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Três fatores que explicam o maior consumo; dois deles preocupam o BC e podem afetar a Selic
As vendas no varejo estão de volta. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de dados divulgados na quinta-feira (12), as vendas subiram de forma generalizada.
Então, o volume de vendas no varejo restrito subiu 0,6% em julho. Isto é, após queda de 0,9% em junho. Esse segmento reúne bens não-duráveis e semi-duráveis, como calçados, roupas, alimentos, medicamentos e cosméticos. Como efeito, o resultado veio acima da mediana das estimativas de 26 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de alta de 0,5%. O intervalo das projeções para o varejo restrito ia de recuo de 0,3% a alta de 0,9%.
No varejo ampliado, o volume de vendas subiu 0,1% na passagem de junho para julho, já descontados os efeitos sazonais. O segmento inclui inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo. Os analistas de 26 bancos e consultorias esperavam queda de 0,4%, segundo a mediana. O intervalo das projeções ia de recuo de 1,3% a alta de 0,6%.
O varejo está de volta
Cristiano Santos, gerente do IBGE, classificou o ano como “bastante positivo” para o varejo, com destaque para o consumo das famílias.
O gerente do IBGE citou três fatores que têm contribuído para o consumo das famílias e seu impacto no comércio: aumento do crédito à pessoa física, da massa de rendimentos e do pessoal ocupado. Além disso, o alívio da inflação em alguns meses do ano favoreceu o consumo de determinados segmentos.
Dois dos três fatores acima preocupam o Banco Central do Brasil (BC): o crescimento da renda e do emprego.
“Os dados mais recentes de atividade indicam que a economia se encontra mais aquecida do que o BC esperava.” A frase é Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em encontro com jornalistas, na quarta-feira (11).
Mercado de trabalho aquecido preocupa BC
Em sua última ata, divulgada em 6 de agosto, o Copom disse:
“No cenário doméstico, o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração previsto (pelo comitê do BC).”
Na prática, o colegiado está atento à dinâmica aquecida do mercado de trabalho. Além disso, vigia também os efeitos sobre o aumento do consumo, que por sua vez pressionam a inflação para cima. A inflação nos últimos 12 meses está em 4,24% enquanto a meta estipulada pelo BC é de 3%.
Alta da Selic no próximo Copom
A atual dinâmica da economia, que tem beneficiado o trabalhador, as famílias (que consomem mais) e o varejo (cujas vendas estão em alta) impõe ao BC o desafio. Isto é, calibrar a política monetária, o que ele faz por meio dos juros (Selic). Uma Selic mais alta tende a diminuir o consumo de controlar a inflação.
Ontem, o Itaú Unibanco subiu de 10,50% para 11,75% a projeção da taxa Selic no fim de 2024. Dessa forma, o banco indica em relatório que a primeira alta dos juros, de 0,25 ponto percentual, será já nesta reunião de setembro do Copom.
O desafio do BC é conter a inflação, sem prejudicar a dinâmica do mercado de trabalho.
Com informações do Valor Econômico.
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