Bom ou ruim? As avaliações sobre o resultado de novembro do mercado de trabalho

Entre os destaques dos números da Pnad Contínua está a recuperação puxada por salários baixos

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua apontou uma queda na taxa de desemprego no Brasil, para 11,6% no trimestre encerrado em novembro de 2021. Apesar da melhora do cenário, o economista e estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destacou que há pontos negativos nos dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), especialmente a baixa qualidade dos empregos.

“A taxa de informalidade ainda é alta, de 40% da população. Isso não é um nível para desprezar. Mostra uma precariedade do emprego no Brasil”, comentou Cruz. “Outro ponto que chama a atenção de forma mais negativa é que o IBGE destaca que o rendimento real habitual foi o menor da série histórica, de R$ 2.444. Caiu 4,5% frente ao trimestre anterior e 11,4% na comparação anual. Tem alguns pontos de interpretação para esse nível. O primeiro, a inflação muito alta. O segundo, como a taxa de desemprego estava num patamar muito elevado, há muitos relatos de pessoas aceitando ganhar menos. O poder de barganha foi para o empregador”, acrescentou o economista da RB Investimentos.

Para Rodolfo Margato, economista da XP, o resultado não foi totalmente bom nem totalmente ruim. “Copo meio cheio ou meio vazio? Apesar da recuperação do emprego, a renda segue em trajetória de queda”, escreveu em nota. “A reabertura econômica tem propiciada uma recuperação consistente do nível de emprego doméstico. (Por outro lado) A inflação persistentemente alta, a ociosidade no mercado de trabalho e mudanças relevantes na composição da população ocupada (participação crescente das categorias de emprego informal que, em média, possuem rendimentos mais baixos) são os principais fatores que explicam a tendência cadente do rendimento médio”, observou Margato.

A economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, ressaltou que o aumento da circulação das pessoas no período anterior à variante ômicron ajudou a reduzir o número de desocupados. “A taxa de desemprego teve mais uma queda forte no trimestre encerrado em novembro e ficou em 11,6% melhor que nossa expectativa de 11,8%. A volta da mobilidade vem permitindo uma retomada mais acelerada do emprego no segundo semestre [de 2021], principalmente no setor de serviços. Por exemplo, o comércio foi o segmento que mais empregou segundo a pesquisa, tanto na comparação trimestral como anual”, anotou em relatório.

Com Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico