Dividendos de Taesa (TAEE11) devem diminuir a partir de 2024, prevê mercado

Entre alto grau de alavancagem e risco de renovação de contratos, mercado estima que Taesa (TAEE11) deve cortar dividendos para reforçar caixa

Apesar de anunciar o pagamento de R$ 390 milhões em proventos adicionais nesta quinta-feira (7), a Taesa (TAEE11) deve reduzir a marcha nos dividendos a partir de 2025.

É o que preveem analistas do mercado financeiro.

Segundo eles, a receita e o endividamento da empresa devem forçar uma baixa nos dividendos da Taesa, principalmente porque a transmissora deve usar o dinheiro para aquisições e para reforçar o caixa. A remuneração de 80% do lucro, assim, não é sustentável sob a ótica do mercado.

Acompanhada de uma queda de dividendos, o mercado prevê uma desvalorização da ação.

O papel, que rendeu 131% nos últimos 5 anos, obteve retorno de 4,57% nos últimos 12 meses. Assim, Itaú BBA, BTG e XP Investimentos recomendam a venda no papel, com Taesa (TAEE11) caindo na ponta vendedora da Faria Lima, o buy side.

Quanto a Taesa (TAEE11) vai pagar de dividendos em 2024?

De acordo com o BTG Pactual, a Taesa (TAEE11) deve pagar uma margem de dividendos por ação de 4,8% em 2024, uma queda em relação à margem anualizada de 9,5% de 2023.

Esse patamar foi alcançado na última quinta-feira, quando a companhia anunciou uma parcela de proventos adicionais e referentes ao exercício do ano passado.

A mesma previsão de redução de dividendos é compartilhada pelo Itaú BBA. Em relatório, analistas liderados por Marcelo Sá explicam que a Taesa deve sofrer pressões para repassar uma fatia menor do receita em IFRS em 2024.

A companhia, afirmam analistas, deve ser pressionada pelo alto grau de endividamento e de custo de capital com novos projetos.

A previsão mais pessimista para os dividendos da Taesa (TAEE11)

Mas as previsões pessimistas para os dividendos da Taesa não param por aí. Analistas ouvidos pela Inteligência Financeira explicam que a companhia deve continuar com margens pressionadas em 2025.

A Taesa possui um grau de endividamento considerado alto dentro da média do setor de energia, avalia Vicente Koki, analista da Mirae Asset Brasil.

Atualmente, a dívida líquida da empresa equivale a 3,7 vezes o seu lucro operacional ajustado, o Ebitda. Ou seja, a Taesa precisaria de 3 anos e 7 meses para quitar obrigações relacionadas à dívida, considerando apenas o Ebitda.

De acordo com Koki, esse grau de endividamento deve acarretar “em queda de dividendos pelos próximos anos”. Ele afirma que a média da dívida líquida sobre Ebitda de empresas de energia da bolsa é de 1,5 vezes. “Para Taesa, essa dívida pode ultrapassar 4 vezes o Ebitda”, prossegue.

Na outra ponta, o analista da Mirae Asset prevê um aumento do custo de aquisição de capital (CAPEX, na sigla em inglês). “Projetos da Taesa que já estão em construção vão demandar um investimento acima de R$ 3 bi nos próximos 3 anos”, afirma Koki. Assim, ele prevê que “a Taesa (TAEE11) deve ficar apertada” ao equacionar a distribuição de dividendos.

Por outro lado, uma vez concluídos, os seis projetos de transmissão atualmente investidos pela Taesa (TAEE11) devem gerar uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 755 milhões. Sobretudo, se renovar as concessões atuais, os contratos terão reajuste pelo IPCA ao invés do IGP-M, destaca Gabriel Henrique, analista da Ticker Research.

Conforme projeções de Henrique, os dividendos da Taesa (TAEE11) devem encolher também em 2025. No ano que vem, a projeção é de um dividend yield de 5% a 6%, com base numa projeção de R$ 1,3 bilhão de lucro (IFRS), com payout de 50%. “Seria muito prudente pela parte da empresa de cortar dividendos”, diz o analista.

Contudo, quem está mais otimista para os dividendos da Taesa em 2025 é o BTG, cuja estimativa é de um yield de 11,3%, acima do patamar atual pago por ação.

O que aconteceu com as ações da Taesa (TAEE11)? O buy side

A ação, ‘queridinha’ do investidor de varejo pelo alto fluxo de dividendos, hoje está na ponta vendedora do mercado financeiro. De acordo com a Broadcast, enquanto 71% dos analistas têm recomendação neutra, outros 29% sugerem a venda do papel.

No buy side estão BTG Pactual e Itaú BBA.

De acordo com o BTG, a ação da Taesa (TAEE11) deve se desvalorizar de R$ 35 para R$ 34,60 em 2024. O investimento na ação não compensa porque, segundo a equipe liderada por João Pimentel, a taxa de retorno sobre aporte é “nada atraente”.

“Acreditamos que existem alternativas com valuation mais atraente (alguns com dividend yield ainda melhores) no setor (de Energia)”, afirma o banco em relatório.

Ao mesmo tempo, o Itaú BBA diz que a ação deve ‘sofrer impacto de aperto da alavancagem’ até 2026.

O lado ‘neutro’ do mercado para a Taesa

A Ativa Investimentos, por sua vez, tem recomendação neutra para as ações da Taesa (TAEE11), mesmo rating da Mirae Asset.

Mas a impressão dos resultados para a corretora foi “levemente negativa”. A Taesa (TAEE11) obteve lucro líquido de R$ 301 milhões no quarto trimestre, levemente abaixo do que projetava a Ativa.

Parte do motivo que levou a ação ao buy side, a receita da transmissora foi afetada negativamente pelo IGP-M em 2023. O índice acumula queda de 3,76% em 12 meses.

Koki, da Mirae, disse que prefere acompanhar a trajetória da empresa neste ano antes de modificar a recomendação para o papel.

Como nota o analista de Investimentos do AndBank, Fernando Bresciani, o IGP-M teve uma variação negativa superior ao IPCA em 2023.

“Isso fez com que a expectativa da ação ficasse para baixo e fez com que bancos recomendassem venda, até porque não há upside“, destaca.

Mas Bresciani vê uma luz no fim do túnel para o papel.

“Acho que a Taesa pode andar na bolsa quando você tiver uma sintonia maior entre IPCA e IGP-M, lá na frente. E também quando a inflação e os preços de energia subirem”, conclui. Isso deve fazer com que o mercado retorne ao papel.