Vale (VALE3) mostra produção menor e aumento de vendas no 1º trimestre

Confira os números e o que o mercado financeiro achou da prévia operacional da mineradora

Empresas citadas na reportagem:

Os resultados operacionais da Vale (VALE3) no 1º trimestre de 2025 foram considerados neutros pela XP, com o aumento nos embarques de minério de ferro sendo compensados por um mix de produtos e prêmios mais fracos.

O banco aponta que a melhora nos embarques de minério de ferros foi impulsionada pela venda de estoques formados nos trimestres anteriores, apesar da contribuição mais fraca do Sistema Norte, que foi prejudicada por chuvas mais fortes no começo deste ano.

Por outro lado, os preços realizados do minério de ferro caíram diante dos teores mais baixos e dos prêmios menores praticados pelo mercado.

Sobre o segmento de cobre, o banco destaca as maiores produções em Salobo e Sossego no primeiro trimestre ajudaram na recuperação dos resultados.

A XP mantém a sua recomendação neutra sobre as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 66.

Citi: números dentro do esperado

Para o Citi, a Vale teve resultados operacionais em linha com o esperado no primeiro trimestre, com a produção sendo afetada pela sazonalidade típica do período e bom desempenho de vendas.

Os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott escrevem que a produção de 68 milhões de toneladas, contra estimativa deles de 70 milhões de toneladas, enquanto as vendas de 67 milhões de toneladas ficaram acima a projeção de 64 milhões de toneladas.

O banco destaca que o preço realizado de US$ 91 a tonelada foi um pouco menor que os US$ 93 a tonelada que esperavam, enquanto a produção de cobre e níquel na unidade de metais básicos superou expectativas.

O Citi tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo em US$ 12 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 31,4% sobre a cotação antes da abertura do mercado nesta quarta-feira (16).

Bradesco BBI: números robustos

A Vale mostrou um conjunto de números operacionais robustos no primeiro trimestre, com o bom desempenho de produção mesmo com efeitos sazonais climáticos e de otimização de portfólio, diz o Bradesco BBI.

Os analistas liderados por Rafael Barcellos escrevem que a produção de 67,7 milhões de toneladas e as vendas de 66,1 milhões de toneladas ficaram em linha com as estimativas.

Juntamente com a bom desempenho em metais básicos, o banco destaca que os números operacionais apoiam a estimativa de Ebitda de US$ 3,1 bilhões para o primeiro trimestre, o que implicaria em queda de 10% no ano.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo em US$ 13 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 42,4% sobre o fechamento da véspera.

Por dentro da produção da Vale no 1º trimestre

A Vale (VALE3) fechou o primeiro trimestre de 2025 com produção de minério de ferro de 67,664 milhões de toneladas, uma queda de 4,5% frente a igual período do ano anterior. Já a produção de pelotas caiu 15,2% na mesma comparação, para 7,183 milhões de toneladas.

Os dados constam do relatório de produção e vendas do primeiro trimestre, divulgado na noite de terça-feira (15) pela empresa.

No comunicado enviado ao mercado, a mineradora informou que a produção no Sistema Norte foi 900 mil toneladas menor que no primeiro trimestre do ano passado devido às restrições de licenciamento já previstas no plano de produção. Além disso, houve níveis mais elevados de chuva nos três primeiros meses deste ano.

Segundo a companhia, esses efeitos negativos foram parcialmente compensados pelo “sólido” desempenho operacional do S11D, que atingiu a maior produção para um primeiro trimestre.

No Sistema Sudeste, a produção foi 1,2 milhão de toneladas menor que nos três primeiros meses de 2024 devido a uma manutenção corretiva de 49 dias na planta de Cauê, que impactou a produção de Itabira.

A Vale ressaltou que essa queda foi parcialmente compensada por melhor desempenho em Fazendão, como resultado de melhorias implementadas na planta de processamento ao longo de 2024, e por maiores compras de terceiros.

Além disso, a empresa informou que o projeto Capanema está em fase de “ramp-up”, dentro do cronograma, e deve atingir sua capacidade total no primeiro trimestre de 2026.

No Sistema Sul a produção foi 1,1 milhão de toneladas menor frente ao primeiro trimestre do ano passado devido, principalmente, ao plano de priorizar a produção de itens de maior margem em resposta às atuais condições de mercado.

A Vale também ressaltou que o “ramp-up” do projeto VGR1 continua avançando e espera-se que seja concluído no segundo trimestre de 2026.

Em pelotas, a produção foi 1,3 milhão de toneladas menor na mesma comparação devido à menor produção nas plantas de Tubarão, decorrente da menor disponibilidade de “pellet feed” em Itabira e ao aumento dos níveis de chuva no Sistema Norte, que impactou o nível de umidade do “pellet feed” e, consequentemente, o desempenho da planta de São Luis.

Vendas e preço médio

As vendas de finos de minério de ferro da Vale no primeiro trimestre somaram 56,7 milhões de toneladas, uma alta de 8% frente a igual período do ano anterior. Já as vendas de pelotas caíram 18,8% na mesma comparação, para 7,4 milhões de toneladas.

Segundo a Vale, as vendas de finos de minério de ferro aumentaram suportadas pela venda de estoques avançados formados em trimestres anteriores, para compensar as restrições de embarque no Sistema Norte devido às chuvas.

“Dadas as condições atuais de mercado, a Vale tem priorizado ofertar produtos de teor médio, como nossos produtos ‘blendados’ e produtos concentrados na China, visando maximizar a geração de valor do nosso portfólio”, diz a companhia no relatório.

O prêmio all-in totalizou US$ 1,80 por tonelada.

As vendas de níquel da empresa no primeiro trimestre de 2025 foram de 38,9 mil toneladas, uma alta de 17,5% frente a igual período do ano anterior. Segundo a Vale, as vendas de níquel no primeiro trimestre ficaram abaixo da produção devido à formação de estoques para atender às vendas durante a manutenção planejada nas refinarias canadenses no segundo trimestre.

No cobre, as vendas somaram 81,9 mil toneladas no primeiro trimestre, avanço de 6,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2024. Segundo a mineradora, as vendas ficaram em linha com o aumento de produção.

O preço médio realizado pela Vale nas vendas de finos de minério de ferro no primeiro trimestre ficou em US$ 90,8 por tonelada, uma queda de 9,8% frente a igual período do ano anterior. Nas pelotas, o preço médio no mesmo período ficou em US$ 140,8 por tonelada, uma queda de 18,1% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Segundo a companhia, as quedas se explicam pelos prêmios menores.

O relatório de produção e vendas da empresa mostra que o preço médio realizado pela mineradora nas vendas de cobre foi de US$ 8.891 por tonelada no primeiro trimestre, uma alta de 15,7% frente a igual período do ano passado.

No níquel, o preço médio realizado no primeiro trimestre foi de US$ 16.106 por tonelada, recuo de 4,4% ante o primeiro trimestre do ano passado por conta da cotação mais baixa, segundo a mineradora.

Com informações do Valor Econômico

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