Azul e Gol têm alta após fusão; o que esperar agora das ações?

Ações da Azul e da Gol se destacam no pregão depois do anúncio da fusão

Empresas citadas na reportagem:

As ações da Azul e da Gol fecharam em alta na bolsa de valores nesta quinta-feira após o anúncio da fusão entre as companhias. A AZUL4 avançou 3,63% e a GOLL4, 4,29%.

Analistas e bancos consultados pela Inteligência Financeira enxergam a fusão como positiva para as empresas. Contudo, há questões que podem atrapalhar o desempenho das ações.

Além disso, vale destacar que os agentes enxergam a fusão mais favorável à Azul do que à Gol. Ao menos enquanto as sinergias entre as companhias ainda estão sendo calculadas pelo mercado.

Preço-alvo e recomendação

A Gol segue preterida pelo mercado, com pouca cobertura. Por outro lado, Santander e Goldman Sachs emitiram relatórios sobre a Azul (AZUL4).

O Santander tem recomendação de compra para as ações da Azul e avalia que a empresa vai bater R$ 6 em valor do papel. Hoje, a ação sobe a R$ 4,58.

Já o Goldman Sachs tem avaliação neutra para os papéis da Azul.

Nenhum dos dois bancos têm cobertura para a Gol (GOLL4).

Marcas devem conseguir melhorar preços e otimizar serviços

Os analistas mencionam que podem emergir sinergias importantes entre as empresas. Além disso, o crescimento da companhia com as duas marcas vai permitir melhor precificação e otimização dos serviços.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a Azul é a empresa que mais se beneficia na questão operacional porque a Gol, por ser uma empresa mais antiga, tem posições importantes em aeroportos de destaque, como o de Congonhas.

Contudo, ele aponta que a empresa que surge da fusão deve seguir sofrendo com problemas antigos do setor.

“As companhias aqui no Brasil estão em um momento muito desafiador por terem a maior parte dos seus custos em dólar, como o leasing e o combustível, e boa parte da receita em reais. Por isso essas companhias vivem pressionadas”, alerta.

Alta de GOLL4 e AZUL4 ‘pode ser limitada’, diz analista

Nesse sentido, Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, também faz algumas ponderações. Para ele, a transação pode ter um impacto positivo nas ações, principalmente devido à criação de uma companhia maior e mais competitiva.

Contudo, a aprovação regulatória do CADE e a evolução da recuperação judicial da Gol são fatores de risco. A combinação das empresas pode gerar benefícios, mas o caminho regulatório e financeiro precisa ser monitorado de perto.

“A fusão entre Azul e Gol pode gerar otimismo no curto prazo, com ambas as ações (AZUL4 e GOLL4) potencialmente apresentando valorização, devido ao fortalecimento do mercado e à expectativa de sinergias. No entanto, a alta pode ser limitada por fatores já precificados e a volatilidade por conta das incertezas regulatórias e financeiras pode levar a correções”, afirma.

Perigo para a AZUL4

Felipe Papini, sócio da One Investimentos, destaca que a Azul tem maior potencial de ser mais beneficiada pela fusão com a Gol. Mas a fusão pode aumentar o endividamento de forma perigosa se as sinergias não forem capturadas de maneira eficiente ou se houver dificuldades econômicas externas.

“No entanto, os executivos parecem cientes desse risco, uma vez que o memorando de entendimentos menciona que a alavancagem líquida da nova companhia deve ser equivalente a da Gol antes do fechamento da operação, sinalizando um compromisso com a disciplina financeira”, avalia Papini.

João Daronco, analista da Suno Research, diz que as empresas de aviação têm por características operarem alavancadas. Isso não diminui os riscos para a Azul. Ao contrário, podem ter efeito bastante deletério no curto prazo se o cenário se mostrar mais desafiador, com destaque para um dólar forte.

“A questão da alavancagem exige ainda mais atenção quando o assunto é o setor aéreo. É algo que tem que ser levado bastante em conta”, diz.  

Nova companhia, duas marcas

A nova companhia deve operar com as duas marcas. Assim, Azul e Gol continuarão operando de forma independente.

Contudo, a fusão permitirá que aeronaves de uma companhia realizem voos da outra, aumentando a conectividade entre grandes cidades e destinos mais afastados.

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