Ações da Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, têm forte alta na bolsa, mesmo após divulgação de prejuízo no 1º tri

Primeiro tri revelou ambiente desafiador para crescimento de receita, diz a empresa

As ações da Alpargatas (ALPA4) sobem 6,90% por volta das 11h40 desta sexta-feira (5), após a apresentação dos resultados trimestrais da empresa, divulgado nesta manhã. Com a alta, os papéis batem cotação de R$ 8,21.

Segundo comentários da empresa que acompanham seu informe de resultados, o primeiro trimestre revelou um ambiente desafiador para crescimento de receita, reforçando a necessidade de execução das iniciativas que buscam melhoria de rentabilidade.

Prejuízo

A companhia registrou prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 199,5 milhões no primeiro trimestre de 2023, revertendo o lucro de R$ 32,9 milhões do mesmo período de 2022. O lucro consolidado atingiu R$ 199,7 milhões, contra o lucro de R$ 20,8 milhões do ano passado.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou negativo em R$ 211 milhões nos primeiros três meses de 2023, revertendo o resultado positivo de R$ 144,4 milhões reportado um ano antes. A margem Ebitda, por sua vez, ficou negativa em 23,4%, contra margem positiva de 15,6% no primeiro trimestre de 2022.

Receitas

A receita líquida caiu 2,7% na comparação anual entre trimestres, totalizando R$ 902,5 milhões de janeiro a março de 2023. O custo dos produtos vendidos apresentou aumento de 5,8% no primeiro trimestre deste ano ante 2022 e atingiu R$ 513,6 milhões.

A receita de vendas totais da marca Havaianas encolheu 1,5%, para R$ 894 milhões, com crescimento de 13,7% na receita líquida por par, mas queda de 13,4% em volumes, para 48,2 milhões de pares. No Brasil, a receita da marca cresceu 1,6%, para R$ 575,3 milhões, enquanto as vendas internacionais caíram 6,8%, para R$ 318,9 milhões.

A receita da Rothy’s atingiu US$ 31,2 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 3% ante o mesmo período do ano passado. A margem bruta teve um avanço de 2,6 pontos, para 55,4%, beneficiada pelo menor custo logístico devido à queda do custo unitário de frete e maior relevância de frete marítimo.

Estratégia de preço para 2023

A estratégia de preço da Alpargatas para 2023 deve balancear a redução das campanhas promocionais e um preço ainda competitivo ao consumidor final. A companhia, que divulgou ontem seus números do primeiro trimestre, realizou há pouco teleconferência de resultados.

A diretoria do grupo ressaltou que a Havaianas “é um produto durável, mas também de moda”. Desta forma, a política de preços deve permitir que o consumidor troque regularmente seus pares, de acordo com o lançamento das novas coleções.

“A elasticidade de demanda é baixa, mas ela existe”, afirmou o diretor-presidente Luiz Ziegler. O executivo, até abril membro do conselho de administração, assumiu o cargo interinamente após a renúncia de Roberto Funari.

De acordo com a diretoria, porém, não haverá “uma busca insana por volume”, com patamares agressivos de campanhas promocionais. A expectativa é de que o preço por par suba, refletindo o mix de receita e o ajuste de promoções.

Inflação no radar

Já a inflação não deve ser um fator para novos aumentos de preços, de acordo com a diretoria. A Alpargatas destaca que, após um forte crescimento nos volumes de estoque por causa da guerra da Ucrânia, os preços de matéria-prima vêm caindo.

Além disso, a Alpargatas afirma que realizou ajustes nos custos fixos de produção, o que também permitirá um maior controle de inflação em 2023.

Os executivos destacaram ainda que a Havaianas facilita a entrada da Alpargatas em mercados internacionais. A companhia, porém, observou que “não dá para atacar todos os mercados do mundo ao mesmo tempo”, e que o foco será nas operações dos Estados Unidos e da Europa.

“É inegável que tivemos resultados muito ruins no primeiro trimestre, mas temos potencial e com foco os resultados vão evoluir”, afirmou o diretor-presidente.

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