BTG: XP (XPBR31) está ‘de volta ao jogo’ após 1º trimestre ‘melhor que o temido’

Credit Suisse vê uma melhor 'eficiência de custos com um redimensionamento bem-vindo dos negócios'

A XP Inc. (XPBR31) está “de volta ao jogo” após um primeiro trimestre “melhor do que o temido”, escrevem analistas do BTG Pactual ao comentar os resultados companhia. Uma melhor “eficiência de custos com um redimensionamento bem-vindo dos negócios”, mas uma captação líquida em queda que não deve “impulsionar uma recuperação acelerada das receitas em 2023”, segundo análise do Credit Suisse.

O BTG tem, contudo, indicação “neutra” para os papéis – até por conta do rali recente -, enquanto o Credit Suisse mantém a classificação de baixo desempenho (“underperform”).

Com os juros altos atrapalhando o fluxo de dinheiro novo para a XP e os esforços para a redução de custos, Marcelo Telles e Daniel Vaz, do CS, acreditam que no consolidado de 2023 o mais viável é que a XP atinja o limite inferior da estimativa de lucro, entre R$ 3,8 bilhões e R$ 4,4 bilhões.

“Ainda vemos um núcleo impactado (captação líquida mais lenta e forte declínio sequencial da receita de serviços), que não deve impulsionar uma recuperação acelerada nas receitas em 2023, especialmente considerando o ambiente de taxas de juros ainda altas e o comentário do CFO da XP [Bruno Constantino] sobre não ver clientes ansiosos para investir, mas para manter a poupança em instrumentos líquidos.”

Na segunda-feira (15), a XP reportou um lucro líquido de R$ 796 milhões, com alta de 2% no trimestre e queda de 7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho superou as expectativas do CS, por conta de receitas mais fortes e despesas operacionais menores.

Excluindo-se o prejuízo não recorrente com títulos da Americanas, de R$ 131 milhões, o resultado contábil seria de R$ 927 milhões. O Ebitda ajustado caiu 2,4% no trimestre, implicando numa diluição da margem em 40 pontos básicos, a 34,1%.

A receita líquida caiu 1% no trimestre, para R$ 3,134 bilhões, vindo 8,8% acima do que o CS previa. No varejo, as rendas aumentaram 1% no trimestre, resultado de uma atividade mais forte do cliente e do desempenho dos assessores.

Já as despesas caíram 7,7% no trimestre e 17% na comparação anual para R$ 1,090 bilhão, pela redução do quadro de funcionários (em 782 pessoas no trimestre) e cancelamento de RSU (restricted share units, concedidas semestralmente), levando a conta com compensações por ações ser reduzida, mas de forma não recorrente.

Os analistas do BTG observaram receitas melhores do que o esperado, apesar de vários ventos contrários, com fraco desempenho na intermediação de ações e derivativos, mas uma melhora trimestral nas operações de renda fixa.

A base de custos veio muito baixa, com queda de 8% nas despesas administrativas gerais no trimestre e de 17% em relação a igual período em 2022. A XP diminuiu o quadro de pessoal de 6.928 para 6.146 pessoas de janeiro a março, o que contribuiu para uma redução significativa das despesas com bônus, com recuo de 13% no trimestre.

Os analistas do BTG questionam o quão recorrente será essa melhora e com várias partes “móveis” no desempenho, e dizem ter dificuldades de projetar o resultado final recorrente da XP.

Notam que as ações vêm sendo negociadas com um preço/lucro (P/L, que dá uma ideia do prazo de retorno do capital] de 11,6 vezes para 2023 e um preço sobre o patrimônio (P/BV) de 2,7 vezes, múltiplos mais baratos em comparação com a avaliação histórica e “pouco exigentes” se assumir que a XP retoma o crescimento dos ganhos a partir de 2024, escreve o BTG.

“No entanto, entender os resultados recorrentes ou a lucratividade da XP a partir de agora não é uma tarefa fácil. A empresa acabou de passar por um processo de ‘layoff’ muito grande (é este o tamanho certo para o futuro?), está reavaliando/repensando seu modelo de parceria (que pode levar a custos mais altos para reter os melhores talentos), tornou-se mais intensiva em capital (ROE caiu para menos de 20% no primeiro trimestre versus mais de 30% há dois anos) e, naturalmente, não será crescendo a captação líquida no mesmo ritmo de antes (com novas entradas, que tendem a ter rendimentos mais altos, ficando mais diluídas à medida que o ativo sob custódia cresce).”

Os analistas do BTG dizem preferir colocar a aposta na recuperação do mercado de capitais nos ativos da B3, mas reconhecem que a XP está de volta ao jogo.

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