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Gastei minha reserva de emergência, e agora?
A reserva de emergência é o primeiro passo na jornada do investidor. Ela deve ser composta por, ao menos, seis meses dos gastos recorrentes que servirão, na pior das hipóteses, para amortecer os impactos financeiros de um imprevisto.
Especialistas em educação financeira afirmam que a composição da reserva de emergência é a primeira necessidade para quem quer conviver bem com seu dinheiro. Para isso, é preciso separar, mensalmente, uma parcela fixa do seu salário para iniciar a reserva, que deve ser armazenada em um investimento conservador.
Aos poucos, o acúmulo vai crescendo e o investidor terá um colchão de segurança para incidentes e situações inesperadas. Mas e quando chegar o dia de usar a reserva de emergência, como fazer? Qual a melhor forma de usar os recursos? E como recompô-los depois?
Como reconstituir a reserva de emergência?
A reserva de emergência deve ser composta do bastante para atender às necessidades básicas do investidor e manter sua qualidade de vida atual durante um período de dificuldades. A continuidade da sua dignidade se dá com os gastos essenciais: moradia, saúde, alimentação e educação.
Nesse sentido, especialistas recomendam que, uma vez utilizada, e normalizada a situação financeira da pessoa, a reserva de emergência deve voltar a ser recomposta imediatamente. Afinal, nunca se sabe quando outro perrengue vai aparecer.
Não tem passe de mágica: a fórmula para restituir a reserva de emergência é a mesma para construí-la da primeira vez. É preciso reservar uma porcentagem da renda mensal para depositar o dinheiro em um investimento de renda fixa, com baixo risco e alta liquidez – de modo que o valor possa ser retirado facilmente, caso haja uma real necessidade.
Mas, no caso da reconstrução, há uma outra alternativa: a realocação de capital. Visto que a reserva já existia, é possível que o investidor em questão contasse com mais dinheiro alocado em outros destinos, como sua aposentadoria ou em objetivos mais arrojados. Assim, também vale se considerar a transposição de parte destes recursos já existentes para a composição da nova reserva.
Quais as finalidades da reserva de emergência?
Paula Bazzo, planejadora financeira da Planejar, diz que não se deve ter medo de usar a reserva de emergência, mas sim ter cautela. “A reserva de emergência deve ser usada para nos proteger das adversidades, sem nunca virar um álibi para irresponsabilidade com os gastos”, afirma.
Os cenários mais adequados, se é que existe um acidente apropriado, para a aplicação da reserva de emergência, são mudanças de rota inesperadas – coisas que não estavam previstas. Alguns exemplos são perda de emprego, roubo de celular, computador ou outras ferramentas para trabalho e diagnóstico de doenças graves na família.
Ainda assim, Bazzo conta que não é raro ver investidores iniciantes usarem suas reservas para cobrir gastos excessivos – e desnecessários. Um caso comum é se valer do fundo emergencial para pagar a fatura do cartão de crédito.
“Entre fazer uma dívida de cartão de crédito ou usar a reserva para pagar, é melhor usar a reserva, porque os juros do cartão são muito caros – mesmo que você entre em cheque especial. Contudo, isso não é uma emergência. Isso é um comportamento não funcional para os seus objetivos”, afirma.
Reserva de oportunidade
Compor uma reserva de emergência pode ser difícil, mas é um caminho inescapável. Afinal seis meses de consumo representam muito dinheiro – e podem ser cruciais em um momento de dificuldades financeiras.
Mesmo assim, este é só o primeiro passo de uma jornada de investimentos e cuidados com gastos. Depois da reserva, vem os investimentos com aposentadoria, com objetivos de curto, médio e longo prazo, com rentabilidade, com multiplicação de capital e assim por diante.
E, por que não, com prazeres? Jenni Almeida, CEO da Invest4U e consultora de investimento da CVM, recomenda que a reserva de emergência seja deixada, exclusivamente, para atender às necessidades urgentes. Mas que, uma vez composta, um outro fundo pode vir a calhar: a reserva de oportunidade.
“Às vezes não acontece nada e a gente fica tentado a gastar a reserva de emergência quando encontra algo que a gente quer muito por um preço bom. Isso não pode acontecer, já que a única coisa que sabemos sobre os imprevistos é que eles acontecem”, afirma Almeida.
Nesses casos, ela afirma que é interessante passar a poupar dinheiro não para coisas ruins, mas para coisas boas. Em vez de parcelar aquele celular de última geração que vai ser lançado no próximo semestre, por que não já começar a guardar dinheiro para quando o dia chegar? Assim, se evita pagar juros desnecessários e correr o risco de perder o controle das parcelas.
Por Guilherme Naldis, especial para o Bora Investir
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