O momento é bom para investir em ações. Só que nos Estados Unidos, dizem gestores da ClearBridge

À Inteligência Financeira, Corey Hardie e Jeffrey Layn, da ClearBridge, que administra US$ 187,9 bilhões em investimentos, explicam por que o mercado de ações nos EUA vai continuar pulsante

Enquanto no Brasil o mercado de renda variável patina, nos Estados Unidos (EUA) os principais índices de ações das bolsas de valores de Nova York registram recordes de ganhos. Para além disso, segundo a ClearBridge, maio foi o mês em que as empresas listadas em NY também bateram recordes de recompras de ações. No total, 154 companhias anunciaram US$ 201 bilhões em recompras.

Segundo o banco Goldman Sachs, as recompras de ações nos EUA devem crescer 13% em 2024 ante o ano passado. O recado aqui é: as empresas nos Estados Unidos avaliam que suas ações estão baratas e estão confiantes com relação às perspectivas de lucros futuros. Para o investidor brasileiro o recado é: avalie investir em BDRs e considere ETFs que espelhem os índices das bolsas de NY.

É neste contexto que a Inteligência Financeira entrevistou, em Nova York, Corey Hardie e Jeffrey Layn, ambos diretores da ClearBridge. A conversa aconteceu durante o período da Itaú BBA CEO Conference. O resultado desta entrevista é um episódio extra do nosso podcast PodInvestir.

A gestora, cujo foco é o mercado de ações, administra um portfólio de US$ 187,9 bilhões, segundo seu último informe datado de 31/3/2024. Este capital está distribuído em 25 carteiras de ações, cujas teses de investimentos vão de small caps a bluechips, tanto em ações de valor (empresas mais tradicionais, disparado a maior proporção do capital investido) quanto de crescimento (negócios que podem crescer).

Carteira de ações ideal

Enquanto Corey é responsável por garantir a rentabilidade dos investimentos dos clientes da ClearBridge, Jeffrey atua como estrategista-chefe da gestora. Cabe a ele orientar o time da ClearBridge sobre oportunidades para alocar o capital dos clientes.

Corey se diz menos deslumbrado com ações que surfam o frenesi da inteligência artificial. A ClearBridge, claro, investe em Nvidia (NVDC34), Apple (AAPL34) Microsoft (MSFT34) e Google (GOGL34). “Mas acreditamos em ações mais estáveis. O crescimento a qualquer preço estará sob maior escrutínio daqui pra frente”, diz Corey.

Com isso, ele quer dizer que a ClearBridge é conservadora quando se trata de investir em tecnologia, alocando menos capital em ações de crescimento. Por outro lado, a ClearBridge gosta de empresas como Visa (VISA34), na qual aumentou sua alocação recentemente.

Ações que pagam dividendos

Jeffrey justifica a escolha da Visa por estarmos caminhando para uma ‘cashless society’, uma sociedade global que não vai mais usar cédulas de dinheiro.

No entanto, no fundo, a escolha da Visa tem a ver com a preferência da ClearBridge por ações que recompensam seus investidores pagando bons dividendos. A Visa, segundo seus próprios informes ao mercado, aumentou seus dividendos anualmente durante 15 anos consecutivos.

A maior carteira de investimentos da ClearBridge tem US$ 46,2 bilhões investidos em três tipos de empresas, que a gestora classifica como estáveis, selecionadas e cíclicas. ‘Todas elas pagam dividendos e tem potencial para aumentar significativamente a distribuição de lucros’, diz Jeffrey. No vídeo, Jeffrey explica e dá exemplos sobre ações estáveis, selecionadas e cíclicas.

A ClearBridge também gosta de investir nos índices de ações. E tem como referência principalmente o S&P 500, o Russell e o Russell Growth.

Cenário à frente

Tanto Corey quanto Jeffrey ecoam uma crença da ClearBridge, de que os juros nos Estados Unidos vão permanecer altos por mais tempo. Embora este cenário, no momento, beneficie os títulos do Tesouro americano, com a queda gradual dos juros, as ações tendem a remunerar ainda melhor seus investidores, defendem.

Para Corey, há uma mudança em curso no comportamento do investidor, que até bem pouco tempo privilegiava empresas de rápido crescimento (expresso em seu valor de mercado).

‘Agora, o interesse tem sido maior por empresas que remuneram melhor seus acionistas’, diz. Ouvi esta mesma opinião do vice-presidente da bolsa de Valores de Nova York, John Tuttle.

Para além disso, Corey destaca a força do mercado consumidor americano, que continua impulsionando, nos Estados Unidos, ações do varejo.

Armadilhas ao investir em ações

Na entrevista completa que você confere no vídeo, Corey fala ainda sobre as armadilhas mais frequentes em que os investidores caem.

Jeffrey, por sua vez, que você acompanha na segunda metade da entrevista, estudou durante um bom tempo o que faz uma grande empresa.

Ele queria saber onde investir com segurança. Na entrevista, você confere a conclusão do estudo conduzido por Jeffrey.