Bolsas da Europa fecham em queda com temores sobre aperto monetário

Dados de emprego no Reino Unido indicam que o mercado de trabalho tem pouca folga, o que deve continuar alimentando a inflação no país

As bolsas europeias fecharam em queda, apesar de uma recuperação das bolsas americanas, ainda pressionadas pelos temores de recessão econômica global, agravados hoje pelo receio de que o mercado de trabalho apertado no Reino Unido forçará o Banco da Inglaterra (BoE) a elevar os juros agressivamente para conter a inflação.

Após ajustes, o Stoxx Europe 600 fechou em queda de 0,56%, a 387,95 pontos. O FTSE 100, índice de referência da bolsa de Londres, recuou 1,06%, a 6.885,23 pontos, na ponta negativa do continente, enquanto o DAX, de Frankfurt, caiu 0,43%, a 12.220,25 pontos, e o CAC 40, de Paris, cedeu 0,13%, a 5.833,20 pontos. Em Milão, o FTSE MIB fechou em queda de 0,87%, a 20.730,50 pontos, e o Ibex 35, de Milão, recuou 0,78%, a 7.355,90 pontos.

A taxa de desemprego do Reino Unido ficou em 3,5% nos três meses até agosto, abaixo dos 3,8% revisados no período de três meses anterior e em novas mínimas desde os anos 1970, de acordo com dados divulgados mais cedo. O número contrariou a expectativa de consenso, de alta a 3,6%, e segue indicando que o mercado de trabalho britânico tem pouca folga, o que deve continuar alimentando a inflação no país.

“No fim das contas, o Banco da Inglaterra deve ver estes dados pela lente de falta de mão-de-obra, que não parece estar melhorando”, diz James Smith, economista de mercados desenvolvidos do ING, em nota. “A conclusão é que, se o Banco da Inglaterra quiser agir de maneira forçosa na sua reunião de novembro, então estes números de empregos não devem impedi-lo. Ao invés disse, se teremos uma elevação de juros de 0,75 ou 1,0 ponto percentual dependerá das condições mais amplas dos mercados financeiros e se o governo será capaz de acalmar os investidores sobre a sustentabilidade da dívida”.

Hoje, o BoE também anunciou uma intervenção nos mercados de títulos hoje e alertou para um “risco material” para a estabilidade financeira do Reino Unido. O banco central do Reino Unido disse que ampliará sua compra de títulos de emergência para incluir gilts indexados – títulos com taxas de empréstimo vinculadas à inflação – até sexta-feira, em uma tentativa de restaurar as condições de mercado.

Perto do horário de fechamento das bolsas europeias, a libra operava em alta de 0,68%, a US$ 1,11534, enquanto o euro subia 0,40%, a US$ 0,97506. No mesmo horário, o índice DXY operava em queda de 0,43%, a 112,659 pontos.

Os investidores voltam a atenção, também, para os Estados Unidos e seguem à espera da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), na tarde de amanhã, dos dados de inflação ao consumidor americano de setembro, na quinta-feira, e do início da temporada de balanços corporativos americanos do terceiro trimestre, na sexta-feira.

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