Gol (GOLL4): ações ainda podem afundar mais de 50%, projeta BB Investimentos

Banco avalia que a recuperação judicial nos EUA protege operações da aérea, mas terá um alto custo para os acionistas

As ações da Gol (GOLL4) prolongavam o movimento negativo no pregão desta segunda-feira (29) na B3. Por volta das 16h40, os papéis da aérea recuavam 19,43%, a R$ 4,77, enquanto o Ibovespa perdia 0,58%.

Assim, o tombo acumulado da empresa no ano já estava na faixa de 46%. Muito acima da queda – até aqui – de 4,40% do índice de referência da bolsa de valores brasileira.

E o buraco para ações da Gol pode ser ainda mais fundo, avalia o BB Investimentos (BB-BI).

GOLL4 em queda livre

Relembrando, a companhia acionou voluntariamente o “Chapter 11” no Tribunal de Falências dos Estados Unidos na semana passada.

Esse é um processo semelhante à recuperação judicial no Brasil.

Diante do fato, em relatório assinado pelo analista Luan Calimério, o BB-BI recomendou a venda das ações e baixou o preço-alvo para R$ 2,40 ao final de 2024.

Considerando a cotação da aberta da sessão desta segunda, de R$ 5,80, o potencial de desvalorização do papel até o encerramento do ano superava 50%.

Como o BB vê a recuperação judicial

No relatório, o braço de investimentos do Banco do Brasil reitera que o pedido tem por objetivo equalizar a situação financeira da Gol.

O analista destaca no texto que, conforme demonstrativos do 3T23, a companhia possui cerca R$ 20 bilhões em dívidas (financeiras e de arrendamento).

Sendo aproximadamente R$ 3 bilhões vencendo no curto prazo. Além de caixa e equivalentes de caixa de quase R$ 900 milhões.

“Em nossa visão, tal medida é protetiva para a empresa pois as condições para continuidade das operações e recuperação são, historicamente, mais favoráveis no processo americano do que no brasileiro”, avalia o BB-BI.

“De modo geral, há maior preservação dos ativos essenciais às atividades da companhia (no caso da Gol, as aeronaves), o que proporcionaria manutenção da oferta de voos e maior probabilidade de geração de caixa para futura saída do processo”, prossegue a análise de Luan Calimério.

“Entretanto, apesar de protetiva para a empresa, estimamos que tal medida virá a um alto custo para os acionistas”, afirma o especialista no texto.

Finalmente, o BB-BI cita o risco de diluição como ponto-chave na recomendação de venda das ações da Gol.

“(Considerando) a magnitude do endividamento da companhia em relação à geração de caixa. É concreta a possibilidade de que parte da dívida seja convertida em ações”, aponta o relatório.

“Em um cenário base onde o controlador (ABRA), que possui ~US$ 1,2 bilhão em títulos de dívida, realize tal conversão, estimamos um fator de diluição acima de 60% para os acionistas correntes, com preço-alvo reduzindo a R$ 2,40”, continua o analista.

“Por isso, acreditamos que a relação risco/retorno neste momento é desfavorável para o investidor e, para evitar destruição de valor, sugerimos a saída do papel”, completa.