Lula e presidente da Petrobras discutem reoneração dos combustíveis no Planalto

Equipe econômica é a favor da volta de impostos sobre os combustíveis; consultorias dizem que há espaço para Petrobras reduzir preços de gasolina e diesel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na manhã desta sexta-feira com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para discutir a volta da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol, que pode virar um novo foco de embate entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ala política do governo. A desoneração sobre esses combustíveis vence na próxima terça-feira, dia 28. Lula dará a palavra final sobre o tema.

A reunião acontece agora no Palácio do Planalto. O encontro estava previsto para ontem, mas Prates teve um problema em seu voo e a reunião foi adiada.

Equipe econômica quer reonerar combustíveis

Segundo interlocutores, Haddad e sua equipe defendem a reoneração dos combustíveis. A ideia, no entanto, encontra resistência entre ministros políticos e a cúpula do PT, preocupados com o impacto da medida impopular principalmente sobre a classe média.

O tema já colocou as duas partes em polos opostos no fim do ano passado, ainda na transição de governo. Em 31 de dezembro, expirou a isenção de impostos promovida por Jair Bolsonaro. Haddad era contrário à continuidade da medida, mas foi vencido pela ala comandada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Na época, o mercado financeiro reagiu mal à vitória da ala política sobre o ministro da Fazenda, alegando que, ao ser vencido, Haddad não teria total controle sobre a condução da política econômica.

No Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ainda não definou posição sobre o tema. Segundo interlocutores, ele “observa aspectos técnicos e políticos da medida para ajudar Lula a tomar uma decisão ao fim do processo”. A posição da Fazenda, no entanto, é clara a favor da reoneração já no começo de março.

Petrobras tem espaço para reduzir preços, dizem consultorias

Consultorias de energia afirmaram mais cedo, antes do encontro entre Lula e Jean Paul Prates, que a gasolina e o diesel vendidos pela Petrobras nas refinarias para as distribuidoras estão acima da paridade com as cotações internacionais. A estatal teria, portanto, espaço para reduzir os preços.

Nos cálculos da StoneX, o diesel da Petrobras estava 8,4% acima da paridade, com possibilidade de um corte de R$ 0,34 em média no litro. Já a gasolina estava 7,9% mais cara do que no mercado externo, com espaço para uma queda de R$ 0,26 no litro em média.

A Petrobras já realizou um aumento da gasolina vendida nas refinarias em R$ 0,23 em janeiro. Foi o primeiro e único aumento realizado pela companhia até agora durante o governo Lula.

Associação estima diesel 7% e gasolina 8% acima da paridade

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estimava na noite de quinta-feira (23) que o diesel vendido pela estatal estava 7% mais caro do que no exterior, com possibilidade de uma redução média de R$ 0,25 no litro.

Para a gasolina, a Abicom calculava uma diferença de 8% em relação à paridade, com possibilidade de um corte de R$ 0,23 no litro desse combustível vendido pela Petrobras.

O último reajuste da Petrobras ocorreu no início do mês, dia 8, quando o diesel vendido pela empresa passou de R$ 4,50 para R$ 4,10 por litro, uma redução de R$ 0,40 por litro. Na ocasião, o preço do diesel caiu 8,89%.

Desde 2016, a companhia pratica preços alinhados ao mercado internacional, mas o atual governo demonstrou interesse em alterar a política durante a campanha eleitoral.

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