, a Inepar foi a grande vencedora, subindo mais de 35% por conta do anúncio do fim da sua recuperação judicial.
Nesta sexta, mais cedo, o futuro do S&P 500 avançava 0,73% e o Stoxx 600 ganhava 1,03%. O fundo de índice EWZ, que espelha o mercado brasileiro em Wall Street, subia 2,27% no pré-mercado, enquanto os recibos de ações (ADRs) da Vale avançavam 1,89% e os da Petrobras ganhavam 1,22%.
Transição
Investidores continuam monitorando a transição de governo, que tem impactado o mercado. As quedas dos dois últimos pregões podem causar um ajuste técnico e compras de oportunidade na Bolsa hoje.
A alta do EWZ indica que o estrangeiro pode estar entrando na bolsa brasileira em razão do patamar relativamente baixo alcançado ontem e anteontem.
Mesmo na sessão de ontem, os ativos brasileiros se recuperaram parcialmente e se afastaram das mínimas após o ex-ministro Aloízio Mercadante declarar que o gabinete de transição vem fazendo uma discussão aprofundada sobre aumento de eficiência do gasto público e corte de despesas.
A saída do ex-ministro Guido Mantega da equipe de transição também atenuou o mau humor do mercado.
Superávit primário
Depois do fechamento dos negócios, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) disse, em conversa com jornalistas, que a exclusão do Bolsa Família do teto de gastos “não exclui responsabilidade fiscal”. Ele tentou assegurar que haverá superávit primário e redução de dívida durante o próximo governo.
A Guide Investimentos afirmou em nota que, hoje, “os bastidores da PEC (da Transição) e sinalizações do novo governo seguirão no radar dos investidores, que estão de olho no texto que tira gastos sociais do teto de gastos. Nesta frente, a confirmação de que o ajuste será vigente apenas em 2023 deve trazer um maior alívio nos próximos dia”.
Commodities
Entre as commodities, o minério de ferro terminou em alta de 3,3% na bolsa de Dalian, a 753,50 yuans (aproximadamente US$ 105,80) a tonelada. Já o petróleo Brent para janeiro operava em baixa de 1,16%, aos US$ 88,74 o barril.