Juros: taxas curtas e médias ficam de lado antes de ata do Copom e IPCA-15

Mediana das estimativas para o IPCA-15 de junho é de 0,03%, ante 0,51% em maio, segundo pesquisa do Broadcast

Os juros futuros fecharam a sessão da segunda-feira (26) estáveis até o trecho intermediário e em queda moderada nos vencimentos longos. Os de curto e médio prazos refletiram o receio do investidor em assumir posições antes do desenrolar da agenda pesada da semana. A ponta longa esteve alinhada ao recuo das curvas globais e à valorização das moedas emergentes, além dos sinais positivos para a economia brasileira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,015%, de 13,01% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,01% para 11,00%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,33%, de 10,38% no ajuste de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2029 caiu de 10,68% para 10,61%.

Os DIs curtos ensaiaram queda pela manhã, com a nova rodada de melhora das medianas de IPCA na Pesquisa Focus nesta véspera de divulgação do IPCA-15 de junho, mas o movimento acabou sendo absorvido ainda na primeira etapa. A mediana para 2024 caiu de 5,12% para 5,06%; a de 2025 finalmente recuou abaixo de 4,00%, para 3,98%; e a de 2025 manteve-se em 3,80%. Para 2026, a expectativa cedeu a 3,72%, de 3,80%.

IPCA-15: prévia da inflação de junho

Na pesquisa do Projeções Broadcast, serviço de informação em tempo real do Estadão, a mediana das estimativas para o IPCA-15 de junho é de 0,03%, ante 0,51% em maio. Além disso, o mercado estará atento aos preços de abertura, para os quais é esperada aceleração apenas nos de serviços.

No começo da tarde, a postura ficou mais defensiva, e o sinal de baixa se sustentou apenas nos mais longos. “O mercado ainda digere o Copom e também está ansioso pela ata, com expectativa de que possa suavizar um pouco o tom. Temos de considerar também que já houve um rali grande e agora o mercado espera pelos próximos eventos”, avalia o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal.

Com a ata e no IPCA-15 que serão conhecidos amanhã logo na abertura, o mercado quer buscar indícios sobre o início do ciclo de cortes da Selic, algo que o comunicado deixou em aberto. As apostas na curva do DI seguem consolidadas em agosto, com 25 pontos-base. Outros eventos que poderão mexer com essa expectativa são o Relatório de Inflação (RI) e, principalmente, o Conselho Monetário Nacional (CMN), ambos na quinta-feira.

Selic: corte apenas a partir de setembro, diz BBA

No Itaú BBA, Lucas Queiroz, da área de Research, afirma que com a curva já precificando cerca de 4,5 pontos porcentuais de redução da Selic ao longo dos próximos trimestres e inflação de 4,9% para 2023, a visão é de que o estágio no processo de queda dos juros futuros está avançado “e que carece de maior atenção e menor exposição ao risco na renda fixa”. “À frente, o nosso cenário esperado é de início com ritmo gradual de corte e apenas a partir de setembro, embora estejamos em mais um daqueles períodos em que os dados serão os verdadeiros capitães deste navio”, afirma.

No exterior, houve fechamento das curvas globais e avanço das moedas emergentes e ligadas a commodities ante o dólar. À percepção de que a disposição dos bancos centrais em apertar a política monetária pode trazer recessão aos países desenvolvidos somaram-se hoje tensões geopolíticas envolvendo a Rússia.

A perda de inclinação da curva estaria ainda ligada à percepção em geral positiva para os fundamentos da economia brasileira, com a inflação cadente, revisão para cima nas expectativas de crescimento e câmbio mais valorizado. Nesse contexto, o risco parece ser não ficar vendido. Na leva de boas notícias, a Petrobras anunciou emissão de Bonds de 10 anos e, segundo fontes, conseguiu captar US$ 1,25 bilhão, com demanda superior a US$ 5 bilhões. Pelo lado comercial, a balança já tem superávit de mais de US$ 8 bilhões em junho.

De Brasília, prosseguem as negociações sobre a reforma tributária, com vários setores pleiteando ajustes nas partes que lhe cabem, enquanto no arcabouço fiscal declarações do relator do texto na Câmara, Claudio Cajado (PP-BA), deram ao mercado alguma esperança de que a proposta volte ao original aprovado pelos deputados. Na visão dele, as alterações foram feitas sem nenhum amparo técnico. “Se depender de mim, volto tudo ao teor do relatório da Câmara que foi feito com justificativas técnicas”, declarou. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no fim da tarde, rebateu. “Nenhuma alteração foi inusitada”.

Com informações do Estadão Conteúdo

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