Copom sobe Selic para 9,25% ao ano
Banco Central também atualizou previsões para a inflação
Nesta quarta-feira (8), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevou a Selic em 1,5 ponto percentual para 9,25% ao ano. O aumento de juros já era esperado pelo mercado e deve surtir efeitos nos produtos de renda fixa e na inflação.
No comunicado sobre a mudança, o BC também sinalizou um novo aumento de 1,5 ponto percentual na sua próxima reunião de política monetária em fevereiro, levando a Selic para 11% ao ano.
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“O Copom apresentou um viés mais agressivo na condução de política monetária”, diz Alexandre Almeida, economista da ACM Capital, que vê o BC preocupado quanto ao horizonte da inflação.
Apesar dos constantes aumentos na taxa básica de juros desde o começo do ano, as projeções para o aumento de preço não param de aumentar. O Banco Central ampliou a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano para 10,2%. Em 2022 e 2023, espera 4,7% e 3,2%, respectivamente.
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O BC citou ainda que os últimos indicadores econômicos apontam para uma atividade pior do que o esperado em um cenário de inflação persistente e aparecimento da variante ômicron do coronavírus.
“Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico. Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país”, disse o BC em comunicado.
Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, fatores como alta nos combustíveis, retomada pós-pandemia, Auxílio Brasil e eleições, podem ajudar a inflação a subir no ano que vem.
“O BC está em um jogo entre ancorar expectativas de inflação e não perder de vista a meta inflacionária, mas também de olho na atividade econômica. Contudo, enquanto não resolvermos a questão fiscal teremos pressão sobre juros, inflação e câmbio”, diz Sung.
Como fica a rentabilidade da poupança com a nova Selic?
A alta da Selic de 7,75% ao ano para 9,25% ao ano deve beneficiar boa parte dos produtos de renda fixa pós-fixados, como CDBs e títulos do Tesouro que acompanham a taxa ou seus equivalentes, como o DI/CDI.
A poupança, porém, terá sua rentabilidade limitada. Por mais que a regra de rendimento da caderneta (70% da Selic + TR) aponte uma taxa de 6,47% ao ano com a Selic a 9,25%, há um teto de 6,17% ao ano deste produto. Ou seja, mesmo que a Selic vá a 11% em fevereiro, a poupança segue rendendo o seu máximo de 6,17% ao ano (equivalente a 0,5% ao mês). Este mecanismo é adotado quando a Selic ultrapassa os 8,5%.
Assim, a poupança nova passa a ter a mesma rentabilidade que a poupança antiga (depósitos até maio de 2012).
O que pode ampliar o juro da poupança é a alta da TR (Taxa Referencial). Hoje, ela é zero, mas, com a alta da Selic, economistas apontam que a taxa pode subir no ano que vem. Isso porque a TR reflete os juros dos títulos do Tesouro Direto, que, por sua vez, acompanham a Selic.
“Com o juro voltando para dois dígitos é provável que a TR também volte a subir. Podemos ver algum movimento em meados de 2022 por se rum efeito um pouco defasado”, diz João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos.
Apesar da inflação em alta, é possível que ano que vem a poupança volte a ter um rendimento real. O mercado espera um IPCA de 5% em 2022.
“Com base nesta estimativa, a poupança pode até ultrapassar levemente a inflação no ano que vem (em quase 1 ponto percentual). Contudo, vale lembrar que estamos em um período de pressão inflacionária global, com quebras ao longo de cadeias produtivas, com mais deterioração fiscal no Brasil e prestes a passar por um ano eleitoral no país, o que pode trazer muitas incertezas e impactar negativamente o desempenho do real face ao dólar, pressionando ainda mais a nossa inflação e elevando o IPCA acima do esperado”, afirma Paloma Brum, analista da Toro Investimentos.