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O aumento dos preços do ouro e da prata impacta negativamente as margens da Vivara (VIVA3). A empresa, que já enfrenta desafios de governança e alta de juros, viu o ouro atingir US$ 2,7 mil por onça/troy e a prata US$ 32 por tonelada. A Vivara precisa encontrar alta demanda no consumo de joias para compensar os custos elevados. Analistas apontam que a pressão sobre os resultados da empresa está apenas começando.
A Vivara (VIVA3) deve entregar resultados financeiros do terceiro trimestre marcados pelo aumento de lucro bruto e aumento de vendas nas mesmas lojas. A análise está em relatórios do Citibank e da XP Investimentos, com recomendações de compra do banco e da corretora para as ações da varejista de joias.
O Citi atualizou o preço-alvo da ação da Vivara de R$ 31 para R$ 33,50, aposta de alta de 25% do papel em relação ao preço de fechamento de segunda-feira. O banco cita que a varejista deve crescer 22% em vendas de mesmas lojas. Ao fazer coro, a XP continua a destacar a marca Life, vitrine de prata da Vivara, como carro-chefe das vendas.
Citi espera 3º trimestre da Vivara (VIVA3) com redução de custos
Para o Citibank, a Vivara tende a apresentar um terceiro trimestre com aumento de margem bruta e diminuição de custos operacionais e administrativos. A companhia, na visão do banco, “tem inciativas para torná-la mais ágil e mais enxuta”.
Assim, o Citi projeta um crescimento de vendas líquidas e lucro bruto da Vivara para o terceiro trimestre, ou seja, uma expansão de top line.
Os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo, do Citi, destacam o brilho da Life no resultado. A receita bruta da marca deve crescer 57% em comparação com o terceiro trimestre de 2023.
Soma-se ao bom desempenho de vendas um corte de despesas administrativas, e o Citi vê aumento de margem operacional de 100 pontos-base na comparação anual.
“Vemos um ponto atrativo de entrada para a ação, com preço sobre lucro de 11,1 vezes”, diz o Citi.
Já a XP Investimentos destaca que o aumento de participação da Life nos resultados é positivo e “resulta da decisão estratégica da companhia em fortalecer os níveis de estoque das lojas”.
“Espera-se que o lucro líquido da Vivara atinja R$ 83 milhões no terceiro trimestre, impactado por impostos mais altos”, afirma a equipe de analistas liderada por Daniela Eiger, head de varejo da XP.
Na Perfin Asset, a estimativa para o lucro líquido da Vivara (VIVA3) é de R$ 82 milhões, com crescimento de 6% na comparação anual. É o que destaca o analista de equities da gestora, Davi Malveira.
Mas mercado prevê impacto de preços de ouro e da prata
O aumento relevante dos preços de ouro no mercado global se apresenta, por outro lado, como um dilema para as ações da Vivara (VIVA3). A companhia, que já enfrenta desconfiança sobre sua governança executiva, viu o valor das principais matérias-primas usadas em joias disparar.
A Vivara lida principalmente com ouro em sua marca principal, enquanto a Life fornece peças com foco na prata.
Além do ouro ter chegado à máxima de US$ 2,7 mil onça/troy em setembro, a prata atingiu o preço de US$ 32 por tonelada em outubro, o maior em mais de dez anos. Analistas indicam que o movimento de alta dos metais preciosos pode diminuir as margens da Vivara, conhecida por ser um relógio suíço nos resultados.
Por enquanto, as ações da Vivara (VIVA3) caem quase 20% em 2024. A cotação do papel atualmente é R$ 27,12. O preço era de R$ 24 por ativo quando a empresa lançou o IPO. Isso em 2019.
No fim, a alta do ouro e da prata têm efeito negativo sobre o que a Vivara gasta e arrecada: ou seja, na margem de receita pelo lucro líquido, aponta Thiago Guedes, analista de produtos da Bridgewise.
“Vivemos incerteza sobre curva de juros futura”, comenta João Daronco, analista da Suno Research. A iminência de um ciclo de alta da Selic se traduz, segundo Daronco, em “maior dificuldade em repassar preços, o que justificaria a queda da Vivara” na bolsa.
Apesar da pequena diferença em preço na cotação da ação, o lucro da Vivara subiu 50% desde o IPO, argumenta Malveira,da Perfin Asset.
E o impacto da alta do ouro está só começando.
Mercado pondera impacto do ouro na Vivara à frente
A varejista de joias tem, dentro de sua operação, uma forma inédita de lidar com excesso de estoque.
Isso porque a empresa, conforme seu balanço, derrete linhas de joias descontinuadas ou adquiridas de clientes.
“É uma competência que ajuda a Vivara a ter um diferencial de não ter tanto estoque e reutilizar o valor da matéria-prima”, diz Malveira.
Mas os resultados financeiros, por enquanto, não absorveram o impacto dos preços recordes do ouro e nem da prata.
“A despesa da Vivara com ouro no terceiro trimestre virá de um estoque do metal que foi acumulado antes da alta”, aponta o analista da Perfin. “Esse delay possibilita à empresa reprecificar os produtos de forma correta. Mas a demanda é um ponto de atenção.”
Isso significa que a Vivara (VIVA3) precisa encontrar alta demanda no consumo de joias para compensar a disparada de custo com metais. “Se demanda não responder, aí perde o preço e cede a margem.”
“Os resultados da Vivara podem ser pressionados pelo ouro em alta, até porque não há sinalização de mudança de tendência do preço no longo prazo” aponta Guedes.