Haddad discutiu com Campos Neto substituto de diretor no Banco Central

Ministro da Fazenda e presidente da autoridade monetária se reuniram nesta segunda-feira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (30) que o substituto do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, foi um dos temas de sua reunião nesta segunda-feira (30) com o presidente da autoridade, Roberto Campos Neto. Além de Serra, o diretor fiscalização, Paulo Sérgio Neves de Sousa, também termina o mandato no fim de fevereiro.

“São dois cargos técnicos que precisam ser discutidos, com um perfil muito próprio para cada um. É uma prerrogativa do presidente da República e o que temos fazer é levar bons nomes para o presidente decidir”, afirmou o ministro a jornalistas após participar da reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Questionado sobre se o substituto de Serra pode vir do setor privado, Haddad afirmou que, por definição, existem poucos lugares para se procurar um substituto. “Pode ser do setor privado, pode ser do setor público. Não é porque a pessoa está em um ou outro lugar que tem melhor técnica que outro. Vamos fazer avaliação em parceria e vamos levar a definição para quem de direito.”

Pix vai se tornar instrumento de crédito

O ministro da Fazenda também afirmou que está na agenda do Banco Central a utilização do Pix para operações de crédito. Segundo Haddad, essa opção deverá estar disponível em meados do ano.

Haddad afirmou que existe muito a ser feito na agenda do crédito. “Fiz uma reunião de uma hora e meia com o presidente do Banco Central. Vamos desengavetar todas iniciativas do BC que estavam paradas no Executivo”, afirmou.

O ministro destacou que existem 8 projetos de lei prontos para serem encaminhados e que, por questões apenas formais, estão travados. “A lei de garantias, com pequenos ajustes, vai passar pelo Senado”, exemplificou.

Haddad afirmou ainda que pretende trabalhar pela abertura do mercado de crédito e pela queda dos spreads, sem descuidar dos avanços que já foram conquistados.

Ele ainda citou a alta da inadimplência no país e pediu que os credores tenham sensibilidade de perceber que precisam dar contribuição ao desenvolvimento do Brasil.

“Temos 70 milhões de CPFs negativados. Temos que reconhecer que esse quadro pós-pandemia desorganizou muita coisa, permitir que pessoas voltem às suas vidas.”

Ministro não comenta reoneração de combustíveis

Fernando Haddad também afirmou hoje que ainda não há um posicionamento oficial do governo sobre a reoneração dos combustíveis na esfera federal. No primeiro dia do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou a medida do governo Bolsonaro de isenção do PIS/Cofins e ICMS sobre combustíveis por mais 60 dias.

Em conversa com jornalistas após participar da reunião da diretoria da Fiesp, Haddad disse que segue o combinado com o presidente Lula, de que a desoneração ficaria até fevereiro.

No fim de semana, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou que não há, no governo, discussão sobre ampliar novamente a desoneração dos combustíveis, que termina em fevereiro.

Mais cedo nesta segunda-feira, uma fonte da equipe econômica afirmou ao Valor que o caminho para a reoneração de combustíveis “está se consolidando e é saudável para as finanças do país”.

Sem detalhes sobre novo arcabouço fiscal

Haddad também voltou a dizer que não pretende antecipar os detalhes sobre o novo arcabouço fiscal antes de terminado o debate da equipe técnica, que tem recebido ajuda inclusive de organismos internacionais. “Se me antecipo a isso, prejudico esse protocolo, as pessoas vão entender de maneira equivocada. Agora, todos os nossos interlocutores, independente de escola, reconhecem que havia necessidade de substituir a regra em vigor por algo mais crível e sustentável no longo prazo”, afirmou.

O ministro esclareceu também que pediu à sua equipe uma diagnóstico de iniciativas para melhorar o ambiente de negócios no Brasil que acabaram ficando no caminho por questões formais. “Em até 15 dias, vamos ter todas essas medidas na mão e vamos encaminhar ao Congresso, depois de uma avaliação na Fazenda”.

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