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Incerteza sobre meta fiscal levou a um aumento do prêmio de risco, diz ata do Copom
A questão fiscal ganhou espaço em três trechos na ata do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira. De acordo com o documento, as incertezas sobre a meta de resultado primário de 2024 levaram a um aumento do prêmio de risco.
A celeuma em torno da meta fiscal começou em 27 de outubro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que dificilmente o Brasil atingirá o déficit zero nas contas públicas em 2024, como proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O chefe do Executivo avalia que um rombo de 0,50% ou 0,25% não é “nada” e reforçou que vai tomar a decisão “que seja melhor para o Brasil”.
No parágrafo 13 da ata, o comitê explicou que vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas notou que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, enfatizaram os integrantes do colegiado.
No parágrafo 16, o colegiado comentou que as expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação.
“O comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”, salientou a ata.
Já no parágrafo 10, o comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
Assinalou também que o esmorecimento pode ter impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.
El Niño e efeitos sobre alimentos
Também na ata do último encontro, o Copom deu ênfase sobre questões relacionadas ao clima com impactos sobre os preços. De acordo com o documento, houve um debate mais profundo na última reunião sobre os determinantes da inflação de serviços e riscos ambientais que estão “parcialmente incorporados” no cenário de referência.
Esses riscos, conforme os integrantes do Copom, são derivados do fenômeno climático do El Niño e também têm relação com a evolução do preço internacional do petróleo.
“Ressaltou-se a incerteza com relação ao El Niño no que tange à sua magnitude, ao período em que o fenômeno teria maior impacto e aos efeitos individuais sobre diferentes produtos alimentícios”, observaram os membros do Copom no parágrafo 15.
No mesmo trecho, o comitê decidiu manter sua hipótese de incorporar um impacto relativamente pequeno do El Niño em suas projeções de inflação de alimentos. Alguns membros, no entanto, enfatizaram os impactos inflacionários no caso de ocorrência de um fenômeno El Niño mais extremo.
“Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária contracionista e cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária.”
Com informações do Estadão Conteúdo
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