Investimentos: O que fazer dos ativos atrelados ao IPCA?
Investidor pode até aumentar a exposição em produtos ligados ao índice
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é a inflação oficial do país, foi de 0,47% em maio, uma queda em relação ao que foi apurado pelo IBGE em abril, de 1,06%. Nos últimos 12 meses, o índice passou acumular alta de 11,73%, contra o 12,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Por que a inflação caiu?
A queda no preço de alguns itens empurraram o IPCA para baixo. Dois exemplos: o custo da energia elétrica e a desaceleração dos preços dos alimentos. “O resultado veio abaixo do que o mercado esperava, que era uma alta de 0,6%, e tivemos 0,47%. Estamos vendo uma desaceleração da inflação”, disse Victor Vietti, especialista líder em investimentos do Itaú Unibanco, Victor Vietti.
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O que deve acontecer com a inflação daqui para frente?
Victor explica que, de maneira geral, devemos ter uma desaceleração da inflação. “Ela deve continuar caindo nos próximos meses.” Abaixo, você acompanha a entrevista que Victor concedeu à repórter e apresentadora da Inteligência Financeira, Isabella Carvalho:
Qual impacto da queda da inflação nos investimentos?
Segundo Victor, títulos atrelados ao IPCA, como o IPCA+, do Tesouro Direto, terão a rentabilidade reduzida, mas há que se considerar um ponto importante. “A inflação ainda está bastante alta. Então, o investidor não precisa sair dos ativos de inflação e ir para outros com maior risco. É melhor manter no investimento e, dependendo do perfil de risco, até aumentar a exposição”, afirma Victor.
O que é o IPCA?
O IPCA foi criado em 1979 para medir o nível de preços de bens e serviços disponíveis na nossa economia. Em outras palavras: ele é um índice de inflação que acompanha o preço daquilo que as famílias brasileiras compram e consomem.
Como o IPCA é calculado?
O índice é medido e calculado pelo IBGE todos os meses. Para chegar ao valor, o IBGE faz uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços nas principais áreas urbanas do país. A pesquisa é feita todos os dias, considerando o valor à vista dos itens. O levantamento inclui cerca de 400 mil preços de 30 mil estabelecimentos. O “recheio” é variado: são analisados desde itens básicos, como arroz e feijão, até mensalidade escolar, consulta médica e atividades de lazer.
Atualmente, 377 itens têm seus preços coletados todos os meses, divididos em nove grupos: alimentação e bebidas; habitação; artigos de residência; vestuário; transportes; saúde e cuidados pessoais; despesas pessoais; educação e comunicação. Cada categoria e região do país tem um peso no resultado final. Itens de alimentação, por exemplo, costumam ter um peso maior que vestuário. Essa coleta de preços é repetida mês a mês, com comparativos que mostram se a inflação aumentou ou diminuiu.
Por que o IPCA sobe ou desce?
Geralmente, os preços de uma economia se ajustam pela oferta e demanda. Ou seja, o preço de um produto ou serviço tende a subir quando a procura aumenta e a oferta permanece igual ou diminui. O contrário também pode acontecer. Mas, outros fatores também contribuem para a variação da inflação, como, por exemplo, os resultados das safras de alimentos, preço do dólar e gastos públicos.
Um ponto importante: a redução do IPCA não significa que os preços gerais diminuíram. Nesse caso, eles aumentaram menos do que no mês anterior. A deflação, que é a queda dos preços, só acontece se o IPCA for negativo.