Copom deve cortar a taxa Selic pela primeira vez após três anos

Na temporada de balanços, entre os destaques da semana estão os resultados da Petrobras e do Bradesco

Sede do BC: uma de suas funções é ser o “banco dos bancos" - Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Sede do BC: uma de suas funções é ser o “banco dos bancos" - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O calendário econômico da semana começa com expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) irá finalmente iniciar o ciclo de cortes da Selic. A nova taxa será comunicada na próxima quarta-feira (2), já após o fechamento do mercado, entre 18h e 19h.

Se confirmada a decisão, será a primeira queda dos juros no Brasil desde o encontro do colegiado em 6 de agosto de 2020. Na ocasião, a redução foi de 2,25% para 2% – o menor patamar de juros da história.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Diante da disparada da inflação, que chegou a superar 10% no acumulado em 12 meses, o Copom voltou a subir os juros em 18 de março de 2021 e seguiu com o aperto monetário até 4 de agosto de 2022, elevando a taxa a 13,75%.

Ou seja, a Selic está estacionada no atual patamar há sete reuniões.

Queda de 0,25 ou 0,50 ponto percentual?

A deflação de -0,07% do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15) colocou no radar a chance de o Copom ser mais agressivo no corte inicial dos juros.

Isso porque, na avaliação de agentes do mercado, a prévia da inflação mostrou um alívio nos preços relacionados ao setor de serviços, que preocupavam os integrantes do colegiado, mesmo com a queda consistente do índice geral.

Apesar da brecha, o consenso do mercado parece ser mesmo que a primeira queda da Selic será de 0,25 ponto percentual, derrubando a taxa para 13,50% ao ano.

“Acreditamos que o primeiro movimento de corte de juros terá magnitude mais contida (isto é, redução de 0,25 p.p.), dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e o mercado de trabalho apertado”, destaca o Itaú Unibanco em relatório.

“Apesar de a curva de juros de mercado já contemplar a possibilidade de um movimento mais intenso (isto é, corte de 0,50 p.p) – pois cabe ao BC guiar o mercado, e não vice-versa”, acrescenta o texto assinado por Mario Mesquita, economista-chefe do banco.

A instituição espera que o balanço de riscos para a inflação continue sendo descrito como simétrico, com a autoridade monetária mantendo a sinalização sobre o risco de alguma desancoragem ainda persistente das expectativas.

Além disso, o Itaú considera que o Copom deve indicar que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas, avaliando que uma flexibilização gradual da taxa básica é a estratégia adequada para assegurar sua convergência.

“Avaliamos que ciclos anteriores de corte de juros que começaram com cautela foram bem-sucedidos em levar a inflação para perto da meta, possibilitando um equilíbrio final de juros mais baixos por mais tempo”, diz o relatório da equipe de Mario Mesquita.

“Cortes de juros menos cautelosos podem levar a uma eventual depreciação da moeda e piora nas expectativas de inflação, o que poderia cercear e, no limite, até interromper o processo de desinflação em curso”, alertam os profissionais do Itaú.

O que mais prestar atenção na reunião do Copom?

O encontro da semana do colegiado será o primeiro com os diretores indicados pelo governo Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o Banco Central: Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização)

Ou seja, os agentes financeiros estarão ainda mais atentos ao tom do comunicado e se a decisão será unânime ou não.

Balanços da semana: olho na Petrobras

Na cena corporativa, o mercado segue ligado na temporada de balanços do segundo trimestre. A semana tem entre os destaques os resultados da Petrobras e do Bradesco.

A petroleira e o banco informam seus números na quinta-feira (3), após o fechamento do mercado.

Também estão previstos os desempenhos trimestrais de TIM, Cielo, Klabin, Alpargatas e CCR. Veja aqui a nossa agenda.

E os juros nos Estados Unidos?

Na semana que passou, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 5,25% a 5,50%, mas deixou a porta aberta para não elevar mais a taxa.

O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que os dirigentes vão esperar os próximos dados de inflação e do mercado de trabalho para consolidarem o consenso de que o aperto monetário já é suficiente ou se será necessário um novo aumento de 0,25 ponto percentual até o fim de 2023.

Por isso, o payroll (dado oficial de emprego) de junho deve dar o tom nos mercados globais na sexta-feira (4). O indicador está previsto para sair às 9h30 e números dentro do consenso vão alimentar as projeções de que os juros nos EUA não vão subir mais.

Calendário econômico da semana – 31 de julho a 4 de agosto

Segunda (31)

06h: PIB do 2º trimestre da zona do euro
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
Balanços: TIM

Terça (1)

09h: Produção industrial de junho (IBGE)
Balanços: Cielo, Iguatemi, Klabin, Pfizer, Uber e Starbuck

Quarta (2)

18h: Decisão da taxa Selic e comunicado do Copom
Balanços: CSN, Prio, Suzano e Taesa

Quinta (3)

08h: Decisão de juros no Reino Unido (BoE)
Balanços: Ambev, Alpargatas, CCR, Cemig, Lojas Renner, Bradesco, Petrobras, Amazon e Alibaba

Sexta (4)

09h30: Payroll (relatório oficial de emprego) de julho nos Estados Unidos
Balanços: Berkshire Hathaway

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS