Copom deve cortar a taxa Selic pela primeira vez após três anos
Na temporada de balanços, entre os destaques da semana estão os resultados da Petrobras e do Bradesco
O calendário econômico da semana começa com expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) irá finalmente iniciar o ciclo de cortes da Selic. A nova taxa será comunicada na próxima quarta-feira (2), já após o fechamento do mercado, entre 18h e 19h.
Se confirmada a decisão, será a primeira queda dos juros no Brasil desde o encontro do colegiado em 6 de agosto de 2020. Na ocasião, a redução foi de 2,25% para 2% – o menor patamar de juros da história.
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Diante da disparada da inflação, que chegou a superar 10% no acumulado em 12 meses, o Copom voltou a subir os juros em 18 de março de 2021 e seguiu com o aperto monetário até 4 de agosto de 2022, elevando a taxa a 13,75%.
Ou seja, a Selic está estacionada no atual patamar há sete reuniões.
Queda de 0,25 ou 0,50 ponto percentual?
A deflação de -0,07% do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15) colocou no radar a chance de o Copom ser mais agressivo no corte inicial dos juros.
Isso porque, na avaliação de agentes do mercado, a prévia da inflação mostrou um alívio nos preços relacionados ao setor de serviços, que preocupavam os integrantes do colegiado, mesmo com a queda consistente do índice geral.
Apesar da brecha, o consenso do mercado parece ser mesmo que a primeira queda da Selic será de 0,25 ponto percentual, derrubando a taxa para 13,50% ao ano.
“Acreditamos que o primeiro movimento de corte de juros terá magnitude mais contida (isto é, redução de 0,25 p.p.), dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e o mercado de trabalho apertado”, destaca o Itaú Unibanco em relatório.
“Apesar de a curva de juros de mercado já contemplar a possibilidade de um movimento mais intenso (isto é, corte de 0,50 p.p) – pois cabe ao BC guiar o mercado, e não vice-versa”, acrescenta o texto assinado por Mario Mesquita, economista-chefe do banco.
A instituição espera que o balanço de riscos para a inflação continue sendo descrito como simétrico, com a autoridade monetária mantendo a sinalização sobre o risco de alguma desancoragem ainda persistente das expectativas.
Além disso, o Itaú considera que o Copom deve indicar que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas, avaliando que uma flexibilização gradual da taxa básica é a estratégia adequada para assegurar sua convergência.
“Avaliamos que ciclos anteriores de corte de juros que começaram com cautela foram bem-sucedidos em levar a inflação para perto da meta, possibilitando um equilíbrio final de juros mais baixos por mais tempo”, diz o relatório da equipe de Mario Mesquita.
“Cortes de juros menos cautelosos podem levar a uma eventual depreciação da moeda e piora nas expectativas de inflação, o que poderia cercear e, no limite, até interromper o processo de desinflação em curso”, alertam os profissionais do Itaú.
O que mais prestar atenção na reunião do Copom?
O encontro da semana do colegiado será o primeiro com os diretores indicados pelo governo Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o Banco Central: Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização)
Ou seja, os agentes financeiros estarão ainda mais atentos ao tom do comunicado e se a decisão será unânime ou não.
Balanços da semana: olho na Petrobras
Na cena corporativa, o mercado segue ligado na temporada de balanços do segundo trimestre. A semana tem entre os destaques os resultados da Petrobras e do Bradesco.
A petroleira e o banco informam seus números na quinta-feira (3), após o fechamento do mercado.
Também estão previstos os desempenhos trimestrais de TIM, Cielo, Klabin, Alpargatas e CCR. Veja aqui a nossa agenda.
E os juros nos Estados Unidos?
Na semana que passou, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 5,25% a 5,50%, mas deixou a porta aberta para não elevar mais a taxa.
O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que os dirigentes vão esperar os próximos dados de inflação e do mercado de trabalho para consolidarem o consenso de que o aperto monetário já é suficiente ou se será necessário um novo aumento de 0,25 ponto percentual até o fim de 2023.
Por isso, o payroll (dado oficial de emprego) de junho deve dar o tom nos mercados globais na sexta-feira (4). O indicador está previsto para sair às 9h30 e números dentro do consenso vão alimentar as projeções de que os juros nos EUA não vão subir mais.
Calendário econômico da semana – 31 de julho a 4 de agosto
Segunda (31)
06h: PIB do 2º trimestre da zona do euro
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
Balanços: TIM
Terça (1)
09h: Produção industrial de junho (IBGE)
Balanços: Cielo, Iguatemi, Klabin, Pfizer, Uber e Starbuck
Quarta (2)
18h: Decisão da taxa Selic e comunicado do Copom
Balanços: CSN, Prio, Suzano e Taesa
Quinta (3)
08h: Decisão de juros no Reino Unido (BoE)
Balanços: Ambev, Alpargatas, CCR, Cemig, Lojas Renner, Bradesco, Petrobras, Amazon e Alibaba
Sexta (4)
09h30: Payroll (relatório oficial de emprego) de julho nos Estados Unidos
Balanços: Berkshire Hathaway