Tesouro Direto: tiramos 8 dúvidas para você entender como a greve afeta seus investimentos

A plataforma do Tesouro Direto, programa do governo que permite a compra de títulos da dívida pública por pessoas físicas, tem sofrido paralisações por conta da greve dos servidores públicos da categoria. Nesta terça-feira (15), o Tesouro Nacional informou, por meio de comunicado, que nenhuma instituição ou banco poderia vender títulos aos investidores nesta data. Anteriormente, também por causa da greve, as vendas ficaram paralisadas em 24 de setembro e 1º de outubro.

Mas como isso afeta os investidores de títulos públicos? Você pode perder dinheiro com a greve? Para tirar essas e outras dúvidas, conversamos com Gianluca Di Mattina, especialista em investimentos da Hike capital e Fabrício Silvestre, analista da Levante Inside Corp. Confira as respostas abaixo:

1. Por que a greve paralisa as negociações no site do Tesouro?

As negociações no Tesouro Direto dependem de um sistema controlado pelo governo, que precisa ser gerenciado e supervisionado por servidores, explica Di Mattina.

“Assim, embora boa parte do processo de compra e venda seja automatizada, há componentes que exigem supervisão, como a confirmação das ordens e a manutenção da infraestrutura”.

É por isso que a greve afeta essas operações, o que pode suspender temporariamente as negociações, para garantir a segurança dos investimentos e dos dados.

2. Como a greve do Tesouro Direto afeta os investimentos?

A greve afeta apenas o curto prazo, já que as transações não podem ser realizadas. No longo prazo, a rentabilidade dos títulos não é impactada, e os investidores continuam recebendo os juros contratados, afirma Di Mattina.

3. Posso perder dinheiro porque o Tesouro Direto deixou de funcionar?

Não, você não perde dinheiro simplesmente porque o sistema está temporariamente fora do ar, diz o especialista da Hike Capital. “A perda só ocorre se você decidir vender o título com valor abaixo do que pagou, o que depende do preço de mercado.”

Silvestre, da Levante, lembra que caso o investidor precise liquidar os títulos públicos antes do vencimento, ele pode sim perder dinheiro, mas isso está relacionado às condições de mercado e não com a greve dos servidores.

4. Se precisar de dinheiro urgente, consigo resgatar os títulos?

Sim, segundo o próprio Tesouro Direto, as operações de resgate antecipado e agendamentos serão realizados normalmente.

“A liquidação de ativos segue funcionando normalmente”, diz Fabrício Silvestre.

5. Como ficam as operações agendadas?

A recomendação do Tesouro é reagendar as compras, lembra Silvestre. Mas como a paralisação não acontece de forma contínua, isso permite a realização de compras nos dias em que a plataforma funciona normalmente, explica o analista da Levante.

6. O acontece com a marcação a mercado se as negociações estão paradas?

A marcação a mercado é o ajuste diário do preço dos títulos, com base nas condições do mercado financeiro.

Mesmo com a greve, a marcação a mercado pode continuar ocorrendo, porém o investidor não consegue verificar o valor ou rendimentos dos títulos. “Isso significa que o valor pode continuar mudando diariamente, mas você só conseguirá realizar a venda ou compra depois que o sistema for restabelecido”, explica Di Mattina.

“A negociação de títulos públicos segue acontecendo no mercado secundário, explica Silvestre. A única questão é que não é possível acessar o Tesouro Direto. Nesse sentido, pode se dizer que o mercado perde um pouco a referência, o que não impede a marcação a mercado”, diz.

7. Se a greve durar mais dias, perco oportunidades de investimento?

Durante o período da greve, é possível perder algumas oportunidades de investir em bons preços ou condições de mercado, mas isso depende do comportamento dos preços após a retomada, avalia Di Mattina.

8. Essas greves significam que investir em títulos públicos deixou de ser seguro?

Não, de forma alguma, dizem os especialistas. De acordo com eles, investir em títulos públicos continua sendo seguro, pois o governo brasileiro é o garantidor do pagamento. A paralisação afeta apenas a operação temporária do sistema de compra e venda, mas não compromete a segurança dos títulos nem o pagamento dos rendimentos.

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