Jereissati: principal desafio da Ambev (ABEV3) em 2024 deve ser tributário

Em 2023, a Ambev pagou algo em torno de R$ 33 bilhões em tributos, quase R$ 11 bilhões em federais; empresa teme também mudanças no JCP

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (29), o Itaú BBA destacou que os números da Ambev (ABEV3) para o quarto trimestre do ano passado vieram abaixo do esperado e que a teleconferência de resultados teria como assunto central as perspectivas da empresa para 2024.

Nesse sentido, o CEO, Jean Jereissati, afirmou que a empresa confia no crescimento das suas marcas premium e na capacidade de assegurar market share nas marcas core, como Skol, Budwiser e Original.

Por outro lado, destacou o impacto negativo que o aumento de impostos pode ter sobre o resultado final da empresa ao longo deste ano.

“Talvez nosso principal desafio esteja relacionado a tributos”, disse Jereissati.

Assim, em 2023, a Ambev pagou algo em torno de R$ 33 bilhões em tributos, quase R$ 11 bilhões federais e outros R$ 22 bilhões em impostos estaduais e municipais.

“Nossa alíquota efetiva foi maior que em 2022, principalmente devido a maiores lucros na Argentina, República Dominicana e Canadá”, explica o CEO.

Mudanças do JCP preocupam Ambev (ABEV3)

Dessa forma, outro motivo de preocupação está relacionado com a dedutibilidade do JCP no Brasil.

O efeito das restrições que pode haver com relação ao pagamento desses proventos para a Ambev (ABEV3) “ainda não está totalmente claro”. Isso segundo o executivo.

Resultados

A Ambev (ABEV3) apresentou lucro líquido consolidado de R$ 4,528 bilhões no quarto trimestre de 2023, o que representa uma queda de 10,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa também divulgou lucro líquido ajustado, de R$ 4,667 bilhões, montante 11,9% menor que o apurado um ano antes. 

Assim, segundo o Itaú BBA, a Ambev reportou lucro operacional caixa (Ebitda) de R$ 7,2 bilhões no quarto trimestre 2023, ou 4% abaixo da estimativa do banco e 6% aquém da projeção do mercado. O lucro líquido da companhia ficou 2% abaixo do esperado, parcialmente compensado por menores despesas financeira e impostos.

A Ambev afirmou que seus resultados para América Latina foram impactados principalmente pela desvalorização cambial na Argentina. “No entanto, nossa preparação valeu a pena e conseguimos gerar um maior fluxo de caixa em dólares do que em 2022”, destaca.