Ibovespa cai 1%, mas mantém 127 mil pontos após pressão do exterior

Bolsa de valores hoje operou em queda desde o início da manhã com payroll no radar; dado foi 'banho de água fria' no mercado brasileiro

A bolsa de valores hoje começou o dia em queda e manteve o tom pessimista durante o pregão. Investidores ficaram mais cautelosos com dados do payroll dos Estados Unidos, indicador oficial de abertura de empregos no país. Assim, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 1,01%, a 127.182,25 pontos, enquanto o dólar ganhou fôlego contra o real. Na semana, o índice recuou 1,38%.

A moeda norte-americana, na contramão do Ibovespa, subiu mais de 1%. Analistas afirmam que a alta do câmbio também veio após a divulgação do payroll no exterior, sinalizando apetite de risco menor fora da economia americana, que mostra resiliência. O dólar subiu 1,07% frente o real, cotado a R$ 4,9683.

Veja os destaques do Ibovespa nesta sexta-feira (2).

Ibovespa hoje

O Ibovespa registrou uma queda generalizada nesta sexta, mostrando que o investidor operou sob cautela com pressões do cenário externo.

Os dados do payroll vieram acima da expectativa do mercado, explica Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos. Isso levou a uma desvalorização geral das bolsas, tanto no Brasil quanto nos EUA. “O movimento de corte de juros (nos EUA) não deve acontecer de maneira tão acelerada quanto o mercado gostaria”, acrescenta.

Por aqui, o dado levou a uma alta na curva de juros futura, acompanhando a abertura dos Treasuries nos EUA. A taxa do contrato de DI futuro para 2027 avançou 85 pontos-base, enquanto a taxa para 2028 subiu 95 bps.

A expectativa do mercado de cortes de juros acontecerem em março minguou com o payroll. “O Ibovespa afundou conforme a realidade, que se mostra dura e pode justificar cada vez mais a postergação do início de cortes de juros nos EUA”, diz Alexsandro Nishimura, economista da Nomos Capital.

No exterior, as big techs ajudaram as bolsas de Nova York a reverterem a queda. No Ibovespa, por outro lado, as principais quedas foram de ações mais sensíveis aos juros.

Entre as baixas, o destaque ficou com a ação da Cogna (COGN3). O papel foi à mínima do ano, de R$ 2,51, após o BTG Pactual indicar em relatório que a companhia deve continuar pressionada na geração de caixa a acionistas.

A Gerdau (GGBR4), por outro lado, teve alta de 2,38% após um relatório do banco Goldman Sachs recomendar a compra do papel. A ação da Gerdau Metalúrgica (GOAU4) acompanhou a valorização do papel, subindo 1,52%.

Dólar hoje

A moeda norte-americana terminou o pregão de hoje em forte alta contra o real. O dólar subiu 1,07%, cotado a R$ 4,9683. Na máxima, o câmbio chegou próximo de R$ 4,98, mas perdeu força ao longo do pregão.

Mesmo assim, especialistas apontam que o principal motivo foi a divulgação do payroll, nesta sexta. “Quanto mais tardio for o início da redução dos juros pelo Fed, maior o benefício para o dólar”, afirma Luis Felipe Bazzo, CEO do Transferbank. O dado de emprego acima do esperado “justifica uma postura cautelosa” pelo banco central americano.

Da mesma maneira, no cenário global, a divisa dos EUA ganhou força em relação a outras moedas importantes, como o iene e o euro. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a pares internacionais, subia 0,47%, a 103,922 pontos.

Melhores ações da bolsa de valores

A ClearSale (CSLA3) teve a maior alta da bolsa de valores hoje, considerando todos os índices da Bovespa. A ação da empresa de software subiu 11,26%, impulsionada por um forte fluxo de compra do banco Morgan Stanley.

Confira a seguir as cinco principais altas da Bovespa nesta sexta-feira (2). A lista foi elaborada considerando todos os índices da B3 e apenas papéis com volume de transação de R$ 1 milhão ou mais no intraday.

  1. ClearSale ON (CSLA3): +11,26%
  2. Recrusul PN (RCSL4): +8,70%
  3. Viver ON (VIVR3): +4,12%
  4. Banco Pan PN (BPAN4): +4,10%
  5. Helbor ON (HBRE3): +3,95%

Piores ações da bolsa

Por outro lado, a pior ação da bolsa foi a Mitre (MTRE3). Os papéis da companhia desabaram 7,87% na bolsa de valores hoje.

Veja abaixo as cinco piores ações da Bovespa. O ranking segue o mesmo critério dos melhores papéis.

  1. Mitre ON (MTRE3): -7,87%
  2. Cogna ON (COGN3): -6,94%
  3. Gafisa ON (GFSA3): -6,81%
  4. Gol PN (GOLL4): -6,72%
  5. Qualicorp ON (QUAL3): -6,67%

Bolsas de Nova York

As bolsas de Nova York fecharam em alta, com o Dow Jones e o S&P 500 em patamares recordes, após os ganhos se acelerarem durante a tarde desta sexta-feira.

As ações de tecnologia induziram o clima positivo em Wall Street, com um salto de mais de 20% da Meta em reação a projeções acima das expectativas e do anúncio de um inédito pagamento de dividendo pela companhia dona do Facebook. O cenário se sobrepôs a incertezas sobre cortes de juros nos EUA.

Assim, o índice Dow Jones avançou 0,35%, aos 38.654,42 pontos. O S&P 500 ganhou 1,07%, aos 4.958,61 pontos enquanto o Nasdaq subiu 1,74%, para os 15.628,95 pontos.

Na semana, o Dow Jones subiu 1,43%; o S&P 500, 1,38% e o Nasdaq, 1,12%.

Bolsas da Europa

As bolsas europeias fecharam mistas nesta sexta-feira (2) após reduzirem a alta no decorrer do pregão depois que o payroll acima do esperado nos EUA diminuiu ainda mais a probabilidade de o início de alívio monetário em março.

Em Londres, o FTSE-100 cedeu 0,09%%, aos 7.615,54 pontos. No continente, o DAX, de Frankfurt, subiu 0,35%, aos 16.918,21 pontos, enquanto o CAC-40, de Paris, teve variação de +0,05%, aos 7.592,26 pontos. O FTSE MIB, em Milão, subiu 0,09%, aos 30.717,95 pontos.

Por fim, em Madri, o Ibex-35 conseguiu se descolar do clima cauteloso e subiu 0,48%, aos 10.062,50 pontos. O PSI-20, de Lisboa, cedeu 0,45%, a 6.257,38 pontos.

Payroll impacta a bolsa de valores hoje

O payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos, divulgado na manhã desta sexta pelo US Bureau of Labour, mostrou aumento de 353 mil novos postos de trabalho em janeiro. Dessa maneira, o payroll vem bem acima do esperado e impacta negativamente o desempenho da bolsa de valores hoje.

A estimativa do mercado era de 185 mil postos de trabalho criados no período. Em dezembro, a criação de postos de trabalho foi de 216 mil.

Com isso, em janeiro, a taxa de desemprego manteve-se em 3,7%.

Produção industrial no Brasil também movimenta Ibovespa

A produção industrial subiu 1,1% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal, divulgou na manhã desta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Assim, o resultado veio no teto das projeções de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,3% a alta de 1,1% com mediana positiva de 0,2%.

Em relação a dezembro de 2022, a produção industrial subiu 1,0%, de acordo com o IBGE. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um recuo de 1,8%% a alta de 1,2%, com mediana negativa de 0,3%.

Com isso, os juros futuros operavam ao redor da estabilidade na manhã. Às 9h20 desta sexta, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 batia mínima de 9,925%, de 9,934%, e o para janeiro de 2027 estava na mínima de 9,735%, de 9,748% no ajuste anterior.

Nesse sentido, o DI para janeiro de 2029 marcava 10,170%, de 10,188% no ajuste de quinta-feira. O juro da T-note de 10 anos avançava a 3,874% (ante 3,856%) e o o T-bond de 30 anos batia mínima de 4,097% (ante 4,096%).

Com informações do Estadão Conteúdo