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Carrefour (CRFB3) cai no Ibovespa com boicote de frigoríficos e restaurantes; analistas veem prejuízo em vendas
Empresas citadas na reportagem:
As ações do Carrefour (CRFB3) amanheceram nesta segunda-feira (25) no Ibovespa com queda na esteira do boicote de frigoríficos, bares e restaurantes à rede após comentários do CEO global, Alexander Bompart, de que a compra de carnes da região do Mercosul seria suspensa. O comentário, feito na quarta-feira, levou à suspensão de fornecimento de proteínas pela JBS, que responde por 80% do fornecimento do produto ao Carrefour.
Analistas temem impacto do boicote de JBS, além de outros frigoríficos como Marfrig e Masterboi, ao Carrefour. Na ponta final, a rede varejista pode sofrer com desabastecimento primeiro e, em seguida, com queda de receita pela falta de venda de carnes. Para o BTG, o movimento de empresas brasileiras prejudica a francesa justamente em momento de inflação em alta para a carne.
Boicote ao Carrefour (CRFB3): o que aconteceu?
Na noite de quarta-feira, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, comunicou em perfil de rede social que suspenderia a venda de carnes vindas da região do Mercosul pela divisão francesa da varejista.
O Mercosul é um bloco que inclui entre membros Brasil, Argentina e Uruguai.
A decisão do executivo foi tomada em favor de agricultores franceses, que protestam contra a importação de insumos agrícolas do bloco sul-americano. O grupo também é contra o acordo entre Mercosul e a União Europeia.
No Brasil, a mensagem de Bompard sofreu retaliação com boicotes que não se limitam ao Carrefour. Ele atinge também outras marcas do grupo, como Atacadão e Sam’s Club.
Os frigoríficos JBS, Marfrig e Masterboi foram os primeiros a aderir ao boicote. Em seguida, associações como a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) emitiram nota sugerindo a adesão de mais frigoríficos ao boicote ao Carrefour (CRFB3).
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também assinaram o comunicado.
Além do setor de alimentos e agrícola, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo), incentivou 500 mil empresas do ramo a boicotarem o Grupo Carrefour, de acordo com um comunicado divulgado pela entidade.
Além disso, nesta segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu “dar uma resposta clara ao protecionismo da França”.
Boicote pode gerar perda de receita ao Carrefour, dizem analistas
As ações do Carrefour (CRFB3) amanheceram nesta segunda-feira com queda superior a 2% no Ibovespa. Às 12h10, o papel permanece no campo negativo, mas a desvalorização amenizou para -1,66%.
De acordo com analistas, as falas do CEO do Carrefour representam um ‘tiro no pé’ porque o Brasil é o segundo maior mercado da rede de supermercados do mundo. Excluindo a própria França, que é o principal.
O boicote é negativo para as ações do Carrefour porque, segundo Tiago Maciel, analista da EQI Research, a venda de carne bovina representa entre 4% e 5% do volume total da rede no Brasil.
“O que já seria relevante”, comenta Maciel. O analista ressalta que o final de ano é “um período extremamente relevante para as operações de supermercados”.
“Mais do que isso, achamos que o impacto pode ser muito mais abrangente por afetar o fluxo de consumidores nas lojas da rede. Vemos a possibilidade de clientes buscarem outras redes que lhes ofereçam cestas de produtos sem restrições”, completa.
Em relatório, o BTG Pactual aponta que a restrição de fornecedores pode afetar “a perspectiva positiva para vendas do quarto trimestre” do Carrefour (CRFB3). Analistas avaliam que o boicote chega em momento favorável na dinâmica de preços de carnes.
Em outubro, o Índice de Preços Amplos ao Consumidor (IPCA) registrou alta de 8,33% no preço de carnes em 12 meses. O BTG cita que o setor de proteínas como um todo representa 10% do total de vendas de Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.
Para João Daronco, analista da Suno Research, o boicote “sem dúvidas deve impactar resultados do Carrefour (CRFB3)”.
“É difícil saber quanto vai durar, mas devemos ver queda nas vendas para o próximo trimestre. A parte de carnes é relevante quando o consumidor decide em qual supermercado ele vai comprar”, afirma Daronco.
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