Copom mantém taxa básica de juros estável em 13,75% ao ano e encerra maior ciclo de altas desde 1999

De março de 2021 a agosto deste ano, Selic subiu 12 vezes consecutivas

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (21) manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde o início de agosto.

A taxa básica de juros foi elevada por 12 vezes consecutivas desde março de 2021. No período, a Selic subiu 11,75 pontos percentuais, configurando o maior e mais longo ciclo de alta desde 1999.

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A decisão da autoridade monetária veio em linha com a expectativa de uma parte dos analistas. O mercado estava dividido entre uma manutenção da taxa em 13,75% e uma alta residual de 25 pontos-base.

A decisão do Copom não foi unânime. Segundo o comunicado divulgado pelo Banco Central, sete dos nove membros do comitê votaram pela manutenção de 13,75% – os outros dois votaram por uma “elevação residual” de 0,25 ponto percentual, o que jogaria a Selic para 14%.

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Fonte: Banco Central

A previsão dos economistas, colhida pelo g1 na semana passada, em pesquisa com mais de 100 bancos, é de que a taxa Selic permanecerá no atual patamar até junho de 2023 — quando recuará para 13,50% ao ano. Para o fim do ano que vem, a projeção é de juros em 11,25% .

Copom tem primeira divergência desde março de 2016

A decisão de hoje do Copom foi a primeira sem unanimidade desde março de 2016, quando a taxa básica de juros foi mantida em 14,25% ao ano. Na época, os diretores de organização do sistema financeiro, Sidnei Corrêa Marques, e de assuntos internacionais, Tony Volpon, votaram pela elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75%.

Hoje, a diretora de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos, Fernanda Guardado, e o diretor de organização do sistema financeiro e resolução, Renato Gomes, votaram contra a manutenção da Selic, por uma elevação residual de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano.

Inflação em desaceleração

A interrupção da alta dos juros acontece em um cenário de desaceleração da inflação. Influenciada pelos preços dos combustíveis, devido ao corte de impostos sobre itens essenciais e à redução do preço internacional do petróleo, houve deflação no país pelo segundo mês seguido em agosto.

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.

Em 2022, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

Embora as estimativas de inflação estejam acima do teto da meta para este ano, o mercado financeiro já prevê desaceleração das pressões inflacionárias em 2023 (diante do juro alto, da crise energética na Europa e da desaceleração da economia mundial). O BC informou ainda que está mirando mais adiante nas decisões sobre juros, no início de 2024.

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