Haddad defende arcabouço e regime fiscal mais austero para 2024

Ministro da Fazenda também defendeu um "reglobalização" da economia mundial, tese que será defendida pelo país na presidência do G20

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta quinta-feira (9) a defesa do arcabouço fiscal e de um regime fiscal mais austero.

“Quando fui nomeado ministro, em dezembro passado, disse não crer que o impulso fiscal era o melhor caminho para o crescimento sustentável (da economia)”, disse Haddad no Macro Vision 2023, evento do Itaú Unibanco.

“Isso continua sendo o programa da Fazenda”, afirmou o ministro. “A meta zero (de déficit primário) é programática”.

Haddad disse acreditar que a disciplina fiscal do governo vai preparar o país para ter um crescimento econômico acima da média mundial.

“Nesse momento, estou convencido de que estamos no caminho certo, apesar das dificuldades que surgiram do meio do ano pra cá”, disse em painel com o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.

Para o ministro, o ciclo de cortes na taxa básica de juros pelo Banco Central começou tarde, uma vez que a inflação já vinha dando sinais de queda.

O Comitê de Politica Monetária do Banco Central começou a cortar a Selic em agosto.

Desde então, a taxa de juros foi reduzida em três etapas de 0,5 ponto percentual, para o nível atual de 12,25% ao ano.

Reglobalização

O ministro sinalizou que o Brasil defenderá no G20, o grupo das 20 principais economias do mundo, uma retomada da globalização econômica.

O Brasil assumiu a presidência do G20, com mandato de dois anos. A presidência brasileira começa oficialmente no dia 1° de dezembro.

Segundo o ministro, o objetivo é combater o protecionismo comercial. “Estamos num mundo mais protecionista do que tínhamos 10 anos atrás”, delcarou.

“Temos uma proposta de reglobalização em novas bases”, disse Haddad, defendendo a inclusão de novos temas econômicos, como energia limpa e novas bases logísticas.

Para o ministro, forças políticas que defendem a globalização precisam ser mais ativas na defesa de acordos comerciais.

Para Haddad, correntes protecionistas na Europa, especialmente na França, têm atrasado a assinatura de um acordo entre Mercosul e União Europeia.

“Temos que sair do córner, globalizar o mundo em novas bases”, concluiu ele.

Reforma tributária

Haddad celebrou a aprovação da reforma tributária pelo Senado Federal, na véspera.

Ele disse que a aprovação da reforma é um exemplo de vitória sobre a “birra política” no país, dado o entendimento de Congresso e Executivo da distinção entre interesses de governo e de Estado.