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Mercado brasileiro já precificou a alta dos juros nos Estados Unidos?
O mercado espera para março o início da subida da taxa de juros nos Estados Unidos para conter a alta da inflação no país. As principais indagações dos investidores brasileiros no momento giram em torno de qual será o ritmo do aperto monetário imposto pelo Federal Reserve (banco central americano) e os potenciais efeitos para os negócios no cenário doméstico.
A princípio, conforme especialistas, as sinalizações feitas anteriormente pelo Fed sobre os rumos da política monetária foram muito claras e já acabaram sendo precificadas pelo mercado acionário local. Depois de fechar 2021 com uma queda acumulada de quase 12%, o Ibovespa apresentava uma valorização superior a 6% nas primeiras semanas de 2022.
“Já tem muita coisa que foi para os preços e principalmente o setor de tecnologia, as ações que dependem de perspectivas de crescimento, acabou sendo mais penalizado”, diz Leonardo Morales, sócio e diretor da SVN Gestão. “O que aconteceu é que tivemos uma boa valorização das commodities neste ano e o mercado brasileiro acabou sendo um hedge para essas posições, porque temos um mercado muito baseado em companhias que se beneficiam das altas do petróleo e do minério de ferro, como Petrobras e Vale”, acrescenta.
“Tem agora uma reprecificação das ações de tecnologia com o movimento de elevação dos juros nos Estados Unidos e uma demanda maior para ações de valor. Isso explica a bolsa brasileira estar com um fluxo positivo neste começo de 2022”, reforça Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos. “O mercado local está forte, a liquidez está vindo para o Brasil. Ainda temos o fato de o preço sobre o lucro no mercado doméstico estar em um nível muito atraente”, destaca.
Além das próximas decisões e comunicados do Fed, outras questões tendem a ganhar força no radar e influenciar o apetite global por risco, assim como indicar se o bom momento do Ibovespa é um movimento duradouro ou circunstancial. “A atenção fica para se tivermos um Fed muito mais duro do que já foi. Mas acredito que agora, com a tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia, talvez o Fed tire um pouco o pé. E aí poderemos ver setores de tecnologia recuperando um pouco as últimas perdas”, avalia Morales.
Já no câmbio, o aperto monetário nos Estados Unidos não tem gerado atualmente grande impacto sobre o real, de acordo com relatório da consultoria Hedgepoint Global Markets. “Nos últimos dois meses, o real tem sido negociado em valores próximos ao estimado pelo mercado para o final de 2022 (que atualmente é R$ 5,60) – e na última semana foi uma das moedas que mais se valorizaram frente ao dólar”, observa o especialista em inteligência de mercado da companhia, Alef Dias. “É interessante ressaltar que, mesmo que o aperto monetário nas economias centrais não venha a impactar tanto o câmbio, as eleições podem ser um fator importante para o real, dado que os resultados podem aumentar consideravelmente a percepção de risco por parte dos investidores”, completa Dias.
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