XP melhora perspectiva para ações do Banco do Brasil (BBAS3): ‘Descontado mesmo em alta performance’

Aumento do preço-alvo ocorre após executivo do banco público ter reclamado de preconceito do mercado financeiro

A XP reiterou a recomendação de compra e subiu o preço-alvo das ações do Banco do Brasil (BBAS3) de R$ 61 para R$ 73. A melhora nas perspectivas vem após uma reclamação do vice-presidente financeiro e de relações com investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva.

Como a Inteligência Financeira destacou, o executivo apontou durante o Investor Day um suposto preconceito do mercado em relação à companhia. Isso porque, segundo ele e entre outros fatores, a instituição financeira tem mantido níveis de rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) em linha ou acima dos obtidos pelos concorrentes.

“O CFO do BB demonstrou a mesma dificuldade que temos em justificar por que o banco com o maior ROE do setor e perspectivas positivas continua sendo negociado com um desconto em relação aos seus pares”, escreve a XP em relatório assinado pelos analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre.

“Aproveitamos a oportunidade para atualizar nossas estimativas, levando em consideração os resultados de 2023, ao guidance para 2024 e as previsões macroeconômicas. Como resultado, nosso preço-alvo para o final de 2024 aumentou para R$ 73,0/ação (de R$ 61,0/ação) e mantivemos nossa recomendação de compra”, aponta o time de setor financeiro da plataforma de investimentos.

A tese da XP para comprar BBAS3

Ainda no relatório, titulado “O herói não aclamado – Descontado mesmo em alta performance”, os analistas da XP sustentam a recomendação de compra e a melhora no preço-alvo das ações do Banco do Brasil (BBAS3) em cinco pontos. São os seguintes.

Tecnologia como diferencial

“O banco destacou seus investimentos em tecnologia e como isso permitiu melhorar o atendimento aos clientes. Esses investimentos possibilitaram: i) melhorar o CRM; ii) entender mais profundamente as relações dos clientes e oferecer produtos mais precisos e limites de crédito; e iii) otimizar a resolução de problemas, levando a uma melhoria nos indicadores de reclamações do Banco Central do Brasil.”

Presença nacional

“O banco tem sinalizado repetidamente que o futuro está na combinação do físico e do digital. Embora o BB não tenha sinalizado planos de reduzir o número de agências, mostrou que pretende mudar a forma como presta serviços, permitindo capturar mais benefícios sem aumentar os custos. O banco acredita na capacidade de melhorar seu índice de eficiência atuando de forma mais sustentável e digital.”

Força das subsidiárias

“O BB apresentou um gráfico que mostra que em 2023 suas subsidiárias representaram aproximadamente 50% do resultado final. Empresas como BB Asset, BB Seguros, Banco Patagonia, entre outras. Isso nos leva a acreditar que a capacidade do banco de alavancar esses negócios é crucial para que o BB possa entregar um retorno (ROE) acima do custo de capital (Ke) no longo prazo.”

Lucro robusto

“O BB antecipa um crescimento de lucro de quase um dígito alto, apesar da forte concorrência dos neobanks e dos riscos econômicos, como taxas de juros mais baixas. A carteira de crédito demonstra uma melhoria notável, com uma composição equilibrada: cerca de um terço para pessoas físicas (ênfase em empréstimos para folha de pagamento do setor público), um terço para empresas e um terço voltado para o agronegócio. Essa carteira diversificada e bem gerenciada é crucial para garantir resultados robustos, priorizando segmentos mais lucrativos e de menor risco.”

Potencial de valorização

“Em nossa última atualização, indicamos que o ROE pode ter atingido seu pico em 2023. Após o quarto trimestre e a divulgação do Guidance para 2024, vemos o nível de ROE de 20%+ como factível também para 2024. Isso levou nosso preço-alvo para o final de 2024 a aumentar para R$ 73,0/ação, oferecendo um potencial de valorização de 26% e mantendo nossa recomendação de compra. Apesar de nossa visão positiva sobre o banco, ainda é difícil identificar gatilhos potenciais de curto prazo para os múltiplos descontados do BBAS3.”