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Ação do Magazine Luiza (MGLU3) tem alta em novembro; e pode ter espaço para mais
Empresas citadas na reportagem:
O Magazine Luiza (MGLU3) vive uma ascensão na bolsa de valores em novembro. No mês, a ação acumula alta de 66,92%, contrastando com perdas de 18,61% em 2023. Os dados são do Broadcast.
A valorização das ações da companhia pode ser explicada de duas maneiras. Investidores, que operavam vendidos, recompraram a ação (leia ‘Short squeeze’ mais abaixo), para evitar maiores perdas após o balanço da empresa ter vindo acima da expectativa.
Houve também otimismo com o cenário macroeconômico que jogou a favor do Magalu. Em evento, no começo do mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que “o diferencial de juros do Brasil com os Estados Unidos ainda é alto e não limita muito o nosso espaço [de cortes na Selic]”. O mercado interpretou que o ciclo de cortes na Selic deve continuar.
Como efeito, as ações ligadas à economia doméstica, como é o caso do Magalu, mais sensíveis aos juros altos, lideraram os ganhos nos últimos dias.
Ações de Magazine Luiza (MGLU3) em alta na bolsa de valores
Nesta semana, o Magazine Luiza divulgou uma bola curva nos resultados financeiros do terceiro trimestre. Em meio a bons números operacionais, com margens estáveis e aumento de receita bruta, a varejista concluiu que tinha déficit de R$ 322 milhões no caixa.
A conclusão veio a partir da investigação de inconsistências contábeis na ordem de R$ 830 milhões em bônus a fornecedores.
Com a conclusão da investigação, o mercado decidiu ‘passar para a próxima página’ nas ações do Magazine Luiza (MGLU3). Um dia após a divulgação dos resultados, o papel chegou a cair 10%, mas reverteu para encerrar o pregão em alta de 1,73%.
No dia seguinte, na quinta-feira (16), a ação decolou 24,43%. Analistas avaliaram que o papel surfou uma maré de notícias positivas, tanto no exterior quanto no mercado doméstico. Os números apresentados no terceiro trimestre ajudaram a companhia (MGLU3) a levantar voo no Ibovespa.
‘Short squeeze’ ajudou alta de ação do Magalu no Ibovespa
João Tonello, analista da Benndorf Research, nota que houve um fluxo de negociações muito grande envolvendo o papel do Magazine Luiza (MGLU3) no dia em que o resultado foi divulgado.
O mercado tinha expectativa de que os números do Magalu viessem ruins. Por isso, os investidores apostaram na queda do papel, sentimento que foi revertido pelo resultado acima do esperado.
“Na prática, o resultado veio positivo enquanto a inconsistência (contábil) foi muito menos impactante do que se esperava”, afirma Tonello.
A surpresa dos investidores, neste caso, levou a um ‘short squeeze‘. Ou seja, quem estava vendido no aluguel de ações do Magazine Luiza (MGLU3), apostando em desvalorização, teve que recomprar o papel para diminuir o prejuízo. A maior demanda catapultou o valor do Magalu na bolsa.
“Quem estava short no papel teve que comprar MGLU3″, afirma Tonello.
Para Fernando Breaciane, analista do ANDBank, o movimento de short squeeze em Magalu veio também do investidor estrangeiro.
O marketplace pode sustentar MGLU3 na bolsa de valores?
A varejista dos Trajano apresentou, de acordo com analistas ouvidos pela Inteligência Financeira, resultados acima do esperado nas estimativas do mercado.
A margem de Ebitda (lucro antes de impostos, dívida, depreciação e amortização) da empresa, por exemplo, veio estável, saindo de 5,6% para 5,7%. O mercado esperava uma queda. A margem bruta do Magalu, de 30,4%, veio 1,1 ponto percentual acima da estimativa do Itaú BBA.
Um ponto de destaque entre os analistas foi o crescimento de receita via vendas do marketplace (3P). A plataforma de vendedores terceiros chegou a um aumento de 25% na receita da empresa, um volume de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre ante R$ 3,5 bilhões na base anual.
Para Fernando Breaciane, do ANDBank, o foco no modelo de negócio 3P “agrada o mercado” por ser tendência entre varejistas maiores, principalmente competidoras internacionais. Mercado Livre e as asiáticas Shopee e AliExpress, por exemplo, utilizam terceiros para venderem no país.
“Agrada o mercado porque esta é a tendência. Ela tem que concorrer com Shopee, Mercado Livre, até porque todo mundo vai se dar bem com juros caindo”, diz. Para ele, a Black Friday será um termômetro e deve testar a capacidade do Magalu de se desfazer do estoque de R$ 7 bilhões.
Mesmo assim, para Renato Reis, analista da DV Invest, o marketplace do Magazine Luiza “ainda é pequeno” dentro do mercado total. “A plataforma cresce em ritmo violento como tudo do Magalu, mas vai bater em uma barreira. Quando isso acontecer, a varejista deve tentar ‘roubar’ o cliente das concorrentes”, comenta.
Reis afirma, contudo, que o marketplace traz um viés de crescimento para as vendas de mesma loja do Magalu. “O Magazine Luiza está tomando o espaço digital de outras concorrentes, como Casas Bahia”, completa. O indicador de vendas em mesmas lojas teve o digital na liderança, com aumento de 5,7%. Nas lojas físicas, o avanço foi de 2,9%.
Vale a pena investir em Magazine Luiza (MGLU3)?
Analistas afirmam que o Magalu pode estar na ponta que mais se beneficia com os cortes de juros em 2024. A ação do Magazine Luiza (MGLU3) pode ter gatilhos que a levem para preços ainda maiores.
Comparada a concorrentes do varejo de consumo, como Casas Bahia e Americanas, a ação (MGLU3) é a mais bem posicionada para aproveitar a queda na Selic, afirma Tonello, da Benndorf.
Reis faz coro ao analista e aponta que, no setor de varejo de consumo brasileiro, os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) apresentam melhor tese de investimento. Contudo, analistas também apontam preferência pela ação do Mercado Livre (MELI34) na carteira no lugar da ordinária de Magalu.
“No varejo mais amplo, a barreira de entrada ampla é diferencial”, diz Reis. “Gosto de ações do setor de supermercados, a SFB (SFBG3) tem monopólio da marca Nike no Brasil, por exemplo.”
Breaciane, por sua vez, tem preferência pelos papéis de Assaí (ASSAI3). “Hoje prefiro o varejo de alta renda: shoppings como Iguatemi (IGTI4), Multiplan (MULT3), ou marcas como Arezzo (ARZZ3), cujos segmentos vêm enfrentando facilidade nas vendas.”
Mas o ciclo de mercado de corte de juros no Brasil e desinflação nos Estados Unidos, citados pelo analista como benéficos para o varejo, podem fazer a ação ganhar espaço.
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