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Como conseguir investimentos para a sua startup?
Empresas citadas na reportagem:
Um dos muitos desafios de se construir um negócio do zero é o dinheiro. Muitas vezes o capital próprio é insuficiente para alavancar uma nova empresa, e sócios precisam ir à busca de recursos. Hoje, graças à evolução do mercado de capitais, existem diversas maneiras de conseguir investimentos para startups. Veja quais os principais caminhos e dicas para financiar um novo empreendimento:
De início, a dica de Jade Utsch Filizzola, fundadora da startup RadarFit —game fitness de saúde e bem-estar—, é pensar se o investimento de terceiros é realmente necessário naquele momento.
“Se precisar de R$ 50 mil e tiver os R$ 50 mil, é melhor colocar do seu bolso. Se o empreendedor não quer correr este risco, quer dizer que não confia tanto no próprio negócio. É preciso ter responsabilidade com o capital de terceiros. Além disso, para que vender uma parte da sua empresa se não precisa? Deixe para vendê-la quando se precisa de valor maior”, diz Jade.
A maioria dos investimentos em startups são em forma de sociedade. Se paga um valor alto por uma parte do negócio na esperança de que o empreendimento irá crescer o suficiente no futuro para render um bom lucro.
Jade e suas duas sócias deram início ao projeto com o capital próprio e, depois, se inscreveram na aceleradora Startup Farm, que as impulsiona no desenvolvimento do negócio em troca de uma participação na empresa, que cresceu 1.600% durante a pandemia. Em seguida, foram em busca de investidores semente.
Veja algumas fases da captação de recursos de startups:
Rodada anjo | de R$ 100 mil a R$ 1 milhão |
Rodada semente | de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões |
Rodada series A | acima de R$ 10 milhões |
“Começamos mandando mensagem no LinkedIn para investidores e emails para fundos de investimento. Além disso, a Startup Farm nos conectou com muitos investidores. E a cada não que recebíamos, pedíamos que esta pessoa nos indicasse alguém que pudesse se interessar pela RadarFit”, conta a empresária.
Aceleradoras como a Startup Farm e o Cubo, do Itaú, são apontados como uma excelente plataforma para que empreendedores e investidores se conectem.
Segundo Júlia de Luca, gerente de tecnologia do Itaú BBA, é comum que o primeiro contato seja no LinkedIn. Outra forma de se conectar a investidores é o networking em eventos especializados, como a Startup Summit.
Ela alerta, porém, que ir atrás de financiamento não é o primeiro passo a se tomar pelos fundadores. “É preciso ter primeiro a ideia bem formatada e uma clareza do que se quer com aquela empresa”.
A ideia é tão importante que, mesmo apenas no papel, ela já pode valer muito. “O tamanho da empresa não é o critério mais relevante. Pode ser uma apenas ideia de três pessoas com uma super experiência cada uma”, diz Júlia.
Segundo ela, que atende diversas startups no núcleo Tech do Itaú —área dedicada para o crescimento de quem está começando ou quer acelerar sua jornada por meio de venture capital, fusões & aquisições, IPOs e até follow-ons—, os três critérios básicos na decisão do investidor são:
1) Quem são as pessoas por trás daquela ideia?
2) Qual o tamanho do mercado endereçável? Qual a possibilidade de receita e retorno futuros?
3) Product Market Fit, que é ter a certeza de que o produto ou serviço em questão supre uma necessidade do consumidor
“Na mídia só sai o que dá certo, mas tem muita coisa que não dá. Estamos pouco julgando se empresa dá certo ou errado, estamos ajudando na jornada. Um caso de insucesso pode virar caso de sucesso se ajustes forem feitos”, afirma Júlia.
Além de trabalhar a rede de contatos, o empreendedor deve ter paciência. “É preciso ser muito resiliente. Ele vai dar muita volta antes de conseguir”, diz Júlia.
“Empreender é uma montanha-russa. O caminho mais fácil é desistir”, relata André Dratovsky, fundador e CEO e fundador da fintech de impulsionamento de carreiras Elleve. Para se ter sucesso, ele ressalta que o mais importante é a startup ter uma boa história.
“Os grandes investimentos que saem na imprensa dão a impressão de que está todo mundo captando, mas é 0,1% do mercado. E para isso acontecer, há coisas muito boas por trás do negócio”, diz Dratovsky.
Para o pontapé inicial a Elleve, ele juntou o seu capital próprio com o de mais dois amigos que viraram seus sócios. Em seguida, tomou um passo pouco usual, emitiu R$ 123 milhões em debêntures.
“Já nascemos com uma estrutura mais parruda e podemos nos dar ao luxo de fazer [a captação] com calma e no futuro entender quem são os sócios corretos pro nosso negócio”, afirma Dratovsky.
Ele aponta que o mercado de venture capital cresceu tanto nos últimos nos que já existem diversos fundos especializados em cada uma das rodadas de captação de startups. Há também fundos especializados em ramos específicos, como fintechs, educação ou mundo pet.
De acordo com um estudo da plataforma Distrito, hub de empreendedorismo de empresas que estão começando, apenas em 2021 as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões (R$ 49,4 bilhões) em aportes, valor 2,5 vezes maior que o recebido em 2020.
No meio de tantas opções, é preciso ser criterioso na escolha dos investidores, já que eles podem traçar os rumos do negócio.
“Se seu negócio ainda está no papel, vale a pena buscar aceleradora. Se ele já começou, se já tem clientes, vá atrás de investidores e converse antes com outras startups que já receberam esse capital para ver a qualidade do investimento e do relacionamento. A startup tem que escolher bem o investidor porque ele será um sócio”, afirma Jade, da RadarFit.
Ela conta que há mais interessados na companhia do que as rodadas de investimento têm comportado.
Por ser um dos investimentos mais arriscados, o retorno de se investir em empresas pode ser um dos maiores. Os investidores da RadarFit que já encerraram sua participação no negócio, por exemplo, saíram com cinco vezes mais o valor investido.
“Startup é um negócio de risco porque está se criando o que ainda não existe no mercado. Sabemos qual a margem financeira e custo de negócio de uma padaria, por exemplo, mas não de um negócio que não existe. No caso de negócios mais tradicionais, como abrir uma nova padaria, o melhor é pegar um financiamento no banco, pois há uma estimativa palpável, não é algo de alto risco”, explica Jade.
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