OceanPact (OPCT3): Ainda vale investir na empresa que disparou na Bolsa após vencer a Petrobras na Justiça?

Papéis da OceanPact subiram na Bolsa depois que a empresa venceu a Petrobras na Justiça em um processo de R$ 400 milhões

A bolsa de valores teve uma surpreendente empresa vitoriosa nos últimos dias. As ações da OceanPact (OPCT3), empresa de engenharia ambiental, teve uma valorização de mais de 11% na última quarta-feira (14). A alta veio depois de concluída uma etapa do embate com a Petrobras na Justiça.

A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro recusou uma apelação feita pela Petrobras (PETR3; PETR4). Com a decisão, a estatal terá que pagar R$ 400 milhões à OceanPact, valor que corresponde a 76% do valor de mercado da empresa de soluções em sustentabilidade.

Ainda assim, a Petrobras pode recorrer da decisão ou negociar diretamente com a empresa o abatimento desse valor.

O que a OceanPact (OPCT3) faz  

Antes de mais nada, vale entender o que a OceanPact faz. Ela é uma empresa brasileira de serviços para o uso sustentável do mar, do litoral e dos recursos marinhos, atuando em três áreas principais: meio ambiente, operações submarinas e logística e engenharia.

Fundada em 2008, ela teve seu primeiro contrato com uma empresa do setor de petróleo. Logo depois, em 2009, atuou na contenção do derramamento de óleo no Golfo do México. Em seguida, em 2011, atuou na resposta à emergência o Campo de Frade, na Bacia de Campos.

A empresa atuou, entre 2015 e 2016, no desastre ambiental de Mariana e, entre 2019 e 2020, em Brumadinho. As tragédias ambientais tiveram a Vale (VALE3) como protagonista.

Nos últimos anos, a OceanPact colocou em prática uma expansão de suas operações por meio da aquisição de empresas como MMB, Servimar e Gardline.

Ademais, a empresa vê potencial no uso dos oceanos como gerador de energia renovável pelas próximas décadas, com a possibilidade de os oceanos gerarem 40 vezes mais energia renovável que a gerada hoje, e ser responsável pela criação de 12 milhões de empregos na próxima década, segundo projeções da ONU.

Parceria com a Petrobras

Hoje, a OceanPact tem a Petrobras como principal cliente, apesar de atender outras empresas internacionais do setor de petróleo.

Em 2015, a empresa construiu duas embarcações para atuar em projeto em parceria com a Petrobras, relação da qual avançou o conflito judicial que resultou na vitória da empresa de engenharia ambiental.

Durante a parceria, a estatal descumpriu regras de circulação de bandeira estrangeira relacionadas às embarcações, segundo decisão unânime da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Futuro da empresa

Fora o valor que pode ser injetado na empresa por conta da multa a ser paga pela Petrobras, a OceanPact tem boas possibilidades, segundo os analistas. Ela pode ser beneficiada por um retorno dos investimentos públicos nas indústrias naval e petrolífera, algo que não aconteceu nos últimos anos.

Da mesma forma, a empresa pode ser favorecida pela linha de atuação do governo Lula, mais adepto a gastos públicos em setores estratégicos, como petróleo e gás.

“Acreditamos na recuperação desses mercados (naval e petrolífero), pois viemos de um longo período com pouca construção de novos barcos e pouco investimento na indústria do petróleo”, diz Phil Soares, analista da Órama.

Ele diz que parte do crescimento deve ser impulsionado também pela perspectiva de aumento do preço do petróleo e da demanda.

“Conforme os preços dos combustíveis fósseis se recuperam, a demanda por essas embarcações deve subir. E com o mercado não dando conta de atender os preços solicitados, deve ter cada vez mais licitações novas, com aumento dos preços”, diz.

Ainda vale a pena investir?

A OceanPact tem em seu balanço um número que pesa contra o investidor, que é a alta alavancagem, ou seja, uma boa parte da receita é destinada ao pagamento de dívidas, o que pode ser um problema para quem investe.

“O que pesa contra é um endividamento muito alto, e, por isso, as ações não são muito líquidas. Diante disso, em um momento difícil da Bolsa, o investidor não compra ações desse tipo, porque se ele tiver que sair rápido, ele não consegue vender o papel”, alerta Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.

Ainda assim, a empresa tem pontos positivos que podem render lucro aos investidores. Ela vem melhorando suas receitas e margem de lucro, e as perspectivas sobre elas são boas, diz Bresciani. Ele completa dizendo que as ações estão baratas e que, mesmo com os ganhos dos últimos dias, esta pode ser uma boa oportunidade para entrar.

“A gente vai ter um governo mais proativo no meio ambiente. Com isso, a empresa vai ser bem vista porque tende a ser um dos raros ativos da Bolsa voltados só para isso (engenharia ambiental)”, explica.  

Ainda assim, ele disse que a empresa deve sofrer com as variações nos próximos meses diante de um cenário político incerto.

Mas, passadas as nomeações de ministros, o movimento pode ser de nova alta, “com discursos mais proativos de mercado e planos de crescimento que envolvem parcerias público-privadas (PPPs). As ações devem vingar novamente a partir de fevereiro ou março”, diz.

“Em síntese, quem comprar agora, vai precisar segurar”, conclui o analista.

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